Um cometa chamado ATLAS estava sendo monitorado pela NASA
e pela Agência Espacial Europeia, que nutriam a esperança de poder
estudar sua composição durante sua passagem pelo nosso sistema solar.
Entretanto, em abril, o corpo celeste começou a se desintegrar,
diminuindo as expectativas das entidades – que não esperavam contar com
um golpe de sorte proporcionado pelas leis da Física.
De acordo com o Space, o jogo pode virar. Isso porque o
Solar Orbiter, veículo espacial designado para pesquisas relacionadas ao
Sol, terá a oportunidade de passar pelo mesmo trajeto da cauda do ATLAS
nas próximas semanas. O “encontro” está previsto para começar em 31 de
maio ou 1º de junho, segundo o site, sendo que o equipamento estará
envolto na poeira cósmica em 6 de junho.
Assim que a nave estiver dentro desse ambiente, os instrumentos dedicados a analisar partículas solares
podem dar uma boa “olhada” em como se comportam campos ionizantes
gerados por esse corpo – ou o que restou dele. Ao menos é o que afirma
um estudo publicado no periódico Research Notes of the AAS.
Os pesquisadores, claro, não negam a grande chance
que podem ter: “Caso os instrumentos da Solar Orbiter detectem tais
materiais, esta será a primeira passagem acidental pela cauda de um
cometa com os dispositivos adequados na História”. É um acerto astronômico completamente inesperado.
Uma chance em um milhão – ou mais
Batizado oficialmente de C/2019 Y4, o cometa ATLAS foi identificado
em 28 de dezembro de 2019 por meio do Último Sistema de Alerta Terrestre
de Impacto Asteroide, observatório localizado no Havaí. Conforme seu
brilho foi aumentando nos meses seguintes, os cientistas esperavam poder
observá-lo melhor no momento em que ele ficasse mais próximo do Sol. De
repente, tudo começou a desmoronar.
Em abril, o corpo havia se transformado em meia dúzia de pedaços separados, segundo imagens capturadas pelo Hubble.
Ainda assim, nem tudo estava perdido, já que, ao considerarem todas as
possibilidades, os pesquisadores notaram a convergência das órbitas do
ATLAS e do Solar Orbiter. Não perderam tempo e iniciaram o processo de
calibragem dos instrumentos.
A coincidência se deu porque o líder da equipe estava trabalhando justamente em uma missão futura da ESA, chamada Comet Interceptor, a ser lançada em 2028 – que consiste em, basicamente, vagar pelo Universo à espera de oportunidades como a que vai ser posta em prática agora. O cientista, então, foi atrás de informações a respeito do veículo já no espaço e não se decepcionou.
Desintegração do cometa ATLAS capturada pelo Hubble.
Se com anos de cálculos já é complicado realizar tal feito, imagine
uma tarefa desse porte completada por mero acaso. Bem, ao que parece, é
exatamente o que vai ocorrer.
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