Novas observações confirmaram uma teoria com 30 anos que
defende que o campo magnético produzido por estrelas bebé são a chave
para o seu crescimento.
Os investigadores observaram a forma como o gás e a poeira ao redor
da estrela seguiam linhas magnéticas para cair na superfície estelar. Os
resultados foram possíveis graças ao instrumento GRAVITY no Very Large Telescope, no Chile.
A estrela em questão é conhecida como TW Hydrae, parte da classe de estrelas T Tauri. Tem cerca de 80% da massa do Sol, mas tem menos de 10 milhões de anos.
“Esta estrela é especial porque está muito perto da Terra, a apenas
196 anos-luz de distância, e o disco de matéria ao redor da estrela está
diretamente voltado para nós”, disse a principal autora do estudo Rebeca García López, do Max Planck Institute for Astronomy, Dublin Institute for Advanced Studies e University College Dublin, em comunicado.
“Isso torna-a um candidato ideal para sondar como a matéria de um disco
formador de planetas é canalizada para a superfície estelar.”
As estrelas formam-se pelo colapso gravitacional dentro das
nebulosas, grandes nuvens feitas principalmente de hidrogénio. O colapso
cria a condição certa para o núcleo da estrela iniciar a fusão nuclear e
fazer o corpo celeste recém-formado girar.
Esta rotação tem consequências importantes que se estendem além da
estrela para a poeira e gás próximos. A rotação achata a nebulosa num
disco e, de forma contrária, torna muito mais difícil para o material chegar à estrela.
O material orbital não pode ser desviado para a estrela pela
gravidade, uma vez que se está a mover muito rápido. Para que isso
aconteça, é necessário desacelerar, que é o papel que o campo magnético
desempenha – conhecido como acreção magnetosférica.
O GRAVITY mostrou que o campo magnético canaliza gás e poeira para a estrela.
“Os campos magnéticos podem ser muito mais complicados e ter pólos adicionais”, explicou Thomas Henning,
diretor da MPIA. “Os campos também podem mudar com o tempo, o que é
parte de uma suposta explicação para as variações de brilho das estrelas
T Tauri.”
A equipa pretende continuar a monitorizar a estrela para entender se e
como o campo magnético muda, bem como determinar se é um simples dínamo
com pólos norte e sul ou algo mais complexo.
Este estudo foi publicado este mês na revista científica Nature.
https://zap.aeiou.pt/astronomos-alimentam-as-estrelas-bebe-342854
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