A idade é o fator que mais peso tem na mortalidade por
covid-19 e das doenças preexistentes as que mais aumentam o risco de
morte são as cardíacas e renais, concluiu um estudo nacional com mais de
20.000 infetados.
O estudo conclui que, depois dos problemas cardíacos e renais, as
deficiências imunológicas (por exemplo, o vírus da sida), a doença
neurológica e a doença hematológica crónica são os fatores que maior risco de morte têm para os doentes com covid-19. De seguida aparecem a doença hepática, a doença pulmonar, a doença oncológica e a diabetes.
O trabalho foi elaborado por um grupo de investigadores portugueses
de sete institutos/departamentos da Faculdade de Medicina (Universidade
de Lisboa) e de outras instituições, como o Instituto Ricardo Jorge e a
Universidade Católica.
Este primeiro estudo nacional publicado numa revista científica
internacional inclui dados — cedidos pela Direção-Geral da Saúde (DGS) –
de 20.293 pessoas infetadas com SARS-CoV-2 entre 01 de janeiro e 21 de
abril 2020.
“É a primeira vez que a mortalidade por COVID-19 foi modelada em Portugal tendo em conta a publicação oficial numa revista científica internacional revista por pares”, sublinha um dos autores.
A modelação estatística da mortalidade neste estudo usou três modelos.
O principal registou uma influência dominante da idade superior a 55
anos no aumento das chances de mortalidade por covid-19, mesmo ajustando
para a presença de comorbilidades (doenças que a pessoa já tinha quando
ficou infetada).
O primeiro modelo secundário, que analisou apenas os doentes sem
comorbilidades, registou igualmente uma influência acentuada da idade
superior a 55 anos no aumento das chances de mortalidade por covid-19, e
o segundo, específico para cada uma das comorbilidades, ajustando para o
sexo e idade, registou que as doenças com maior risco de morte é a
cardíaca (com 6,40 de rácio de probabilidades), seguida da renal (4,97).
De qualquer forma, os autores sublinham que os resultados apurados “devem ser interpretados com precaução”
pois têm limitações como o facto de serem referentes ao primeiro
período de infeção em Portugal, compreendido entre janeiro e abril 2020,
“podendo sofrer alterações se entretanto novos dados forem cedidos pela
DGS” e não haver dados sobre os sintomas e resultados dos testes
laboratoriais.
Apontam ainda como limitações a possibilidade de “existir um
sub-relatório de casos com manifestações ligeiras”, a “impossibilidade
de ajustar a sequência temporal dos eventos” e a falta de alguns dados.
O estudo foi elaborado por investigadores do Instituto Nacional de
Saúde Dr. Ricardo Jorge, do Instituto de Medicina Preventiva e Saúde
Pública (IMPSP) da Faculdade de Medicina, Universidade de Lisboa (UL),
do Instituto de Saúde Baseada na Evidência (ISBE), do Laboratório de
Biomatemática da Faculdade de Medicina, do Católica Research Centre for
Psychological, Family and Social Wellbeing, da Universidade Católica
Portuguesa, da Escola Superior de Enfermagem de Lisboa, do Cochrane
Portugal (Faculdade de Medicina), e da Unidade de Epidemiologia do
Instituto de Medicina Preventiva e Saúde Pública (UL), da Clínica
Universitária de Estomatologia e do Instituto de Saúde Ambiental
(ISAMB), ambos da Faculdade de Medicina.
https://zap.aeiou.pt/fatores-maior-risco-morte-covid-19-338224
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