Cientistas descobriram um outro truque usado pelas bactérias infecciosas para evitarem o sistema imunitário do nosso corpo.
De acordo com o site Science Alert, o que acontece é que a bactéria liberta toxinas
para desarmar as mitocôndrias nas células do sistema imunitário e, ao
sentir que estas estão inativas, as células desencadeiam a apoptose (ou
morte celular programada).
“Ironicamente, é a ativação dos fatores de morte da célula hospedeira
que dá o golpe final nas mitocôndrias, o que induz a apoptose, e não as
próprias toxinas bacterianas”, explica Pankaj Deo,
biólogo molecular do Monash Biomedicine Discovery Institute (MBDI), na
Austrália, e um dos autores do estudo publicado, a 17 de agosto, na
revista científica Nature Microbiology.
Com recurso a cobaias, ao direcionar controlos genéticos para a
apoptose, os cientistas conseguiram reduzir a inflamação nos animais e
diminuir o risco de infeção.
Neisseria gonorrhoeae, Escherichia coli e Pseudomonas aeruginosa
foram os patogénicos bacterianos testados – todos são frequentemente
encontrados em hospitais e podem desenvolver resistência a
medicamentos –, mas a equipa diz que os resultados também se aplicam a outras espécies de bactérias.
“Mostrámos neste artigo que podemos acelerar a resposta imunitária. O
outro lado é que, se essa resposta persistir e tivermos uma inflamação
constante – que geralmente está associada a infeção bacteriana e que
causa muitos danos aos tecidos –, temos uma nova forma de interromper a
inflamação que danifica o tecido”, disse Thomas Naderer, também biólogo molecular do MBDI e outro dos autores da pesquisa.
Porém, segundo o mesmo site, serão necessários mais testes em humanos
para descobrir exatamente o que é que está a acontecer ao nível dos
microorganismos. Mas é possível que os medicamentos já existentes possam ser reformulados e até que possam ser desenvolvidos novos para combater a infeção.
“Tem havido muito esforço para tentar bloquear as endotoxinas que
matam as células imunitárias, mas este estudo muda realmente o foco para
diferentes toxinas que podem ser mais importantes. Isto dá-nos algumas
boas pistas que podemos considerar como uma próxima etapa”, conclui
Naderer.
https://zap.aeiou.pt/truque-bacterias-sistema-imunitario-342543
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