Num projeto desenvolvido entre a USP e a iniciativa privada,
pesquisadores da Escola Politécnica, Faculdade de Medicina e Faculdade
de Odontologia daquela instituição estão desenvolvendo um tipo de
capacete que pode ser usado em respiradores artificiais utilizados em
UTIs para tratamento de pacientes infectados pelo novo coronavírus.
O professor Raul Gonzales Lima, coordenador do projeto "Inspire —
Ventilador Pulmonar de Baixo Custo", explica as vantagens do novo
equipamento: “Trata-se de uma opção menos invasiva, já que em muitos
casos pode ser uma alternativa para evitar a necessidade de utilização
do tubo endotraqueal introduzido no paciente”.
Conhecido entre os cientistas como "Escafandro", pela sua semelhança
com o equipamento usado por mergulhadores, o capacete é composto de uma
cúpula redonda de acrílico, uma membrana de látex que se ajusta ao
pescoço do paciente, uma almofada inflável sobre os ombros e filtros e
válvulas de acesso.
Os tubos do aparelho são ligados ao respirador artificial e funcionam
como entrada e saída de ar. O respirador artificial deve ser capaz de
fazer com que o ar que entra tenha concentração e pressão controlados
para melhorar a oxigenação sanguínea.
O Escafandro
Segundo o professor Raul, o equipamento "impede a contaminação no
ambiente de uma UTI, já que o ar é filtrado. Assim, possíveis partículas
da covid-19 não serão dispersadas no ambiente hospitalar". Pelo fato de
o acrílico poder ser higienizado até mesmo com bactericidas, o material
pode ser reutilizado em outros pacientes.
Em terceira versão, o projeto está em fase final de prototipagem. A
cada protótipo novos aperfeiçoamentos vão sendo agregados. Ainda se
trabalha para a redução da "complacência" que é o espaço morto
instrumental que armazena o CO2 que sai dos pulmões.
As próximas etapas são otimizar a complacência e avaliar o uso de
outros materiais. É a chamada etapa física e biomédica que, segundo o
coordenador, deve se encerrar nesta semana. Tão logo aprovado pela
Comissão de Ética, o projeto passa para a fase de testes clínicos.
Os trâmites de aprovação junto à Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa) estão em andamento. Conforme o professor Raul, a
produção em larga escala do projeto definitivo deverá ser rápida pois
utiliza materiais e infraestrutura de fabricação disponíveis no mercado
nacional. O custo estimado do capacete-respirador é inferior a 400
reais.
https://www.megacurioso.com.br/ciencia/114516-cientistas-da-usp-criam-capacete-para-tratamento-da-covid-19.htm
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