Pesquisadores esperam que uso do iKnife diminua a ocorrência de volta de tumores no cérebro (Foto: BBC)
Pesquisadores britânicos do Imperial College de Londres estão
desenvolvendo um dispositivo que pode ajudar neurocirurgiões a
identificar em poucos segundos e remover com precisão tumores no
cérebro.
Chamado de iKnife, esta espécie de bisturi inteligente pode, no futuro,
reduzir também o risco de que estes tumores voltem a se desenvolver.
Uma das primeiras pacientes a participar de um teste do iKnife foi
Deirdre, uma professora de Ciências de Londres com 29 anos de idade.
Ela teve uma convulsão e os exames revelaram um tumor grande no lobo frontal esquerdo.
O neurocirurgião Kevin O'Neill foi designado para a cirurgia, mas
observou que o tumor estava em uma área problemática: muito próximo da
área da linguagem no cérebro da professora britânica.
Por isso, o novo bisturi precisou ser usado no procedimento.
Paciente teve que ser acordada durante cirurgia para médicos verificarem se estavam causando danos em funções do cérebro (Foto: BBC)
A paciente foi acordada no meio da cirurgia para conversar com uma
fonoaudióloga. As respostas de Deirdre ajudaram O'Neill a evitar danos
em áreas do cérebro não afetadas pelo tumor.
Para um procedimento tão delicado, os médicos usaram o iKnife, pois o
dispositivo pode identificar o tipo de tecido enquanto corta.
Segundo o repórter da BBC Alastair Duncan, que estava presente no
centro cirúrgico no momento do procedimento, um dos problemas com este
tipo de cirurgia é que é quase impossível afirmar onde o tecido
canceroso acaba e o tecido saudável do cérebro começa, pois estes
tecidos são muito parecidos.
A ideia por trás do novo bisturi é que ele dá ao cirurgião informações
instantâneas, informando exatamente o que está sendo cortado, permitindo
a retirada do tumor de uma forma muito mais precisa.
Essa identificação é possível a partir da análise da fumaça que emerge
de tecidos cauterizados com o uso de equipamentos cirúrgicos elétricos.
Zoltan Takats afirma que, se cirurgião avançar poucos milímetros pelo tecido saudável do cérebro, pode prejudicar muito o paciente (Foto: BBC)
"Enquanto os cirurgiões estão usando os dispositivos elétricos
cirúrgicos, os tecidos humanos são queimados, o que, na verdade, também
ajuda a parar o sangramento. Enquanto queima, produz uma fumaça. Nós
coletamos a fumaça por um longo tubo e enviamos a uma espécie de
espectrômetro, que faz a análise química", disse Zoltan Takats, que
criou o iKnife no Imperial College de Londres.
"A partir da composição (da fumaça, o aparelho) pode deduzir de que
tipo de tecido veio, se era canceroso ou saudável", acrescentou.
A identificação correta dos tecidos é crucial pois, se os médicos não
removerem todo o tumor, ele pode voltar. Se removerem muito tecido
saudável do cérebro, por outro lado, as consequências para o paciente
podem ser devastadoras.
"Se o neurocirurgião avançar apenas alguns milímetros no tecido
saudável, pode levar à perda da habilidade de ler, de falar, ou funções
fisiológicas básicas", afirmou Takats.
Laboratório X iKnife
Atualmente, os médicos enviam pequenas amostras para análise em
laboratório, um processo que pode levar meia hora e podem ser
necessárias várias repetições de uma análise.
Por outro lado, o iKnife faz o mesmo e dá a resposta em uma questão de
segundos. E a ferramenta está sendo desenvolvida em Londres com a ajuda
de cirurgias como a de Deirdre.
"No momento estamos ensinando o dispositivo. Estamos mostrando
diferentes tipos de tecidos humanos para o dispositivo e ele está
'aprendendo' a reconhecê-los", disse Zoltan Takats.
O neurocirurgião Kevin O'Neill, que realizou a cirurgia em Deirdre usando o iKnife, já observou o potencial da nova ferramenta.
"Os benefícios do iKnife são potencialmente enormes. A informação que
ele dá é imensa, ele dá uma impressão digital molecular do tecido.
Dentro desta informação pode estar tudo o que você precisa saber. O que
queremos é saber se ele pode definir: é tumor, não é tumor e prestar
assistência em nossa cirurgia com mais precisão", afirmou o médico.
Depois de cinco horas de cirurgia, O'Neill afirma com confiança que
acredita ter retirado todo o tumor, mas sempre haverá o risco de que
alguma parte do tecido canceroso tenha permanecido.
No entanto, segundo os pesquisadores, o iKnife pode reduzir muito a possibilidade de uma volta do tumor.
Fonte: http://g1.globo.com/bemestar/noticia/2015/05/bisturi-inteligente-permite-precisao-na-remocao-de-tumores-do-cerebro.html
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