"Há coisas muito legais nos registros fósseis que não são exploradas
porque os engenheiros geralmente não olham para a Paleontologia quando
pensam em soluções para problemas aeronáuticos”, declarou Liz
Martin-Silverstone, pesquisadora e pós-doutoranda da Universidade de
Bristol, ao site Sci-News.
Ela se referia à sua pesquisa, publicada na revista Trends in Ecology & Evolution,
que trata da fisiologia dos pterossauros e de outros dinossauros
voadores. Esses animais poderiam ensinar velhos truques para solucionar
problemas de novas tecnologias, como estabilidade de voo e formas de
lançamento de drones.
Esse
fóssil de um Jeholopterus mostra vestígios do que seria penugem, o que
sugere que pterossauros mais evoluídos teriam sangue quente.
Segundo explicou o paleontólogo Nizar Habib à revista National Geographic,
pterossauros possuíam uma membrana que começava no ombro, indo até o
tornozelo, formando suas asas. Isso tornava possível a eles alçar voo,
apesar de seu tamanho e peso: algumas espécies tinham asas com mais de
dez metros de envergadura e corpos pesando mais de 250 kg, encimados por
cabeças de 3 metros de comprimento.
Para Liz Martin-Silverstone, fósseis desses animais pré-históricos
podem dar à engenharia aeroespacial uma visão extraordinariamente
profunda da anatomia de suas asas e de sua capacidade de voar. “Embora
você não saiba exatamente o formato da asa, é possível modelar sua
eficácia e determinar qual seria o melhor desempenho em condições
naturais”.
Sobre quatro membros, como corredores
Porém, saber como esses animais gigantescos levantavam voo é outra
história. Se no mundo moderno lançar-se ao ar através de um salto é
procedimento comum no reino animal, quanto maior a ave, mais impulso ela
precisa.
Modelo de um Quetzalcoatlus northropi é pintado antes de ser entregue a um museu no Kuwait.
Uma das hipóteses sugere que pterossauros alçariam voo dando um salto
potente. Usando cotovelos e pulsos, o animal começaria a voar a partir
da altura alcançada. "Um dos problemas que hoje a tecnologia enfrenta é
que drones precisam de uma superfície plana para ser lançado. Conhecer a
fisiologia de lançamento dos pterossauros pode ajudar a resolver alguns
desses problemas ", explicou a pesquisadora.
O paleontólogo Nizar Habib usou, por sua vez, equações aeronáuticas
para determinar como os pterossauros levantavam voo. Segundo ele, esses
animais não se lançavam a partir dos dois pés (de acordo com Habib, por
causa do peso isso teria despedaçado as pernas do animal na decolagem).
Para ele, a posição ideal seria sobre quatro patas: “posicionando-se
sobre os membros anteriores e impulsionando-se para o ar", como acontece
com um corredor profissional na largada.
Voar e permanecer no ar
Era preciso ainda continuar voando e, por isso, o modo como os
pterossauros lidavam com a vibração de suas asas gigantescas pode ajudar
a resolver problemas de instabilidade no ar.
Para Nizar, apesar de retratados como desengonçados, pterossauros eram elegantes e sofisticadas máquinas voadoras. “O Nyctosaurus,
um pterossauro marinho parecido com um albatroz, tinha um rácio de
planagem no nível de um planador de corrida contemporâneo”, diz ele.
As estratégias de voo
desses animais ainda permanecem ocultas em seus fósseis. "Se combinarmos
nosso conhecimento de animais vivos e extintos, teremos uma chance
muito maior de superar os obstáculos que ainda dificultam o voo feito
pelo homem”, resume a pesquisadora.
https://www.megacurioso.com.br/ciencia/114296-voo-dos-pterossauros-pode-resolver-problemas-modernos-da-aviacao.htm
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