Com a ajuda da modelagem 3D e de aprendizagem de máquina, os
cientistas acreditam ter resolvido o mistério dos pequenos terremotos
que invadiram regularmente Cahuilla, na Califórnia, do início de 2016 ao
final de 2019 – um período de quase quatro anos.
De acordo com o ScienceAlert, um tipo de fluido natural,
como água ou dióxido de carbono líquido, pode ser o responsável para o
enxame de terramotos da Califórnia. O fluido terá rompido uma barreira
na rocha subterrânea, alterando o equilíbrio de pressão e atrito ao
longo da zona de falha e levando a uma longa série de tremores menores.
“Costumávamos pensar em falhas mais em termos de duas dimensões: como fendas gigantes que se estendiam para a Terra”, disse Zachary Ross, geofísico do Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech), em comunicado.
“O que estamos aprendendo é que é preciso entender a falha em três
dimensões para obter uma imagem clara de por que os enxames de
terramotos ocorrem”.
Usando redes neurais – modelos de Inteligência Artificial ponderados
que imitam o cérebro humano na forma como os seus nós ou “neurónios” se
interconectam -, Ross e os seus colegas processaram mais de 22 mil eventos sísmicos,
variando em magnitude de 0,7 a 4,4. A análise revelou uma linha de
falha complexa e estreita em 3D, que se estendia por cerca de oito
quilómetros.
O modelo mostrou a presença provável de um reservatório subterrâneo, inicialmente cortado da zona de falha antes de vazar e acionar os tremores.
Enxames como este normalmente não incluem grandes terramotos e são
muito menos previsíveis do que os grandes terramotos, que geralmente
começam com um choque significativo que é seguido por tremores
secundários que diminuem lentamente.
O que torna este enxame interessante é o facto de ter durado tanto tempo – quase como um enxame em câmera lenta.
Outros enxames podem durar dias, semanas ou meses. Agora, o enxame está
a diminuir, possivelmente porque o fluido atingiu uma barreira
impermeável.
O próximo passo é testar a técnica de modelagem noutros locais mais
distantes, como no sul da Califórnia, para perceber se as injeções
fluidos naturais são responsáveis por mais enxames de terramotos.
“Estas observações aproximam-nos de fornecer explicações concretas sobre como e por que os enxames de terramotos começam, crescem e terminam“, explicou Ross.
Estas técnicas, cujas conclusoões foram publicadas este mês na revista científica Science,
podem ser vitais para a compreensão e previsão de terramotos no futuro –
grandes ou pequenos enxames, como o que aconteceu em Cahuilla.
https://zap.aeiou.pt/4-anos-california-invadida-um-enxame-terramotos-ja-sabe-331303
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