sábado, 9 de maio de 2015

Uma plataforma “online” que permite a qualquer um diagnosticar uma doença

Gostava de ser o Dr. House? Uma plataforma "online" permite que diga o que pensa sobre a doença dos outros. O assunto é sério e, por isso, levanta dúvidas sobre os potenciais perigos.

O futuro dos cuidados médicos passará pela internet?

Imagine que dezenas de médicos, centenas de euros e incontáveis aborrecimentos depois, continuava sem saber qual era a doença que o afligia. Imagine também que expunha o seu caso numa plataforma online e, em poucas horas, obtinha um diagnóstico e a forma de se tratar ou curar. Essa foi a ideia de Jared Heyman que, em 2013, depois de a irmã ter consultado 16 médicos e ter passado três anos sem saber o que tinha, decidiu lançar o CrowdMed, um site que se baseia na sabedoria das multidões para resolver mistérios médicos.

Lançado o CrowdMed, bastaram poucos dias para que a irmã de Jared descobrisse que padecia de uma doença extremamente rara. E tudo graças à tal sabedoria das multidões. “Em vez de confiar em médicos individualmente, o CrowdMed recolhe a inteligência de centenas de ‘detetives médicos’ para fornecer sugestões de diagnóstico surpreendentemente precisas em poucas horas”, lê-se no site, no qual se podem inscrever médicos verdadeiros, médicos na reforma ou simplesmente quem ache que tem capacidade para ajudar.

E é precisamente no facto de a plataforma permitir que qualquer um se inscreva como especialista que tem originado críticas. O CrowdMed funciona por um sistema de pontos: os “detetives médicos” podem não só apresentar um diagnóstico para um caso como também pontuar os diagnósticos dos outros. Depois, um algoritmo calcula a probabilidade de cada diagnóstico corresponder à realidade e o doente recebe as três soluções que fiquem melhor cotadas. Quem acerta na doença recebe pontos e dinheiro, uma forma de incentivar os verdadeiros especialistas a continuarem no CrowdMed.

Aos pacientes é pedido que paguem uma taxa inicial de cerca de 200 dólares (perto de 180 euros) e façam um depósito de 20 dólares, o qual é devolvido caso a plataforma não consiga dar nenhum diagnóstico correto. Se, por um lado, este valor é relativamente baixo quando comparado com o que um doente pode chegar a gastar no sistema convencional de saúde, por outro alguns especialistas temem que as pessoas estejam, assim, a ser levadas para caminhos errados, fazendo-os perder tempo e dinheiro.

“No nosso site os pacientes não obtêm diagnósticos definitivos”, explica Jared ao Vox numa entrevista deste sábado. “O que tentamos fazer é dar uma lista dos melhores diagnósticos e sugestões de solução para que o paciente possa discutir com o médico – e apenas ele pode dar um diagnóstico definitivo e um plano de tratamento.

Há sete a oito mil doenças conhecidas e muitos médicos nunca ouviram falar da grande maioria delas”, diz Jared.

Até hoje, Jared diz que o CrowdMed já ajudou cerca de 900 pacientes – 70% do total – a chegarem a um diagnóstico e a uma cura. Algo que, de outra forma, não teriam conseguido, afirma. “O sistema está bem equipado no que diz respeito a ajudar pessoas com doenças comuns. Mas quando se trata de coisas menos normais, o sistema não está preparado”, diz Jared Heyman, cuja plataforma já recebeu milhões de dólares em investimentos e estabeleceu parcerias com revistas e universidades médicas.

Fonte: http://observador.pt/2015/05/09/uma-plataforma-online-que-permite-a-qualquer-um-diagnosticar-uma-doenca/


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