Um mistério que sempre intrigou astrofísicos é a (aparente) falta de
amônia em Júpiter. A sonda Juno, em órbita do planeta desde 2016, achou a
resposta ao detectar um novo tipo de raio por lá: ela está presa no
interior de bolas de lama (mushballs) congeladas (visíveis no centro da imagem acima).
Desde que a missão Voyager da NASA
detectou relâmpagos jovianos em 1979, pensou-se que eles se formavam
como na Terra: água líquida e gelo interagindo e acumulando carga
elétrica. Mas os raios observados pela Juno mostraram que eles se formam
na atmosfera alta de Júpiter, que é fria demais para ter água líquida.
"As fortes tempestades arremessam cristais de gelo a mais de 25
quilômetros acima das nuvens de água de Júpiter, onde encontram vapor de
amônia. Ali, o gelo derrete e se mistura com a amônia, formando nuvens.
Gotas dessa mistura em queda colidiriam com os cristais de gelo,
eletrificando as nuvens", disse a física da NASA Heidi Becker, coautora
do artigo publicado na Nature.
Durante um voo próximo a Júpiter, a sonda Juno captou tempestades elétricas incomuns a grandes altitudes.
Ausência (quase) inexplicável
Os relâmpagos captados pela Juno também lançam luz sobre o que
acontece nas profundezas da atmosfera do planeta gigante: segundo os
dados enviados pela sonda, não há amônia na maior parte da atmosfera de
Júpiter.
"Percebi que um sólido, como uma pedra de granizo, poderia consumir
mais amônia na sua formação e explicaria o sequestro do gás da
atmosfera", disse Scott Bolton, físico do Southwest Research Institute,
acrescentando que as mushballs se tornariam cada vez maiores à medida que se movessem pela atmosfera.
Segundo Tristan Guillot, físico da Université Côte d'Azur, principal autor do artigo publicado no Journal of Geophysical Research: Planets,
"elas crescem tanto que as correntes de ar quente não conseguem
segurá-las; então, caem profundamente na atmosfera, onde encontram
temperaturas mais altas e evaporam, liberando a amônia".
https://www.megacurioso.com.br/ciencia/115485-misteriosos-raios-sao-captados-na-atmosfera-de-jupiter.htm
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