Existem alguns experimentos na história
da ciência que, de tão engenhosos e brilhantes, parecem terem saído de
algum filme de ficção científica. Um desses experimentos foi feito em
1849, na França, e tinha como objetivo medir a extraordinária velocidade
da luz.
Quando
se fala em velocidade da luz, quase todo mundo tem em mente algo muito
rápido, praticamente instantâneo. Muitos pensadores, entre eles
Aristóteles (384 AC) e Hero de Alexandria (10 DC) acreditavam que a luz
tinha "velocidade infinita". Essa opinião também foi compartilhada por
Johnnes Kepler (1571) e Renê Descartes (1596).
Outros
pensadores e matemáticos, como o grego Empédocles (490 AC) e o turco
Tagi al-Din (1526), pensavam diferente e acreditavam que a luz tinha sim
alguma velocidade, mas não sabiam exatamente qual.
Em
1683, Galileu fez alguns experimentos usando lanternas acesas sobre
duas colinas e conclui que se a velocidade da luz era finita e muito
rápida.
Outros
experimentadores também fizeram tentativas de medir a velocidade da
luz, mas os métodos usados deixavam muito a desejar em termos de
confiabilidade e precisão, até que surgiu em cena Armand Hyppolyte Louis
Fizeau, um físico francês nascido em Paris em 1819.
Obcecado
pela ciência, Fizeau construiu uma máquina bastante simples (e por isso
mesmo maravilhosa) e que tinha a extraordinária missão de medir
cientificamente a velocidade da luz.
O
engenho era realmente fantástico. Consistia de uma roda dentada com 720
dentes, um espelho semitransparente, um espelho simples, um conjunto de
lentes e uma fonte intensa de luz.
O
objetivo era fazer a luz da tocha atingir o espelho semitransparente
colocado em ângulo de 45 graus. O feixe refletido pelo espelho passaria
por um dos vãos da roda dentada até atingir o segundo espelho colocado
estrategicamente em uma montanha situada a cerca de 8 km de distância.
Ali,
o feixe de luz seria refletido de volta, passaria novamente pelo vão da
roda dentada e atravessaria novamente o espelho semitransparente até
chegar aos olhos de Fizeau.
O Experimento
Com
a roda dentada parada, a luz passava pelo vão entre dois dentes, batia
no espelho em Montmatre e retornava para o ponto de origem, passando
exatamente pelo mesmo vão entre os dentes. Por atrás do espelho
semitransparente, através das lentes Fizeau observava o reflexo da luz.
Foi
então que a mágica aconteceu. Fizeau pôs a roda a girar aumentando
gradativamente a velocidade até que em um determinado instante o reflexo
rebatido pelo espelho em Montmatre sumiu. Diminuindo a velocidade, o
raio voltou a aparecer.
Fizeau
concluiu que o feixe de luz que passava pelo vão da roda e era rebatido
pelo espelho de Monmatre estava sendo bloqueado pelo dente seguinte ao
vão e isso acontecia quando a velocidade de rotação da roda era de 12.5
rotações por segundo.
Como
sua roda dentada tinha 720 dentes, a luz estava passando pelo vão 9000
vezes por segundo e a alternância entre um dente e um vão ocorria 18 mil
vezes por segundo, ou seja, a luz passava e era bloqueada uma vez a
cada 0.000055 segundo.
Assim,
se a luz demorou 0.000055 segundos para viajar 17266 metros (ida e
volta de Mont Valérien a MontMatre), então em um segundo a luz viajaria
por 310787 km.
Dessa
forma simples e engenhosa, Fizeau determinou pela primeira vez de forma
científica a velocidade da Luz. Hoje em dia, sabe-se que esse valor é
ligeiramente inferior, da ordem de 299792,458 km/s, mas considerando-se a
época os valores de Fizeau não foram tão ruins assim!
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