Um grupo de astrofísicos da Alemanha detetou várias estrelas
desconhecidas muito próximas do buraco negro supermassivo no centro da
nossa galáxia, Sagitário A*, e dizem que uma delas é a estrela mais
rápida já vista.
A estrela, designada S4714, está numa órbita muito
alongada em torno do buraco negro supermassivo da Via Lácte e, quando se
aproxima, acelera até 24 mil quilómetros por segundo – 8% da velocidade
da luz.
A nova descoberta faz parte de uma “população de estrelas difusas que
podem ser encontradas a distâncias de Sagitário A* comparáveis ao
tamanho do nosso sistema solar”, de acordo com os investigadores.
As cinco estrelas que os autores relatam ter avistado recentemente no centro da galáxia têm períodos orbitais curtos,
começando em 7,6 anos terrestres. Todos elas medem entre 2,0 e 2,8
massas solares e estão no limite de deteção devido às suas pequenas
dimensões e à distância que nos separa do centro da Via Láctea (cerca de
25.900 anos-luz).
S4714 gira em torno do buraco negro em cerca de 12 anos:
não é o período orbital mais curto de todo o grupo, mas destaca a sua
órbita, que é extremamente excêntrica e representa uma elipse muito
alongada. Numa escala de 0 a 1, essa excentricidade tem o valor 0,985,
dificilmente compatível com uma órbita estável.
Vários anos de observações do Chile, onde está localizado o
telescópio VLT do Observatório Europeu do Sul, mostraram que a certa
altura a estrela passa a 1,9 mil milhões de quilómetros do buraco negro e
é então que acelera ao máximo. A velocidade cai enquanto o S4714 se move até 250 mil milhões de quilómetros do buraco negro.
Durante anos, outra estrela, conhecida como S2 e uma das mais
brilhantes do mesmo aglomerado de estrelas, foi considerada a mais
próxima do buraco negro supermassivo. No momento da sua abordagem mais
próxima, a sua órbita fica a cerca de 10 mil milhões de quilómetros do
Sagitário A*.
Os cientistas apontam para esta estrela, um novo recorde de
velocidade espacial, como um dos “candidatos perfeitos” para a
observação de efeitos gravitacionais.
O primeiro autor do estudo, Florian Peissker, da Universidade de Colónia, falou, ao ScienceAlert,
sobre as “interações relativísticas” muito fortes entre o buraco negro e
três das estrelas observadas neste estudo. Além disso, apontou S4714
como um candidato para uma nova e, até agora, hipotética categoria de
estrelas “comprimida” por tais interações.
https://zap.aeiou.pt/estrela-veloz-via-lactea-buraco-negro-341080
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