Vários especialistas defendem que os astronautas devem
utilizar Vénus como “trampolim” para chegar até Marte, alegando que uma
missão ao Planeta Vermelho baseada neste plano seria não só mais rápida
como barata.
Tendo em conta a disposição do Sistema Solar, esta ideia pode parecer
pouco plausível, mas há uma série de cientistas e engenheiros que
acreditam que uma “paragem” no segundo planeta do Sistema Solar pode
facilitar a vida a astronautas e/ou cosmonautas.
Em declarações ao portal Space.com,
Noam Izenberg, geólogo planetário da Universidade Johns Hopkins, nos
Estados Unidos, defendeu que um voo para ou de Marte pode acontecer de
forma mais rápida e barata se incluir um “sobrevoo de Vénus” na rota.
Izenberg e vários especialistas redigiram um artigo no qual
apresentam esta solução e as suas alegadas vantagens. O documento,
importa frisar, foi submetido na revista Acta Astronautica, carecendo agora de revisão de pares.
Segundo o artigo, usar Vénus como trampolim não é só uma opção para rumar a Marte, mas é também uma parte essencial para uma eventual missão tripulada a este mundo.
“Vénus é a forma de chegar a Marte”, considerou ao mesmo portal de
ciência Kirby Runyon, geomorfologista planetário da Universidade Johns
Hopkins, que também assina o artigo científico submetido na Acta Astronautica.
Tal como explica o Space.com, há duas opções para ficar entre Marte e a Terra.
Duas formas para chegar ao Planeta Vermelho
A mais simples das formas consiste numa missão conjunta, durante a
qual uma nave espacial voa entre os dois planetas quando estes se
alinham nas suas órbitas. Depois de chegar a solo marciano, os
astronautas teriam que esperar que os dois mundos se voltassem a alinhar
para regressar à Terra, podendo este espaço de tempo demorar cerca de
um ano e meio. Esta é a “missão clássica”.
A segunda opção reside numa “missão de oposição”, durante a qual no caminho a Marte uma nave espacial passaria por Vénus, usando a gravidade do planeta para alterar o curso da viajem. O mesmo se aplicaria numa eventual viagem de regresso.
Seguir à boleia da gravidade de Vénus rumo a Marte reduziria
drasticamente a quantidade de energia necessária para a missão,
economizando combustível e carga e, consequentemente, também os custos
globais da expedição seriam menores.
E é esta segunda hipótese que estes cientistas defendem. “É preferível voar para Vénus para conseguir uma assistência por gravidade
a caminho de Marte”, sintetizou Paul Byrne, geólogo planetário da
Universidade Estadual da Carolina do Norte, nos Estados Unidos, também
da equipa que assinou o artigo.
A missão conjunta, apesar de parecer mais simples à primeira vista,
tem poucas e específicas janelas de oportunidades, uma vez que as
órbitas da Terra e Marte apenas se alinham uma vez a cada 26 meses. Na
missão de oposição, uma nave espacial poderia ser lançada a cada 19
meses. Tendo em conta que a missão de oposição é mais rápida, esta forma
faria também com que os astronautas passassem menos tempo em missão.
“Simplifica bastante a logística de ir a Marte,
especialmente na perspetiva da saúde da tripulação”, frisou Runyon. “Há
ciência nos dois planetas por muito menos do que o preço de duas missões
tripuladas separadas”, completou Byrne.
https://zap.aeiou.pt/astronautas-devem-usar-venus-trampolim-chegar-marte-333906
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