Naquele que poderá ser um adeus às injeções de insulina, uma
equipa de investigadores está a tentar reverter a diabetes através de
uma nova técnica de edição de genoma baseada na CRISPR.
Na diabetes tipo 1, o pâncreas deixa completamente de produzir
insulina por destruição completa das células que fabricam esta hormona.
Por esta razão, a única maneira de tratar este tipo de diabetes é
administrando insulina.
Nos anos 90, testou-se um tratamento revolucionário para curar a doença. Os pacientes receberam transplantes de tecido que continha células produtoras de insulina.
A ideia era que compensassem as células defeituosas dos pacientes com
diabetes. O transplante funcionou, mas apenas temporariamente.
Embora que esta terapia não tenha tido o sucesso desejado, os
cientistas não desistiram da ideia de tentar encontrar uma cura para a
diabetes. É neste sentido que uma equipa de investigadores da
Universidade de Washington em St. Louis acredita que a CRISPR pode ser a solução para reverter a doença.
O objetivo dos cientistas é corrigir as células estaminais
dos pacientes diabéticos através desta tecnologia de edição de genoma.
Com esta eventual alteração, as células passariam a produzir a insulina
necessária. O estudo foi publicado, em abril, na revista científica Science Translational Medicine.
Os autores do estudo explicam que a abordagem poderia eventualmente ser usada para tratar a diabetes tipo 1 e tipo 2. “Conseguimos reverter a diabetes em ratos com cerca de uma semana”, disse ao OneZero Jeffrey Millman, coautor do estudo.
Os investigadores usaram células da pele de um paciente com a doença
para gerar um tipo de célula estaminal que pode ser transformada em
qualquer tipo de célula do corpo. Através do CRISPR, os cientistas
corrigiram a mutação no gene que causa a doença. Depois, transformaram
as células estaminais corrigidas em células beta pancreáticas e
injetaram-nas em ratos. Apenas uma semana depois, os níveis de açúcar no sangue normalizaram e mantiveram-se estáveis nos seis meses que se seguiram.
A aplicação em humanos ainda não é garantida e, por
enquanto, os especialistas estudam qual o melhor local do corpo para
infundir as células beta corrigidas. Em testes clínicos anteriores,
cientistas tentaram infundir as células debaixo da pele, mas os
resultados não foram convincentes.
Além disso, os investigadores estimam que seriam necessárias mil milhões de células para tratar apenas um paciente. Este processo de recolha demoraria vários meses ou até mesmo um ano.
É improvável que as células estaminais editadas geneticamente pela
CRISPR substituam a insulina tão cedo. No entanto, é de esperar que
brevemente alguns testes em humanos comecem a ser feitos nesse sentido.
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