Uma terapia de anticorpos para combater o coronavírus deve começar a
passar por testes clínicos em humanos até setembro. Esse novo tratamento
deve ficar disponível antes da produção de uma vacina contra a
covid-19, que deve demorar pelo menos 18 meses para ser produzida de
acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS).
A pesquisa, liderada por Michel Nussenzweig, cientista brasileiro da Universidade Rockefeller, clonou anticorpos presentes no plasma de 68 indivíduos que estavam com covid-19. Um estudo preliminar, publicado no portal BiorXiv na última sexta (15), afirma que estes clones podem ser úteis tanto para o tratamento de pessoas infectadas como na prevenção da infecção causada pelo Sars-Cov2.
Desenvolvimento da terapia de anticorpos
(Fonte: NIH/Divulgação)
Em
menos de um mês, os pesquisadores conseguiram isolar os primeiros
anticorpos para o estudo. Isto só foi possível porque os estudiosos
utilizam uma técnica já empregada nas pesquisas de tratamento contra o
HIV.
Além do grupo liderado pelo cientista brasileiro, duas
empresas farmacêuticas de biotecnologia também estão desenvolvendo
terapias similares. A VIR e a Regeneron também pretendem iniciar os
testes de seus primeiros produtos a partir do meio do ano.
Células de defesa do organismo
Apesar
de muitas pessoas desenvolverem anticorpos contra o coronavírus, a
pesquisa identificou que as células de defesa são produzidas em baixa
concentração. Assim, a maioria dos plasmas convalescentes obtidos de
indivíduos que se recuperam da covid-19 sem hospitalização não continha
níveis altos de atividade neutralizante.
Mas, em todos os
indivíduos testados, foram encontrados alguns anticorpos específicos com
atividade antiviral potente. Esses anticorpos têm uma estrutura comum,
capaz de agarrar as proteínas presentes na superfície do novo
coronavírus, o que pode adiantar também a pesquisa sobre uma possível
vacina contra a doença.
Disponibilidade do tratamento
O
grupo de pesquisadores pretende produzir em série os anticorpos para
tornar o tratamento contra covid-19 mais rápido. No entanto, a produção
em larga escala ainda depende da entrada de grandes empresas
farmacêuticas nos projetos em curso, de acordo com o cientista
brasileiro.
Os testes que serão realizados ainda este ano não
serão realizados com grandes grupos de pessoas. Esse é um procedimento
padrão da pesquisa clínica de novos tratamentos. Além disso, o custo
desse tipo de terapia para outras doenças é muito alto, o que deve
dificultar o acesso amplo para a população mundial.
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