A restrição na circulação de veículos pesados devido ao
confinamento e às medidas para combate da pandemia melhorou a qualidade
do ar. Uma equipa de investigadores norte-americanos acredita que será
possível manter o ar limpo depois do regresso à normalidade.
Segundo noticiou o Explorist na terça-feira, um estudo
desenvolvido por investigadores da Universidade da Califórnia em Los
Angeles (UCLA), nos Estados Unidos (EUA), apontou para uma série de
estratégias que podem manter a qualidade do ar e reduzir drasticamente as emissões de gases de efeito estufa e a poluição atmosférica até 2050.
“Não é necessário uma pandemia global para criar um ar mais limpo e
vidas mais saudáveis. As pessoas beneficiam diretamente da ação
climática, a escala local e regional. Os benefícios de saúde pública são
imediatos e de longo prazo, e podemos salvar milhares de milhões de
dólares a cada ano”, disse Yifang Zhu, um dos autores do estudo e
professor da Faculdade de Saúde Pública da UCLA.
Para controlar o aumento global da temperatura de dois graus
Celsius até 2100, o Painel Intergovernamental das Nações Unidas sobre
Mudanças Climáticas adverte que as emissões causadas por humanos
precisam ser reduzidas para quase zero, e quaisquer outras emissões têm
que ser capturadas e armazenadas – emissões líquidas zero ou
neutralidade de carbono.
Contudo, como lembrou o Explorist, alcançar essa meta a
nível global não será uma tarefa fácil, mas é possível na Califórnia.
Seguindo essa linha, os cientistas criaram o primeiro roteiro para o
estado, através de políticas e tecnologias já existentes.
“Nada do que estamos a sugerir é ficção científica,
mas será necessário muito mais do que aquilo que estamos a fazer agora”,
referiu o co-autor do estudo, Tony Wang, engenheiro do Conselho de
Recursos Aéreos da Califórnia.
Em colaboração com o Instituto Conjunto da UCLA para Ciência e
Engenharia do Sistema Terrestre Regional, os investigadores criaram um
modelo que analisa as mudanças na qualidade do ar num cenário de
emissões líquidas zero. Combinaram depois o modelo com dados
epidemiológicos, estimando o impacto de um ar mais limpo na saúde
pública.
Os resultados sugerem que quase 14 mil mortes prematuras poderiam ser evitadas a cada ano na Califórnia até 2050.
Os cientistas descobriram também que atingir emissões líquidas zero
poderia reduzir os sintomas respiratórios agudos em 8,4 milhões de
adultos; diminuir o agravamento da asma em um milhão de crianças;
diminuir o número de dias de trabalho perdidos em 1,4 milhões e baixar
os internamentos por complicações cardiovasculares em 4.500.
“Ficamos contentes ao constatar que, reduzindo essas emissões, são
conseguidos níveis desproporcionalmente mais altos de benefícios da
qualidade do ar para as comunidades desfavorecidas”, indicou Yifang Zhu.
E acrescentou: “Diferentemente do que está a acontecer na atual crise
de covid-19, atingir emissões líquidas zero após a pandemia beneficiaria a economia”.
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