Estudo é direcionado para quem sofre de isquemia nos membros inferiores.
Problema pode causar a amputação da área atingida.
O
estudo é voltado a quem sofre de isquemia nos membros inferiores, ou
seja, quem tem problemas de circulação nas pernas. De acordo com o
professor Paulo Brofman, que coordena o estudo, esse problema pode ser
causado por várias doenças, entre elas, o diabetes e gerar a necessidade
da amputação dos membros atingidos.
O professor explica que as células-tronco estão presentes no corpo dos
próprios pacientes. "Quando se divide, ela faz uma idêntica à célula-mãe
e outra que pode adquirir características diferentes daquelas da
origem", explica o professor. Com essas células, os pesquisadores
esperam conseguir criar novos vasos sanguíneos "Uma das propriedades que
a gente detectou em pesquisas básicas é que, ao injetar essas células,
elas criam novos vasos. A perspectiva de injetar essas células pode
evitar a amputação", explica.
A seleção dos pacientes faz parte da segunda fase da pesquisa, iniciada
em 2014. Até o momento, 10 pessoas já receberam as células-tronco.
Conforme Brofman, oito tiveram sucesso no tratamento e não precisaram
ser amputados. A expectativa é de que em três anos o tratamento possa
estar disponível para o público em geral.
A escolha será feita com base no histórico de saúde dos pacientes. O
tratamento será oferecido por três hospitais, a Santa Casa de Curitiba, o
Hospital Angelina Caron, na Região Metropolitana da capital paranaense,
o hospital São Rafael, de Salvador (BA), e o Instituto de Moléstia
Cardiovascular, em São José do Rio Preto (SP).
Para participar, os pacientes devem ter entre 30 e 80 anos de idade,
sofrer de isquemia e já ter passado por tratamenos clínicos ou
cirurgicos. Também é preciso apresentar sintomas de dor e correr o risco
de amputação do membro. "Todo o estudo no Brasil ainda é considerado
experimental, para que se possa utilizar a tecnologia, precisa ter um
projeto aprovado e reconhecido pelo comitê de ética da instituição e
precisa ter financiamento. O paciente não pode gastar com o tratamento",
conta. Atualmente, quem financia esses estudos são o Ministério da
Saúde e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Sucesso em outras áreas
Embora a pesquisa para pacientes com isquemia seja recente, o centro coordenado por Brofman estuda o uso das células-tronco em várias outras aplicações. Segundo o professor, foram obtidos resultados positivos em tratamentos de doenças como enfisema pulmonar, artrose de joelho, doenças do coração, acidente vascular cerebral (AVC), diabetes, lúpus, esclerose, entre outras.
Conforme Brofman, uma das vantagens do tratamento com essas células é
que o paciente não corre o risco de rejeição, pois elas vêm do próprio
corpo da pessoa. As células são colhidas principalmente da medula óssea
do quadril do paciente. Depois, elas são reimplantadas no local que
precisa do tratamento.
Um dos casos que o professor destaca foi o sucesso obtido em pacientes
que tiveram problemas com a cartilagem do joelho. Em algumas pessoas, a
cartilagem pode gastar e obrigar o paciente a usar próteses, sob o risco
de ficarem impedidos de andar, em função das dores agudas que sentem.
"Essas células podem regenerar a cartilagem. Os 10 pacientes tiveram uma
melhora muito grande. Alguns até voltaram a andar", conta.
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