Os Emiratos Árabes Unidos e a China vão em breve fazer parte
do clube restrito de países e agências espaciais com sondas marcianas.
Juntar-se-ão assim aos Estados Unidos, Índia, antiga União Soviética e à
ESA.
A nave espacial Al-Amal (“Esperança” em português) tem lançamento
previsto para dia 15 de julho a partir do Centro Espacial Tanegashima no
Japão. O objetivo da missão é fornecer uma imagem compreensiva da
dinâmica meteorológica da atmosfera de Marte e pavimentar o caminho para
mais descobertas científicas. Mas a sonda Al-Amal também é a base de um
objetivo muito maior – construir uma colónia em Marte nos próximos 100
anos.
Al-Amal tem 1350 kg; mais ou menos o tamanho de um SUV.
Demorará sete meses a viajar 493 milhões de quilómetros até Marte, a
tempo de comemorar o 50.º aniversário da união dos Emiratos em 2021.
Assim que alcance Marte, colocar-se-á numa órbita de 55 horas,
com uma velocidade média de 121.000 km/h, e o contacto com o comando e
centro de controle nos EAU será limitado a 6-8 horas duas vezes por
semana.
A missão tem uma duração prevista de 687 dias – um ano marciano.
A sonda tem três instrumentos científicos:
- EMIRS (Emirates Mars Infrared Spectrometer), um espectrómetro infravermelho para obter medições da atmosfera inferior e analisar a estrutura da temperatura;
- EXI (Emirates eXploration Imager), uma câmara de alta resolução capaz de obter imagens com uma resolução espacial superior a 8 km. Irá medir propriedades de elementos químicos, nomeadamente o ozono, na atmosfera de Marte;
- EMUS (Emirates Mars Ultraviolet Spectrometer), um espectrómetro ultravioleta que irá medir os níveis de oxigénio e hidrogénio na atmosfera superior.
A China, por outro lado e seguindo o sucesso do seu programa lunar, vai lançar a sua missão Tianwen-1
(nome de um antigo poema chinês, “Questões Celestiais” em português)
durante a janela de 20 a 25 de julho, a partir do Centro de Lançamentos
Xichang. É composta por um orbitador, um módulo de aterragem e rover a
energia solar.
Não é a primeira tentativa da China em alcançar Marte: este país
juntou-se à Rússia em 2011 durante a missão Fobos-Grunt, contendo o
Yinghuo-1, que seria o primeiro orbitador marciano chinês. No entanto, a
propulsão principal da nave falhou em lançá-la para a viagem até Marte,
permanecendo em órbita da Terra até reentrar na atmosfera em janeiro de
2012. O “lander” Tianwen-1 vai usar um para-quedas, retrofoguetes e um
airbag para aterrar em Utopia Planitia, Marte.
A missão planeia obter mapas da superfície a partir de órbita,
recolher amostras do solo para análise, procurar evidências de vida
presente e passada e analisar o ambiente do Planeta Vermelho. A missão
atual também servirá para demonstrar tecnologias necessárias para uma
missão de recolha e envio de amostras prevista para a década de 2030.
Se tudo correr como esperado, a missão Tianwen-1 chegará a órbita de
Marte também em fevereiro de 2021. A concha metálica que contém o
veículo libertar-se-á da sonda para aterrar na superfície no dia 23 de
abril.
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