Tal como os vírus, as superbactérias são também uma ameaça à
saúde pública. Um novo estudo identificou um peptídeo capaz de tornar os
antibióticos ainda mais eficazes, com uma dose muito mais pequena.
Os antibióticos, uma das mais importantes descobertas médicas do
século XX, estão a ser derrotados pelas superbactérias, que têm
desenvolvido lentamente uma firme resistência a estes fármacos.
Apesar de os cientistas estarem a desenvolver novos antibióticos,
este processo é muito demorado, caro, e trata-se apenas de uma questão
temporal até as bactérias tornarem ineficazes estes novos medicamentos.
Na mira dos investigadores está um outro plano de ataque, que envolve
formas de revigorar os antibióticos já existentes.
Um novo estudo, levado a cabo por cientistas das Universidades Örebro e Linköping, identificou um peptídeo antibacteriano, conhecido como plantaricina, que é derivado de uma bactéria probiótica frequentemente usada como conservante em alimentos.
Para testar o potencial do peptídeo, a equipa usou plantaricina contra a Staphylococcus aureus, uma superbactéria resistente à meticilina (MRSA), muito comum em hospitais.
Nos testes, os cientistas descobriram que a plantaricina dissolve a membrana bacteriana, permitindo que os medicamentos entrem e matem as superbactérias com muito mais facilidade. Esta “arma” daria aos antibióticos uma nova oportunidade.
A equipa observou ainda que as dosagens necessárias são muito mais
pequenas. “Com a plantaricina, as doses de antibióticos necessárias para
obter um efeito antibacteriano suficiente são 100 vezes menores do que o habitual”, adiantou Hazem Khalaf, co-autor do estudo recentemente publicado na Nature Scientific Reports.
Esta característica é muito relevante para os investigadores, uma vez
que doses mais baixas significam menos probabilidade de haver efeitos
colaterais tóxicos, capazes de danificar órgãos internos.
De acordo com o New Atlas, a plantaricina mostrou-se promissora em testes com uma variedade de antibióticos diferentes e, segundo os investigadores, é improvável que as bactérias desenvolvam resistência a este peptídeo.
“A membrana é uma estrutura básica da célula bacteriana e permaneceu
estável durante a evolução sem grandes alterações. Isto explica por que
as bactérias não têm a capacidade de desenvolver resistência aos nossos
peptídeos”, explicou Torbjörn Bengtsson, investigador que participou
neste estudo.
O próximo passo é incorporar plantaricina em materiais de
revestimento de feridas ou revestimentos para implantes, de modo a
impedir a formação de biofilmes bacterianos.
https://zap.aeiou.pt/peptideo-enfraquece-superbacterias-321407
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