Pesquisadores da Universidade de São Paulo em Ribeirão Preto
(SP) evidenciaram a eficácia de um dispositivo mais fino do que um grão
de arroz no tratamento de doenças como a retinopatia diabética, que
pode levar à cegueira, por um custo quatro vezes menor do que implantes
importados.
Desenvolvida pelo professor da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Armando da Silva Cunha Junior, a tecnologia é testada desde 2014 pela Faculdade de Medicina no campus da USP no interior de São Paulo.
Na primeira fase de testes, classificada como de segurança, a inovação
foi aplicada em dez pacientes com oclusão da veia da retina, com
hemorragias que afetam o fundo dos olhos e um inchaço na região central
da retina, explica o médico e pesquisador Rodrigo Jorge. Os resultados
mostraram vantagens em relação a outros métodos de combate a doenças
vasculares da retina.
"Esse inchaço é o principal responsável pela piora da visão nesses
casos. Uma das drogas que funcionam para diminuir o inchaço da retina é o
corticoide, justamente a droga que é colocada nesse pequeno comprimido
que implantamos na parte de trás do olho. Esse comprimido libera essa
droga de forma lenta e contínua, em doses apropriadas para o problema",
afirma.
No decorrer da pesquisa, Jorge constatou que, além de reduzir a
inflamação da retina, a tecnologia melhorou a acuidade visual dos
pacientes e os poupou de receber injeções mensais de outros medicamentos
tradicionais. Também demonstrou ter menos efeitos colaterais.
Objeto menor que grão de arroz pode prevenir doenças que causam cegueira, diz USP (Foto: Antônio Luiz/EPTV)
"Esse estudo teve como objetivo principal mostrar que o implante não ia machucar o olho do paciente. Não teve nenhum efeito ruim para o olho desses dez pacientes que foram tratados."
O tratamento também se mostrou mais barato e duradouro em relação ao
implante já existente e desenvolvido por um laboratório na Califórnia,
nos EUA. "O custo do implante desenvolvido pela Universidade Federal de
Minas Gerais é em torno de R$ 600 e o importado é de R$ 2,4 mil. O
efeito do implante pode durar de quatro a seis meses. Ele libera
lentamente a droga. Isso é muito melhor do que o que é feito atualmente,
que é a injeção de outros fármacos, cujos efeitos duram em média de um a
dois meses", diz.
A próxima etapa, segundo o médico responsável pela pesquisa, é ampliar o
número de pacientes testados para até 60 e focar na redução do inchaço e
na melhora da qualidade da visão. O andamento depende de uma
autorização da Comissão Nacional de Ética e Pesquisa (Conep), em
Brasília (DF).
Também são necessários investimentos, que podem partir da iniciativa
pública e privada, explica Jorge. "Vamos tentar o recurso público,
federal ou estadual, ou às vezes, por já ter sido testado em humanos,
alguma empresa tenha interesse."
Em primeira fase, dez pacientes usaram dispositivo contra doenças na retina (Foto: Antônio Luiz/EPTV)
Fonte: http://g1.globo.com/sp/ribeirao-preto-franca/noticia/2015/05/usp-ribeirao-testa-objeto-menor-que-grao-de-arroz-para-combate-cegueira.html
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