O mundo se aproxima de 6 meses convivendo com o novo coronavírus.
Como os efeitos da covid-19 afetaram os países em diferentes períodos,
muitos ainda estão enfrentando o auge da pandemia. E apesar de muita
coisa ter sido aprendida nesse período, algumas dúvidas permanecem a
respeito da doença e necessitam de respostas urgentes para que seja
possível criar um "novo normal" com a reabertura de setores da economia.
O jornal The New York Times elencou seis grandes questões que ainda estão pendentes.
1. Quantas pessoas foram infectadas?
Até 1º de junho, a Organização Mundial da Saúde (OMS) contabilizou
oficialmente 6,3 milhões de infectados em todo o mundo. Esse número,
entretanto, está longe da realidade. Mesmo nos Estados Unidos, que somam
1,9 dessas pessoas, a quantia real ainda parece ser difícil de
precisar. O país foi um dos que mais realizaram testes da nova doença:
em Nova York, a cidade mais afetada, 9,6% da população fizeram o exame,
registrando quase o dobro da média nacional.
Locais com testagem mais baixa devem ter uma grande quantidade de
subnotificações, principalmente nos casos mais leves, que não necessitam
de atendimento médico — acredita-se que até 35% dos infectados não
desenvolvam sintomas. Diversos modelos matemáticos fazem com que o
melhor cenário represente o dobro de contaminados pela covid-19 em
termos reais, podendo ser até seis ou sete vezes maior do que o
oficializado pela OMS.
Mundo tem oficialmente 6,3 milhões de infectados, mas há subnotificações em todos os lugares.
2. Qual é a quantidade de vírus necessária para se contaminar?
Cientistas trabalham com algo entre 1 e 1 milhão de partículas virais
necessárias para iniciar uma infecção. Alguns especialistas acreditam
que a quantidade pode estar na casa de centenas de milhares, com base em
estudos de outras epidemias causadas por agentes semelhantes, como a
Sars, entre 2002 e 2003.
Mais estudos com o novo coronavírus são necessários para determinar
um valor exato, já que ele tem a característica transmissiva de um vírus
influenza, que facilmente passa de uma pessoa para outra, mesmo sendo
muito mais parecido estruturalmente com outros coronavírus. Ainda não se
sabe se tocar uma superfície contaminada com pouca quantidade de
coronavírus, por exemplo, é o suficiente para adquirir a covid-19, mas
entende-se que quanto maior é a exposição, maior é a probabilidade de
infecção, por isso existem as indicações de distanciamento social, uso
de máscara e lavagem constante das mãos.
Higienizar as mãos é uma das principais armas para combater a doença.
3. Por que algumas pessoas ficam muito mais doentes do que outras?
A covid-19 se manifesta com sintomas brandos ou sem sinais na maioria
dos infectados, porém uma parcela dos doentes acaba desenvolvendo
graves manifestações e morre. Os motivos para tamanha disparidade
clínica ainda geram discussões. Acredita-se que os pacientes que adoecem
mais rapidamente foram expostos a uma maior quantidade viral na
primeira contaminação.
Outros fatores também podem explicar esse fenômeno: tudo depende da
resposta imunológica das pessoas. Mulheres, por exemplo, têm um sistema
mais resistente que o dos homens, por isso eles são a maioria dos
contaminados. O mesmo acontece com idosos, que naturalmente têm o
sistema de defesa mais comprometido, bem como indivíduos com doenças
pré-existentes.
O papel dos receptores nas células que são a porta de entrada do
vírus também está sendo pesquisado. Chamado de enzima conversora de
angiotensina 2 ou ACE2, esse item ajuda a regular a pressão sanguínea e
as inflamações; como crianças têm menos dessas substâncias, acredita-se
que elas sejam menos suscetíveis à infecção.
Sistema imunológico comprometido pode favorecer sintomas mais graves.
4. Qual é o papel das crianças na propagação da covid-19?
Uma das primeiras medidas de segurança adotadas na maioria dos países
foi a suspensão das aulas, porém ainda não se sabe exatamente como as
crianças participam da rede de contaminação da doença. Elas parecem ser
menos propensas a desenvolver sintomas graves da covid-19,
representando, em alguns países, apenas 2% dos pacientes internados.
Existe uma teoria de que os pequenos se infectam com a mesma
facilidade que os adultos, mas, por terem um sistema imunológico mais
robusto, acabam não tendo evolução dos sinais. No ambiente escolar, elas
teriam até três vezes mais chances de se contaminarem, por exemplo, por
conta da rede de contatos com colegas, familiares e professores. Porém,
também está sendo notado que os mais novos, como bebês, estão mais
suscetíveis à doença do que aqueles que já frequentam escolas.
Além disso, já foi registrado que mesmo crianças que não
desenvolveram graves sintomas respiratórios podem ter inflamações
cardíacas, algumas até bastante graves. Isso pode acontecer semanas após
o contágio, sem que os médicos tenham uma explicação para as
ocorrências.
Papel das crianças ainda não está totalmente claro.
5. Quem foi o paciente zero?
Um grande trabalho investigativo tem sido feito, envolvendo a
decodificação genética do vírus para determinar sua linhagem, podendo
haver várias famílias de patógenos no mundo. Hoje, trabalha-se com a
informação de que o primeiro paciente tratado com sintomas da doença foi
internado em Wuhan, na China, em 16 de dezembro. Porém, como ele
apresentava sinais desde 1º de dezembro, acredita-se que o novo
coronavírus esteja em circulação na região desde o fim de novembro.
Novos dados podem mudar o que se sabe sobre o começo da pandemia.
6. Por quanto tempo as pessoas ficam imunes após a infecção?
Ainda não há certeza se quem se curou da doença está livre de pegá-la
novamente. É normal que, após uma exposição viral, o corpo humano
produza anticorpos poderosos que previnam uma nova infecção, assim como
seja capaz de desenvolver células imunológicas bastante resistentes para
matar o vírus. Não se sabe, porém, por quanto tempo essa imunidade
permanece.
Por enquanto, os médicos trabalham com a ideia de que esse período é
de ao menos 1 ano, com base no comportamento de outros coronavírus, como
os responsáveis por Mers e Sars. Casos de possíveis reinfecções
continuam sendo estudados para entender se procedem ou se apresentaram
algum tipo de erro na coleta ou na determinação da suposta recuperação
do paciente.
Ainda não se sabe quanto tempo dura a imunização após a infecção.
https://www.megacurioso.com.br/ciencia/114708-coronavirus-6-perguntas-que-ainda-intrigam-os-cientistas.htm
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