Uma equipa de cientistas demonstrou a capacidade de implantar
uma interface neural, flexível e ultrafina, no cérebro, com uma vida
útil de seis anos. Esta conquista é um passo importante para a criação
de interfaces neurais de alta resolução que podem persistir no corpo
humano por toda a vida.
Para muitos futuristas, o destino da humanidade consiste em fundir as
nossas mentes com as máquinas. No entanto, antes disso, precisamos de
arranjar uma forma de conectar fisicamente os seres humanos com a
tecnologia. Apesar de haver vários obstáculos na criação de uma
interface neural confiável, um dos maiores é a durabilidade.
Existem formas de ler os sinais cerebrais usando abordagens externas
como o eletroencefalograma (EEG), mas grande parte dos especialistas
concorda que, para capturar em detalhe a atividade cerebral, precisamos
de dar o passo seguinte: implantar dispositivos de gravação.
Como este processo envolve procedimentos médicos invasivo, seria uma
mais-valia que estes dispositivos tivessem uma grande durabilidade.
Contudo, até agora, os investigadores só conseguiram desenvolver
dispositivos confiáveis por curtos períodos de tempo.
De acordo com o Singularity Hub, uma grupo de cientistas fez um grande avanço ao criar uma interface neural ultrafina e flexível,
com milhares de elétrodos, capaz de sobreviver dentro do cérebro humano
durante seis anos. Além de húmido, o nosso cérebro é altamente
corrosivo e implacável para a maioria dos materiais artificiais.
Em comunicado,
Jonathan Viventi, engenheiro biomédico da Universidade Duke, nos
Estados Unidos, explicou que “tentar fazer com que estes sensores
funcionem dentro do cérebro é como atirar um smartphone dobrável e
flexível ao oceano e esperar que funcione nos 70 anos seguintes”.
Os investigadores usaram uma camada de dióxido de silício
com menos de um micrometro de espessura para fornecer um compartimento
muito mais confiável. O material degradou a uma taxa de apenas 0,46
nanómetros por dia. Além disso, o material é biocompatível, o que faz
com que seja muito improvável que o material se dissolva e cause danos
ao cérebro.
Apesar de não serem condutivos, os elétrodos conseguem detetar a atividade neural através de um sensor capacitivo, explica a equipa da universidade norte-americana num artigo científico publicado no dia 8 de abril no Science Translational Medicine.
Para testar a durabilidade, os cientistas implantaram a interface
neural de 64 elétrodos no cérebro de um rato, e concluíram que o
dispositivo manteve a sua confiabilidade durante mais de um ano. Além
disso, observaram que a abordagem era escalável.
Até agora, os cientistas só investigaram interfaces que ficam na
superfície do cérebro, mas garantem queno futuro, será possível que esta
abordagem funcione com elétrodos penetrantes, colocados profundamente
dentro do tecido cerebral.
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