O futuro dos cuidados médicos passará pela internet?
Imagine que dezenas de médicos, centenas de euros e incontáveis
aborrecimentos depois, continuava sem saber qual era a doença que o
afligia. Imagine também que expunha o seu caso numa plataforma online e,
em poucas horas, obtinha um diagnóstico e a forma de se tratar ou
curar. Essa foi a ideia de Jared Heyman que, em 2013, depois de a irmã
ter consultado 16 médicos e ter passado três anos sem saber o que tinha,
decidiu lançar o CrowdMed, um site que se baseia na sabedoria das multidões para resolver mistérios médicos.
Lançado o CrowdMed,
bastaram poucos dias para que a irmã de Jared descobrisse que padecia
de uma doença extremamente rara. E tudo graças à tal sabedoria das
multidões. “Em vez de confiar em médicos individualmente, o CrowdMed
recolhe a inteligência de centenas de ‘detetives médicos’ para fornecer
sugestões de diagnóstico surpreendentemente precisas em poucas horas”,
lê-se no site, no qual se podem inscrever médicos verdadeiros, médicos na reforma ou simplesmente quem ache que tem capacidade para ajudar.
E é precisamente no facto de a plataforma permitir que qualquer um se
inscreva como especialista que tem originado críticas. O CrowdMed
funciona por um sistema de pontos: os “detetives médicos” podem não só
apresentar um diagnóstico para um caso como também pontuar os
diagnósticos dos outros. Depois, um algoritmo calcula a probabilidade de
cada diagnóstico corresponder à realidade e o doente recebe as três
soluções que fiquem melhor cotadas. Quem acerta na doença recebe pontos e
dinheiro, uma forma de incentivar os verdadeiros especialistas a
continuarem no CrowdMed.
Aos pacientes é pedido que paguem uma
taxa inicial de cerca de 200 dólares (perto de 180 euros) e façam um
depósito de 20 dólares, o qual é devolvido caso a plataforma não consiga
dar nenhum diagnóstico correto. Se, por um lado, este valor é
relativamente baixo quando comparado com o que um doente pode chegar a
gastar no sistema convencional de saúde, por outro alguns especialistas
temem que as pessoas estejam, assim, a ser levadas para caminhos
errados, fazendo-os perder tempo e dinheiro.
“No nosso site os pacientes não obtêm diagnósticos definitivos”, explica
Jared ao Vox numa entrevista deste sábado. “O que tentamos fazer é dar
uma lista dos melhores diagnósticos e sugestões de solução para que o
paciente possa discutir com o médico – e apenas ele pode dar um
diagnóstico definitivo e um plano de tratamento.
Há sete a oito mil doenças conhecidas e muitos médicos nunca ouviram falar da grande maioria delas”, diz Jared.
Até
hoje, Jared diz que o CrowdMed já ajudou cerca de 900 pacientes – 70%
do total – a chegarem a um diagnóstico e a uma cura. Algo que, de outra
forma, não teriam conseguido, afirma. “O sistema está bem equipado no
que diz respeito a ajudar pessoas com doenças comuns. Mas quando se
trata de coisas menos normais, o sistema não está preparado”, diz Jared
Heyman, cuja plataforma já recebeu milhões de dólares em investimentos e
estabeleceu parcerias com revistas e universidades médicas.
Fonte: http://observador.pt/2015/05/09/uma-plataforma-online-que-permite-a-qualquer-um-diagnosticar-uma-doenca/
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