Cientistas da EcoHealth Alliance e do Instituto Wuhan de
Virologia descobriram “centenas” de novos coronavírus em morcegos na
China, alguns com um “alto potencial de transmissão entre espécies”.
Segundo noticiou esta sexta-feira o Diário de Notícias, citando o País, para chegar a essa conclusão a equipa realizou mais de 1200 sequências genéticas nos coronavírus encontrados nestes animais e identificaram 630 novos.
O ecologista boliviano da EcoHealth Alliance – organização
internacional com sede em Nova Iorque, que investiga doenças emergentes
com origem na natureza -, Carlos Zambrana, explicou que “o sudoeste da
China é um centro de diversidade” deste vírus. “É muito provável que
vejamos novas pandemia no futuro”, afirmou.
Os cientistas recolheram amostras de milhares de morcegos, de 15
províncias chinesas. Mas 630 novas sequências genéticas descobertas não
correspondem necessariamente a 630 novas espécies de coronavírus,
explicou o País. Zambrana acredita, contudo, que há possivelmente “centenas” de patógenos desconhecidos.
A investigação, cujos resultados serão publicados na Nature Communications,
sugere que é o grupo de alfa-coronavírus que tem mais facilidade na
transmissão entre espécies. Devido a isso, aconselham a procura de novos
coronavírus em morcegos não só no sul da China, mas também em países
vizinhos como Myanmar, Laos e Vietname.
Neste estudo, a equipa aponta a espécie de morcegos-ferradura como
sendo provavelmente o principal reservatório do SARS, vírus semelhante
ao da covid-19 que surgiu em 2002 na China e matou cerca de 800 pessoas.
“Presume-se que os morcegos sejam reservatórios de diversos
coronavírus (CoVs), incluindo progenitores da Síndrome Respiratória
Aguda Grave (SARS) -CoV e SARS-CoV-2, o agente causador do COVID-19”,
lê-se no trabalho de investigação.
Mas Zambrana defendeu: “Os morcegos não devem ser responsabilizados.
Eles são ótimos para os ecossistemas. Se gosta de tequila, deve
agradecer aos morcegos, porque eles são os polinizadores da planta com a
qual a tequila é feita”.
Estes mamíferos são responsáveis pela “polinização de plantas,
controlam pragas agrícolas e comem toneladas de mosquitos que transmitem
doenças, como malária, dengue ou Zika”, frisou o zoólogo Javier Juste,
da Estação Biológica de Donana, em Sevilha. “Os benefícios que os morcegos trazem para os ecossistemas são, de longe, muito maiores do que os possíveis riscos”, garantiu.
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