terça-feira, 19 de maio de 2015

Os vírus são ardilosos e mesmo depois de aparentemente eliminados,escondem-se

Os vírus ficam escondidos em partes do nosso corpo, mesmo quando o diagnóstico é que já foram eliminados. Inclusive, somos reservatórios ambulantes de vírus.

 

Os vírus são ardilosos; mesmo depois de aparentemente eliminados, escondem-seE isso não ocorre com doenças raras, como o ébola. Já teve herpes? O herpesvírus que causa esta doença fica dentro das células nervosas para o resto da vida. E fazem-no porque o nosso sistema imunológico não consegue alcançá-las lá.
De facto, os vírus geralmente escondem-se em “pontos cegos” do sistema imunológico. Isso geralmente significa duas coisas: 1) infectam áreas do corpo que não estão sob total controlo do sistema imunológico, ou 2) ficam inactivos dentro de células para que o nosso sistema imunológico não possa detectá-los.
Os vírus conseguem fazer isso porque são minúsculos e simples. São pequenos pedaços de material genético - RNA e ADN - protegidos por proteína. Ao contrário de outros micróbios, não podem se reproduzir sozinhos, e por isso precisam de atacar outras células para invadir o seu mecanismo de produzir proteínas a fim de se replicarem. No geral, o nosso sistema imunológico está lá para lutar contra isso; mas, em alguns casos, não.
Os vírus ficam escondidos nos nossos corpos explorando alguma vulnerabilidade nos nossos sistemas imunológicos. Esta vulnerabilidade - chamada de «privilégio imunológico» – vem de uma antiga observação que o transplante de tecidos de terceiros em certas partes do corpo não desencadeia uma resposta natural do sistema imunológico.
Isso inclui o cérebro, a medula espinhal e os olhos. Cientistas acreditam que essas partes do corpo são delicadas e demasiado importantes para lidarem com a inflamação causada pela acção do sistema imunológico.
Mas estas partes do corpo - vitais para a nossa sobrevivência individual - não são completamente indefesas. O olho, que é directamente exposto ao mundo exterior, tem o próprio sistema imunológico que luta contra elementos patogénicos enquanto limita a inflamação. O cérebro, por sua vez, tem um exército de células chamadas micróglia, que devoram elementos patogénicos e neurónios danificados.
A barreira hematoencefálica, que se acreditava manter o sistema imunológico fora do cérebro, é porosa a algumas células do sistema. Por conseguinte, a ideia do privilégio imunológico não é tão absoluta quanto os cientistas acreditavam, mas estas ainda são áreas do corpo nas quais os vírus encontram um patrulhamento menor do sistema imunológico.
Isso ajuda a entender porque o ébola esconde-se nos olhos. O vírus também pode ser encontrado nos testículos durante meses, porque essa é outra área de privilégio imunológico.
Alguns vírus escondem-se basicamente fingindo-se de mortos dentro das células. A catapora e a herpes zóster, por exemplo, são causadas pelo mesmo vírus, o Vírus Varicela-Zóster (VVZ). E ainda assim a catapora e a herpes zóster parecem diferentes: fica-se com bolhas vermelhas que coçam na catapora, e manchas avermelhadas isoladas e dores nos nervos no zóster. As duas parecem doenças inteiramente distintas porque, na herpes, o vírus esconde-se no corpo.
Conforme o seu sistema imunológico luta contra a VVZ, o vírus recua para dentro das suas células nervosas. Ali, para de invadir a máquina molecular das células e para de se reproduzir. Estes segmentos de ADN viral apenas ficam por ali, escondidos até algo os acordarem. Pode ser algum tipo de stresse ou alguma alteração de saúde. É aí que a VVZ ataca novamente, propagando-se pelos nervos e causando a vermelhidão característica da zóster.
A VVZ é da família do herpesvírus, que possui a habilidade de se esconder dormente em células. Isso inclui o Herpesvírus Simplex 1 e 2, que causam feridas na boca e nos órgãos genitais, e também as variantes que causam mononucleose infecciosa, também conhecida por doença do beijo. Nos casos de herpesvírus simplex, cientistas descobriram que certos genes ficam mais activos quando o vírus está dormente.
Outros vírus, como o HIV, podem integrar o próprio código genético ao ADN das células sem muitos problemas. Isso, como deve imaginar, torna-os extremamente difíceis de serem removidos.

Fonte: http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?id_news=773326

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