Se há coisa que a pandemia de covid-19 nos mostrou é que os
morcegos têm a estranha capacidade de transportar vírus mortais e, mesmo
assim, conseguir sobreviver.
De acordo com o site Science Alert, uma equipa de cientistas comparou os genomas de seis espécies de morcegos – Rhinolophus ferrumequinum, Molossus molossus, Pipistrellus kuhlii, Myotis myotis, Rousettus aegyptiacus e Phyllostomus discolor – com genomas de outros 42 mamíferos.
Para além de uma forte evolução nos genes relacionados com a audição
(provavelmente relacionados com as suas habilidades de ecolocalização),
os investigadores descobriram que os morcegos perderam uma família de genes envolvidos no nosso sistema imunitário, sendo que alguns estão associados a doenças auto-imunes.
A equipa também observou alterações num outro grupo de genes de
imunidade chamado APOBEC. Estes genes foram perdidos, expandidos ou
duplicados em diferentes espécies de morcegos. Estes criam enzimas
envolvidas no bloqueio da capacidade de um vírus de inserir os seus
genes no genoma do hospedeiro – uma parte crítica da capacidade de
replicação do vírus.
Dentro do genoma dos morcegos, os cientistas também encontraram o que poderíamos chamar de vírus fósseis: pedaços antigos de genes de vírus que foram inseridos no genoma do morcego e depois transmitidos pelas gerações seguintes.
Segundo o mesmo site, estas descobertas apoiam as evidências que
mostram que os morcegos podem tolerar e sobreviver melhor a infeções
virais do que a maioria dos mamíferos, porque o seu sistema imunitário funciona de maneira diferente.
“Estes genomas fornecem os recursos necessários para descobrir e
validar a base genómica das adaptações de morcegos, e estimular novos
caminhos de pesquisa que são diretamente relevantes para a saúde e as
doenças humanas”, escreveram os investigadores no artigo publicado, no
dia 22 de julho, na revista científica Nature.
Sem comentários:
Enviar um comentário