Ainda não há droga eficaz para tratar doença que matou mais de 11 mil.
Cientistas descobriram que doença usa proteína do corpo para se instalar.
Imagem do vírus ebola observado em um microscópio eletrônico:
pesquisa descobriu alvo inédito para tratar ebola (Foto: Frederick
Murphy/CDC via AP)
Pesquisadores descobriram um novo alvo para tratar o ebola. Esta é a
primeira abordagem de tratamento que mira, não o vírus em si, mas uma
proteína do próprio organismo do paciente. Chamada Niemann-Pick C1, ou
NPC1, esta proteína é essencial para que o vírus ebola se instale nas
células humanas e se replique.
Ainda não existe uma droga eficaz aprovada contra a doença. A maior
epidemia já registrada, que teve início com a infecção de uma criança na
Guiné em dezembro de 2013, já matou mais de 11 mil pessoas e infectou
quase 27 mil.
A estratégia inédita baseia-se no seguinte mecanismo.
Quando o vírus
ebola penetra na célula do indivíduo, ele é envolvido por um tipo de uma
bolha formada pela própria membrana da célula.
Para se replicar, o
vírus precisa sair dessa bolha e chegar até o citoplasma.
O que os
pesquisadores descobriram é que a proteína NPC1 é um componente
essencial para que o vírus consiga se liberar dessa bolha e continuar
seu ciclo de vida.
Para testar essa hipótese, o estudo expôs dois tipos de camundongos ao
ebola: o primeiro grupo, do “tipo selvagem”, tinha a proteína NPC1.
Já o
segundo grupo não tinha o gene responsável pela produção da proteína.
O resultado foi que os camundongos com a proteína foram infectados,
enquanto aqueles que não tinham a proteína ficaram livres da doença, já
que o vírus não conseguiu se replicar.
O experimento foi desenvolvido por cientistas de duas instituições
americanas – a Faculdade de Medicina Albert Einstein, da Universidade
Yeshiva e o Instituto de Pesquisas Médicas em Doenças Infecciosas do
Exército dos Estados Unidos (USAMRIID) – e os resultados foram
publicados na revista “mBio” nesta terça-feira (26).
Esperança de novas drogas
A ideia é que futuras pesquisas possam levar a drogas que inibam temporariamente a proteína NPC1, impedindo desta forma a instalação do vírus. “Nosso estudo revela que a proteína NPC1 é o ‘calcanhar de Aquiles' da infecção pelo vírus ebola”, diz um dos autores do estudo, Kartik Chandran, professor de virologia e imunologia da Faculdade de Medicina Albert Einstein.
Segundo um dos autores do estudo, Andrew S. Herbert, pesquisador sênior
do USAMRIID, hoje ainda não existem drogas aprovadas capazes de impedir
a conexão dos vírus com a proteína NPC1. "Ainda estamos em fases muito
iniciais de desenvolvimento, mas já desenvolvemos vários candidatos a
fármacos com atividade antiviral potente em células e esperamos começar
os estudos em camundongos ainda este ano", afirmou Herbert, por e-mail.
Fonte: http://g1.globo.com/bemestar/ebola/noticia/2015/05/estudo-propoe-atacar-o-virus-ebola-inibindo-proteina-do-proprio-corpo.html
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