Uma equipa de cientistas identificou uma nova proteína
antienvelhecimento, que controla o metabolismo das outras proteínas, um
processo implicado no envelhecimento e na doença.
Os seres humanos estão a viver mais do que nunca. No entanto, a par
destes aumentos na esperança média de vida, há um aumento na ocorrência
de doenças relacionadas com a idade, como cancro e demência.
Num estudo recentemente publicado na revista científica Cell Reports, uma equipa de cientistas identificou uma nova proteína antienvelhecimento, chamada Gaf1.
Os investigadores descobriram que a Gaf1 controla o metabolismo das
proteínas, um processo que está implicado no envelhecimento e na doença.
E, sem a Gaf1, as células têm uma vida útil mais curta.
O envelhecimento é um processo complexo e depende de genes e fatores
ambientais, como a dieta. É sabido que dietas com restrição calórica
podem prolongar a vida útil. Alguns estudos sugerem que também
No entanto, os cientistas agora percebem que pode ser realmente a quantidade de nutrientes específicos – como aminoácidos – que estão associados à longevidade e não a quantidade de calorias consumidas.
As células detetam a quantidade de nutrientes no seu ambiente através
de moléculas específicas dentro das nossas células. Uma dessas
moléculas é uma enzima conhecida como TOR, que deteta a
quantidade de aminoácidos presentes no corpo e disponíveis para as
células. Quando as nossas células possuem muitos aminoácidos, a enzima
TOR altera o nosso metabolismo e instrui as células a crescer ao produzir muitas proteínas.
Mas se os aminoácidos forem limitados, a TOR instrui o corpo a ficar em alerta. Agora sabemos que esta “resposta ao stresse” é benéfica para as células
e para o organismo em geral. Isto ocorre porque a longevidade está
intimamente relacionada com a capacidade de um organismo lidar
efetivamente com tensões internas e externas. Uma célula que está “em
alerta” lida melhor.
Por exemplo, num estudo de abril disponível para consulta no bioRxiv, os cientistas analisaram o turnover de
proteínas nas células de diferentes animais com esperança média de vida
de quatro a 200 anos. Eles descobriram que os animais de vida mais
longa têm menor turnover proteico e demandas de energia dentro das suas células em comparação com os de vida curta.
Gaf1 e envelhecimento
Recentemente, os cientistas descobriram novas funções da proteína
Gaf1. Gaf1 é uma proteína capaz de se ligar ao ADN da célula e ativar ou reprimir genes específicos.
Quando a TOR está ativa, a Gaf1 é encontrada no citoplasma da célula e
não se liga ao ADN. No entanto, quando a TOR é desativada por intermédio
de uma dieta ou medicamentos, a Gaf1 pode viajar para o núcleo e
ligar-se ao ADN.
A equipa de investigadores descobriu que, quando se liga ao ADN, a
Gaf1 interrompe todos os genes responsáveis pela produção de tRNAs. Além
disso, também interrompe outros genes necessários, como os responsáveis
pela produção de ribossomos.
Isto é feito controlando uma rede de genes responsáveis por fornecer todos os elementos básicos para a produção de proteínas.
Isso significa que a Gaf1 garante que a célula pare de produzir os
componentes necessários para esse processo de tradução. No entanto, isto
é apenas temporário e pode reverter quando os aminoácidos estiverem
disponíveis.
Também se descobriu que as células que não possuem Gaf1 têm uma vida curta.
Sem a Gaf1, o crescimento não é interrompido e a extensão da vida útil
observada não está a ocorrer totalmente. Por outras palavras,
encontrou-se uma molécula que medeia alguns dos efeitos benéficos da
restrição alimentar.
Proteínas semelhantes à Gaf1 existem em muitos animais, incluindo seres humanos – e demonstraram controlar nosso desenvolvimento e células estaminais, que são importantes para o desenvolvimento de doenças, como o cancro.
A função da TOR, o crescimento celular e a produção de proteínas são
importantes na nossa fisiologia e saúde, mas também podem contribuir
para o desenvolvimento de certas doenças, como cancro ou Alzheimer. Este
novo estudo mostrou como a restrição alimentar é controlada até os
genes da célula. Saber isto pode permitir examinar como medicamentos ou
dietas específicas podem ajustar a função destes fatores para nosso
benefício – o que talvez possa até aumentar a nossa expectativa média de
vida.
https://zap.aeiou.pt/proteina-fundamental-longevidade-325595
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