sexta-feira, 29 de janeiro de 2021

O maior mar de Titã terá mais de 300 metros de profundidade - É convidativo o suficiente para um submarino !

O maior mar de Titã, a maior e uma das mais promissoras luas de Saturno para a procura de vida alienígena, tem pelo menos 300 metros de profundidade perto do seu centro, segundo estimativas de astrónomos da Universidade de Cornell.

Em causa está Kraken Mare, que, além das suas generosas dimensões que o tornam o maior mar deste satélite natural, parece ser também bastante profundo – o suficiente para um potencial submarino robótico o conseguir explorar.

Trata-se de um enorme mar de metano líquido, característica que o torna mais apetecível na procura de vida extraterrestre, numa “corrida” onde Titã e Encélado, outras das luas de Saturno, são considerados mundos bastante promissores.

“A profundidade e a composição de cada um dos mares de Titã já foram medidas, à exceção do maior mar de Titã, Kraken Mare – que não só tem um ótimo nome, como também contém 80% dos líquidos da superfície da lua”, disse Valerio Poggiali, co-autor do novo estudo, cujos resultados foram publicados no Journal of Geophysical Research.

Os cientistas estimaram que Kraken Mare tem 300 metros de profundidade, enquanto Moray Sinus, outro dos mares de Titã, tem cerca de 85 metros de profundidade.

Em comunicado, a equipa precisa que as estimativas têm por base dados recolhidos a 21 de agosto de 2014 pela já “aposentada” sonda Cassini, da agência espacial norte-americana (NASA), durante o sobrevoo final sobre Titã.

As medições foram levadas a cabo a uma altitude de quase mil quilómetros acima da superfície de Titã, quando a sonda Cassini orbitava o satélite natural a 21 mil quilómetros por hora, e basearam-se na quantidade de energia de radar absorvida durante o retorno do seu sinal através de um líquido.

Além da profundidade, os cientistas também puderam confirmar que Kraken Mare é realmente imenso: atinge as dimensões dos cinco Great Lakes combinados.

De acordo com Poggiali, Titã, o único satélite com atmosfera densa, representa um ambiente modelo de uma possível atmosfera da Terra primitiva.

Neste contexto, sustentou o cientista da Universidade de Cornell, “entender a profundidade e a composição de Kraken Mare e Moray Sinus é importante, uma vez que permite uma avaliação mais precisa da hidrologia de metano em Titã“.

“Ainda assim”, continuou, “há ainda muitos mistérios para resolver”, um dos quais passa por perceber a origem do metano líquido de Kraken Mare.

Segundo o especialista, num futuro ainda distante, um submarino, provavelmente sem motor mecânico, navegará por Kraken Mare. “Graças às nossas medições, os cientistas podem inferir a densidade do líquido com maior precisão e, consequentemente, calibrar melhor o sonar a bordo do navio e compreender os fluxos direcionais do mar”.

https://zap.aeiou.pt/maior-mar-tita-300-metros-profundidade-375614

 

“Gémeos maléficos” - Misteriosas partículas podem estar a transformar estrelas em buracos negros

O Universo pode estar cheio de partículas “espelho” – e essas partículas indetetáveis podem estar a encolher as estrelas mais densas do cosmos, transformando-as em buracos negros.

Estes hipotéticos “gémeos maléficos” de partículas comuns experimentariam uma versão invertida das leis da Física. Um novo estudo revela que, se estas partículas existirem, podem estar a encolher as estrelas mais densas do Universo e a transformá-las em buracos negros.

De acordo com o LiveScience, várias simetrias fundamentais na natureza dão origem às leis da Física. Porém, uma delas nem sempre é obedecida – a simetria do reflexo ocorre quando se vê a imagem no espelho de uma reação física. Em quase todos os casos, obtém-se exatamente o mesmo resultado.

No entanto, nem sempre. O violador da simetria de reflexão é a força nuclear fraca. Sempre que a força fraca está envolvida numa interação de partículas, a imagem espelhada dessa interação parecerá diferente.

Os físicos não sabem por que razão a simetria do espelho está estragada no nosso Universo. Alguns propuseram uma explicação radical: talvez não esteja estragada e estamos, simplesmente, a olhar para o Universo da forma errada.

A simetria do espelho permite a existência de algumas partículas extra, que seriam uma cópia espelhada de cada partícula. Outros nomes para a matéria do espelho incluem “matéria da sombra” e “matéria de Alice”.

O reflexo é preservado no Universo: a matéria comum realiza interações com a mão esquerda e a matéria do espelho realiza interações com a mão direita. Tudo se sincroniza ao nível matemático.

Os neutrões e os seus “gémeos maléficos”

Como a única força que viola a simetria do espelho é a força nuclear fraca, essa é a única força que pode fornecer um “canal” para que a matéria regular comunique com as suas contrapartes no espelho. Porém, a força é muito fraca, por isso, mesmo se o Universo estivesse inundado com partículas espelhadas, seriam quase impercetíveis.

Muitas experiências concentraram-se em partículas neutras – neutrões. Os físicos teóricos preveem que um campo gravitacional muito forte pode aumentar a ligação entre neutrões e neutrões espelho e a natureza já criou um dispositivo experimental para caçar matéria espelhada – as estrelas de neutrões.

Estas estrelas são os núcleos remanescentes de estrelas gigantes, extraordinariamente densas e extremamente pequenas. O novo estudo propõe que, com a abundância de neutrões e o campo gravitacional extremo, os neutrões podem estar a transformar-se ocasionalmente em neutrões espelho.

Segundo os cientistas, quando um neutrão se transforma num neutrão espelho, algumas coisas acontecem. O neutrão espelho ainda está pendurado dentro da estrela – está gravitacionalmente ligado e, portanto, não pode ir a lado nenhum. O neutrão espelho tem uma influência gravitacional própria, por isso a estrela não evapora.

Porém, os neutrões espelho não participam nas interações que os cientistas detetam nas estrelas de neutrões, por isso, muda a química interna. Estes neutrões fazem parte de uma vida de “estrela de neutrões espelho”, com o seu próprio conjunto de interações atómicas, mas essa vida está oculta.

À medida que os neutrões se convertem em neutrões espelho, a estrela encolhe. Numa proporção de 1:1 de neutrões regulares para neutrões espelho, a estrela de neutrões fica cerca de 30% mais pequena.

Estes corpos podem sustentar-se com o peso esmagador da sua própria gravidade por um processo mecânico quântico chamado pressão de degeneração. No entanto, essa pressão tem um limite e, com menos neutrões regulares, esse limite diminui.

Se uma estrela tivesse uma proporção de 1:1 de neutrões comuns para neutrões espelho, a massa máxima das estrelas de neutrões no Universo seria cerca de 30% menos massiva do que se esperaria.

Se fosse mais massivo do que isso, as estrelas de neutrões entrariam em colapso e transformar-se-iam em buracos negros.

O caso, porém, não está encerrado: o Universo é antigo e não se sabe quanto tempo este processo de mudança pode durar. É possível que não tenha havido tempo suficiente para as estrelas de neutrões fazerem a troca. Assim, ao encontrar e observar mais estrelas de neutrões, os cientistas podem encontrar um sinal de um espelho oculto do Universo.

Este estudo, que ainda não foi revisto por pares, está disponível desde dezembro na plataforma de pré-publicação arXiv.

https://zap.aeiou.pt/gemeos-maleficos-particulas-transformar-375568

 

Alguns doentes com reações alérgicas graves terão de tomar medicação antes da vacina contra a covid-19

Investigadores portugueses participam numa norma internacional que aconselha a toma de uma medicação antes da vacina contra a covid-19 por parte de alguns doentes com reações alérgicas graves a agentes externos.


Tiago Rama, médico imunoalergologista, explicou ao Expresso que doentes com doenças mastocitárias, que incluem as mastocitoses e as síndromes de ativação mastocitária, “têm uma maior reatividade a agentes externos, como vacinas, nos mastócitos, as células [do sistema imunitário] que são as principais responsáveis pelos sintomas de alergia”.

O médico realçou que, nestes casos, os pacientes nem sempre apresentam sintomas de reações alérgicas mais comuns, mas avançam logo para uma reação anafilática grave, “habitualmente com perda de consciência”.

Frequentemente, têm de tomar uma pré-medicação específica sempre que fazem procedimentos médicos que incluem receber medicação, anestesias e vacinas. Para que não deixassem de ser vacinados, será preciso arranjar uma alternativa, alertou Tiago Rama.

Em conjunto com o clínico, professor e investigador André Moreira e a investigadora sénior da Universidade de Harvard, Mariana Castells, Tiago Rama, investigador do Centro Hospitalar de São João e da Universidade do Porto, criou um protocolo de medicação a ser administrada a estes doentes antes da vacinação contra a covid-19.

De acordo com o artigo científico, publicado recentemente no Journal of Allergy and Clinical Immunology, a combinação de três medicamentos possibilita a vacinação sem quaisquer reações.

Os especialistas testaram a fórmula em duas profissionais de saúde da linha da frente, no Hospital de São João, no Porto, que sofrem desta condição. Ambas já tomaram as duas doses da vacina da Pfizer “sem qualquer reação”.

https://zap.aeiou.pt/reacoes-alergicas-medicacao-vacina-376329

O corpo humano produz 3,8 milhões de células por segundo

Um novo estudo mostra que o nosso corpo produz cerca de 330 mil milhões de células por dia. Este ritmo significa que mais de 3,8 milhões de novas células são produzidas a cada segundo.


Numa escala celular, o corpo humano está em constante estado de atividade para nos manter vivos. Entre esses processos está a renovação de células, no qual as células mortas são substituídas por novas. Agora, um novo cálculo revela o quão intenso é este processo.

Segundo o site Science Alert, os biólogos Ron Sender e Ron Milo, do Instituto Weizmann de Ciência, em Israel, basearam os seus cálculos numa pessoa de referência padrão: um homem saudável, com uma idade entre os 20 e os 30 anos, que pesa 70 quilos e mede 1,70 metros.

De seguida, para a sua estimativa das taxas de renovação celular, os cientistas incluíram todos os tipos de células que constituem mais de 0,1% da população total de células.

A expectativa de vida das células foi recolhida a partir de uma pesquisa bibliográfica, usando apenas os trabalhos que fizeram medições diretas da expectativa de vida de células humanas. Depois, os investigadores derivaram a massa celular total para cada tipo, com base na massa celular média.

Com base nestas informações, Sender e Milo chegaram à conclusão que este homem padrão teria uma taxa de renovação celular de cerca de 80 gramas por dia, ou seja, 330 mil milhões de células.

Deste volume, 86% seriam células sanguíneas, principalmente glóbulos vermelhos (o tipo de célula mais abundante no corpo humano) e neutrófilos (o tipo mais abundante de glóbulos brancos). Outros 12% seriam células epiteliais gastrointestinais, com pequenas quantidades de células relativas à pele (1,1%), células endoteliais que revestem os vasos sanguíneos e células pulmonares (0,1% cada).

Embora as células sanguíneas constituam a maior parte da renovação celular em termos de quantidade de células individuais, relativamente à massa que representam, a história é outra, revela o mesmo site.

Apenas 48,6% da massa são células sanguíneas, de todos os tipos. As células gastrointestinais constituem outros 41%. As células da pele perfazem 4%, enquanto as células adiposas (relativas à gordura), que mal se registam no número de células, perfazem outros 4%.

É importante destacar que estes números provavelmente variam de pessoa para pessoa, dependendo de fatores como a idade, a saúde, o tamanho e o sexo. Porém, esta investigação, cujo estudo foi publicado a 11 de janeiro na revista científica Nature Medicine, fornece uma linha de base a partir da qual é possível entender melhor como funciona a renovação celular.

https://zap.aeiou.pt/corpo-humano-celulas-por-segundo-375552

 

Identificada a evidência mais antiga já encontrada de água no Sistema Solar

Uma equipa multidisciplinar de especialistas identificou num meteorito que caiu no norte da Alemanha em 2019 evidências da primeira presença de água líquida num objeto planetário do Sistema Solar.

Os especialistas do Instituto de Ciências da Terra referem que foi através de uma sonda de iões de alta precisão que chegaram à datação do corpo, escreve a agência Europa Press.

O meteorito, que caiu na Terra em setembro de 2019 e foi batizado de Flensburg devido ao local em que foi encontrado, é um condrito carbonáceo, uma forma rara de meteorito.

De acordo com os especialistas, a descoberta é bastante única: “No início do Sistema Solar, a rocha foi amplamente exposta a um fluído aquoso e, assim, acabou por formar silicatos e carbonatos com água”, explicam os cientistas.

Cientistas do Instituto de Planetologia da Universidade de Heidelberg, que também estiveram envolvidos na investigação, veem o meteorito como um possível bloco de construção que pode ter fornecido água ao planeta Terra desde o início.

“Estas medições [com a sonda de iões] são extremamente difíceis e desafiadoras, porque os grãos de carbonato na rocha são extremamente pequenos. Além disso, as medições isotópicas devem ser muito precisas, dentro de uma faixa muito estreita de apenas alguns micrómetros de diâmetro, mais finas do que um cabelo humano”, explicou Thomas Ludwig, cientista do Instituto de Ciências da Terra.

O método de datação é baseado nas taxas de decaimento de um isótopo natural: a decadência do radionuclídeo 53Mn, que ainda estava ativo no início do Sistema Solar.

“Usando este método, as determinações de idades mais precisas feitas até agora indicaram que o asteróide e carbonatos do meteorito de Flensburg se formaram apenas três milhões de anos depois da formação dos primeiros corpos sólidos no Sistema Solar”, explica, por sua vez, o professor Mario Trieloff, que liderou a nova investigação.

Estes carbonatos são, portanto, mais de um milhão de anos mais velhos do que outros carbonatos comparáveis noutros tipos de condritos carbonáceos.

A investigação faz parte de um estudo conduzido por um consórcio coordenado pela Universidade de Münster, na Alemanha, com cientistas da Europa, Austrália e Estados Unidos. Participaram, no total, 41 cientistas de 21 instituições da Alemanha, França, Suíça, Hungria, Grã-Bretanha, Estados Unidos e Austrália.

Os resultados da investigação foram publicados na revista científica especializada Geochimica et Cosmochimica Acta.

https://zap.aeiou.pt/evidencia-antiga-agua-no-sistema-solar-375586

 

Astrónomos sugerem que existem buracos negros “estupendamente grandes”

Já existem buracos negros supermassivos e ultramassivos. Mas, de acordo com um novo estudo, pode haver até uma nova categoria: buracos negros estupendamente grandes.

De acordo com o site Science Alert, estes hipotéticos buracos negros – maiores do que 100 mil milhões de vezes a massa do Sol – foram explorados num novo estudo científico que os chama de SLABs, sigla em inglês para “buracos negros estupendamente grandes”.

“Já sabemos que os buracos negros existem numa vasta gama de massas, com o exemplo de um buraco negro supermassivo de quatro milhões de massas solares a residir no centro da nossa própria galáxia”, explicou o astrónomo Bernard Carr, da Queen Mary University London, no Reino Unido.

Embora não haja ainda evidências da existência dos SLABs, é concebível que possam existir e também residir fora das galáxias no espaço intergaláctico, com consequências observacionais interessantes”, acrescentou.

“No entanto, surpreendentemente, a ideia dos SLABs tem sido amplamente negligenciada até agora. Nós propusemos opções para como se podem formar e esperamos que o nosso trabalho comece a motivar discussões dentro da comunidade.”

O problema, escreve o mesmo site, é que os cientistas ainda não sabem muito bem como é que os buracos negros realmente grandes se formam e crescem. Uma possibilidade é a teoria dos buracos negros primordiais.

Proposta pela primeira vez em 1966, esta teoria defende que a densidade variável do Universo primitivo poderia ter produzido aberturas tão densas, que desabaram em buracos negros. Estes não estariam sujeitos às restrições de tamanho de buracos negros de estrelas colapsadas e poderiam ser extremamente pequenos ou estupendamente grandes.

Portanto, com base neste modelo, a equipa calculou exatamente o quão estupendamente grandes estes buracos negros poderiam ser, entre 100 mil milhões e um trilião de massas solares.

O propósito deste estudo, publicado a 24 de novembro na revista científica Monthly Notices of the Royal Astronomical Society, segundo os cientistas, foi considerar o efeito de tais buracos negros no espaço à sua volta. Porque embora não sejamos capazes de ver SLABs de forma direta, os objetos massivos invisíveis ainda podem ser detetados com base na forma como o espaço ao seu redor se comporta.

A gravidade, por exemplo, curva o espaço-tempo, o que faz com que a luz que viaja por essas regiões também siga um caminho curvo. Este efeito, chamado de lente gravitacional, pode ser usado para detetar SLABs no espaço intergaláctico, considera a equipa.

Além disso, estes objetos enormes também teriam implicações para detetar matéria escura. As partículas massivas de interação fraca (WIMPs), por exemplo, acumular-se-iam na região à volta de um SLAB devido à imensa gravidade, em tais concentrações que colidiriam e se aniquilariam, criando um halo de radiação gama.

E a verdade é que os buracos negros primordiais são, eles próprios, candidatos à matéria escura. “Os próprios SLABs não poderiam fornecer a matéria escura. Mas se eles existirem mesmo, isso teria implicações importantes para o Universo primitivo e tornaria plausível que buracos negros primordiais mais leves pudessem fazê-lo”, concluiu Carr.

https://zap.aeiou.pt/buracos-negros-estupendamente-grandes-375512

 

Virologista fala em vírus com taxa de mortalidade de 75% e aconselha humanidade a aprender como evitar futuros surtos

No meio de uma pandemia global que já infetou quase 100 milhões de pessoas, a Ásia deverá estar atenta a outra ameaça de um vírus com taxa de mortalidade muito maior do que a do SARS-CoV-2.

O vírus Nipah, que tem origem em morcegos e é muito parecido com o SARS-CoV-2, já causou muitos surtos na Malásia, Singapura, Índia e no norte da Austrália, ao longo dos últimos 20 anos.

Agora, investigadores estão a alertar para o facto de este vírus ter o potencial de afetar muitas pessoas, se as lições não forem aprendidas com o surto de covid-19.

De acordo com a IFL Science, o primeiro surto do vírus Nipah aconteceu no ano de 1999, na Malásia, e, na altura, foram registados 265 casos de encefalite aguda que foram originalmente atribuídos à encefalite japonesa.

Desde então, pequenos surtos ocorreram quase anualmente entre 2000 e 2020, sempre com uma taxa de mortalidade surpreendente de até 75%.

Normalmente, vírus com uma taxa de mortalidade tão elevada acabam por matar os seus hospedeiros muito rapidamente e, por isso, acabam por não ser transmitidos com eficácia suficiente para que se tornem uma ameaça generalizada.

No entanto, o vírus Nipah difere de muitos outros. Embora os sintomas ocorram, normalmente, entre o 4.º e o 14.º dias após a infeção, o vírus pode incubar por períodos de tempo muito elevados – até 45 dias, de acordo com a Organização Mundial de Saúde -, o que permite um longo período de transmissão.

Depois do período de incubação, os sintomas aparecem e incluem febre, dores de cabeça e vómitos, entre outros que são semelhantes à infeção por influenza, e são seguidos por tonturas, sintomas neurológicos e encefalite aguda.

Embora sejam usados vários medicamentos antivirais como tratamento de suporte para os pacientes, não existe ainda nenhuma cura ou tratamento direto para o vírus e os pacientes que sobrevivem ficam, por vezes, com problemas neurológicos de longo prazo, incluindo alterações de personalidade e convulsões.

As estirpes atuais do vírus Nipah, apesar de continuarem a ser uma ameaça, não são transmissíveis por aerossol, nem são transportadas pelo ar, o que significa que não representam o mesmo risco de transmissão do SARS-CoV-2, que provoca a covid-19.

O vírus Nipah transmite-se, maioritariamente, através da ingestão de alimentos contaminados que estiveram em contacto com morcegos da fruta infetados. Além disso, a doença pode ser transmitida por contacto com fezes de suínos infetadas e também já foi observada a transmissão de pessoa para pessoa.

O estudo e análise de vírus como o Nipah podem permitir que o mundo se prepare para as ameaças de vírus emergentes.

Com a covid-19 espalhada por todo o planeta, é fundamental compreender quais são as doenças existentes que podem causar uma devastação semelhante – particularmente como é que o mundo se pode proteger de vírus transmitidos por morcegos, sugere a virologista Veasna Duong.

“Sessenta por cento das pessoas que entrevistamos não sabiam que os morcegos transmitem doenças. Ainda há falta conhecimento”, disse Duong em declarações à BBC.

“Observamos [morcegos da fruta] aqui [no Camboja] e na Tailândia. Existem em mercados, áreas de culto, escolas e locais turísticos como Angkor Wat [no Camboja] – há um grande poleiro de morcegos lá”, disse.

“Num ano normal, Angkor Wat hospeda 2,6 milhões de visitantes: isso significa que há 2,6 milhões de oportunidades para o vírus Nipah ser transmitido de morcegos para humanos, num local apenas”, acrescentou Duong.

https://zap.aeiou.pt/virus-taxa-mortalidade-75-evitar-surtos-374581

 

Fenómeno misterioso pode estar fazendo o Oceano Atlântico crescer mais a cada ano

Fenômeno misterioso pode estar fazendo o Oceano Atlântico crescer mais a cada ano
Os 39 locais dos sismômetros. (Universidade de Southampton)

Os oceanos não são tão iguais quanto você imagina. Os cientistas estimam que o Oceano Atlântico está na verdade crescendo vários centímetros a cada ano. Ao mesmo tempo, o Pacífico está encolhendo.

Esse deslocamento glacialmente lento dos oceanos se deve ao movimento contínuo das placas tectônicas da Terra, à medida que as placas sob as Américas se separam daquelas sob a Europa e a África.

As profundas forças geofísicas que sustentam esse fenômeno épico ainda estão longe de ser totalmente compreendidas, mas os pesquisadores podem ter acabado de identificar um importante contribuidor para o que está acontecendo.

Em um novo estudo, os cientistas sugerem que as dorsais meso-oceânicas – formações montanhosas que emergem ao longo do fundo do mar entre as placas tectônicas – podem estar mais implicadas na transferência de material entre o manto superior e inferior sob a crosta terrestre do que percebemos anteriormente.

Uma equipe liderada pelo sismólogo Matthew Agius da Universidade de Southampton, no Reino Unido, explica em um novo artigo:

“Lajes que afundam e colunas ascendentes são geralmente aceitas como locais de transferência, enquanto as dorsais meso-oceânicas não costumam ter um papel. No entanto, as restrições rígidas de medições in situ em cumes provaram ser um desafio.”

Para preencher as lacunas em nosso conhecimento, os pesquisadores implantaram um grupo de 39 sismômetros ao longo do fundo do Atlântico para registrar movimentos sísmicos sob a crista mesoatlântica – o limite da cordilheira que separa tectonicamente as Américas da Europa e da África.

As leituras sísmicas registradas no experimento monitoraram o fluxo de material na zona de transição do manto que fica entre o manto superior e o manto inferior, permitindo à equipe imagens de transferência de material em profundidades subterrâneas até 660 quilômetros abaixo da superfície.

Os resultados sugerem que as ressurgências de material químico não se limitam a profundidades rasas na crista mesoatlântica, mas podem emergir nas partes mais profundas da zona de transição do manto, sugerindo material do manto inferior subindo para cima.

Os pesquisadores explicam:

“As observações implicam transferência de material do manto inferior para o manto superior – contínua ou pontuada – que está ligada à Dorsal Mesoatlântica.

Dada a extensão e longevidade do sistema da dorsal meso-oceânica, isso implica que a convecção do manto inteiro pode ser mais prevalente do que se pensava.”

Embora já se soubesse que as dorsais meso-oceânicas contribuíram para o fenômeno da expansão do fundo do mar, as novas descobertas mostram que os processos gerais envolvidos se estendem muito mais fundo na Terra do que foi medido anteriormente e podem ainda ocorrer mesmo em áreas do fundo do mar não marcada por regiões evidentes de subducção das placas.

O pesquisador sênior e geofísico Mike Kendall, da Universidade de Oxford, diz:

“[O trabalho] refuta suposições de longa data de que as dorsais meso-oceânicas podem desempenhar um papel passivo nas placas tectônicas.

Isso sugere que em lugares como o Meio-Atlântico, as forças no cume desempenham um papel importante na separação de placas recém-formadas.”

https://www.ovnihoje.com/2021/01/29/fenomeno-misterioso-pode-estar-fazendo-o-oceano-atlantico-crescer-mais-a-cada-ano/

 

Vulcão Etna é o mais ativo da Europa

Na semana passada, o vulcão Etna entrou em um de seus muitos processos de erupção, expelindo não apenas lava, mas também cinzas quentes, gás e até segmentos de rochas. Ele está localizado em Sicília, uma grande ilha no Mar Mediterrâneo, que faz parte da região do extremo sul da Itália, e é apontado como o maior vulcão da Europa que se encontra em atividade até os dias atuais. 

Segundo uma postagem feita no Twitter pelo vulcanologista do Observatório Etna do Instituto Nacional de Geofísica e Vulcanologia (INGV), Boris Behncke, a movimentação se iniciou em uma cratera situada no lado sudeste do vulcão, ainda na noite de domingo (17), e se estendeu até a madrugada de segunda-feira (18), momento em que houve a grande explosão de lava.

O site de notícias Express, situado no Reino Unido, publicou em sua página informações esclarecendo que o fluxo acentuado do magma escoou para a região leste da cratera e seguiu para o Valle del Bove, uma área de depressão, desabitada e em formato de ferradura. Além disso, a lava também percorreu a lateral norte da abertura em que ocorreu a erupção.

Os riscos de um vulcão em atividade

Devido à recente atividade vulcânica do Monte Etna, como também é chamado, que acaba gerando uma quantidade significativa de cinzas, as autoridades italianas emitiram um aviso para que as cidades vizinhas possam se preparar. Também foram encontrados fragmentos das explosões por uma distância de até 28,9 quilômetros do vulcão.

O Vulcão Etna é caracterizado por apresentar cinco grandes crateras em seu topo, com atividade contínua, em um território de 1.190 km², a aproximadamente 3.323 metros de altura. E apesar de ser assustadora a ideia de ter um evento frequente de erupções, os especialistas garantem que o Etna não apresenta riscos aos moradores de regiões próximas, já que a última vez em que uma catástrofe relacionada ao vulcão ocorreu há mais de 350 anos.

https://www.megacurioso.com.br/ciencia/117460-vulcao-etna-e-o-mais-ativo-da-europa.htm

quarta-feira, 27 de janeiro de 2021

Intrigante sistema de seis exoplanetas com movimentos rítmicos desafia teorias de formação planetária !

Com o auxílio de vários telescópios, incluindo o VLT (Very Large Telescope) do Observatório Europeu do Sul (ESO), os astrónomos descobriram um sistema com seis exoplanetas, cinco dos quais estão presos numa dança rítmica rara em torno da sua estrela central. Os investigadores pensam que o sistema poderá dar-nos pistas importantes sobre como é que os planetas, incluindo os do Sistema Solar, se formam e evoluem.

A primeira vez que observou TOI-178, uma estrela a cerca de 200 anos-luz de distância da Terra na direção da constelação do Escultor, a equipa de investigadores pensou que tinha descoberto dois planetas em torno desta estrela a percorrer essencialmente a mesma órbita. No entanto, um olhar mais detalhado revelou algo inteiramente diferente.

“Através de mais observações percebemos que não tínhamos dois planetas em órbita da estrela praticamente à mesma distância dela, mas antes planetas múltiplos numa configuração muito especial,” explica Adrien Leleu da Universidade de Genève e da Universidade de Berna, Suíça, que liderou um novo estudo deste sistema, publicado ontem na revista da especialidade Astronomy & Astrophysics.

O novo trabalho de investigação revelou que o sistema possui seis exoplanetas e que todos menos um estão trancados numa dança rítmica especial à medida que se movem nas suas órbitas. Por outras palavras, encontram-se em ressonância, o que significa que há padrões que se repetem à medida que os planetas se deslocam em redor da estrela, com alguns planetas a alinharem-se entre si ao fim de algumas órbitas.

Observamos uma ressonância semelhante nas órbitas de três das luas de Júpiter: Io, Europa e Ganimedes. Io, o mais próximo de Júpiter dos três, completa quatro órbitas completas em torno de Júpiter para uma única órbita de Ganimedes, o mais afastado, e completa duas órbitas completas para cada órbita de Europa.

Os cinco exoplanetas mais exteriores do sistema TOI-178 seguem uma cadeia de ressonância muito mais complexa, uma das mais longas descobertas até à data num sistema de planetas. Enquanto as três luas de Júpiter têm uma ressonância 4:2:1, os cinco planetas mais exteriores do sistema TOI-178 seguem a cadeia 18:9:6:4:3, ou seja, enquanto o segundo planeta a contar da estrela (o primeiro na cadeia de ressonância) completa 18 órbitas, o terceiro planeta a contar da estrela (o segundo da cadeia) completa 9 órbitas e assim por diante.

De facto, inicialmente os cientistas encontraram apenas cinco planetas no sistema, mas, ao seguirem o ritmo de ressonância, calcularam onde é que estaria um planeta adicional na sua órbita, na próxima altura em que os cientistas podiam observar o sistema.

Mais do que uma curiosidade orbital, esta dança de planetas ressonantes dá-nos pistas sobre o passado do sistema. “As órbitas neste sistema estão muito bem ordenadas, o que nos diz que o sistema evoluiu bastante suavemente desde o seu nascimento,” explica Yann Alibert, da Universidade de Berna, Suíça e um dos coautores deste trabalho. Se o sistema tivesse sido significativamente perturbado no início da sua vida como, por exemplo, por um impacto gigante, esta frágil configuração de órbitas não teria sobrevivido.

Desordem no sistema rítmico

Apesar do arranjo das órbitas ser bem organizado e ordenado, as densidades dos planetas “são muito mais desordenadas”, diz Nathan Hara da Universidade de Genève, Suíça, que também esteve envolvido no estudo.

Parece haver um planeta tão denso como a Terra mesmo ao lado de um outro planeta muito ‘fofo’, com metade da densidade de Neptuno, seguido por um planeta com a densidade de Neptuno. Não é o que estamos habituados a ver.” No nosso Sistema Solar, por exemplo, os planetas estão arranjados de forma ordenada, com os planetas rochosos, mais densos, mais próximos da estrela central e os planetas gasosos ‘fofos’, de baixa densidade, mais afastados.

“Este contraste entre a harmonia rítmica dos movimentos orbitais e as densidades desordenadas desafia claramente a nossa compreensão da formação e evolução dos sistemas planetários,” diz Leleu.

Combinando técnicas

De modo a investigar a invulgar arquitetura deste sistema, a equipa usou dados do satélite CHEOPS da ESA, assim como do instrumento ESPRESSO montado no VLT do ESO e do NGTS e SPECULOOS, ambos situados no Observatório do Paranal do ESO, no Chile.

Uma vez que os exoplanetas são extremamente difíceis de observar de forma direta através de telescópios, os astrónomos usam outras técnicas para os detetar.

Os principais métodos utilizados são imagens de trânsitos — observando a luz emitida pela estrela central que diminui de intensidade quando um planeta passa na sua frente, quando observada a partir da Terra — e velocidades radiais — observando o espectro de luz da estrela em busca de pequenos sinais de oscilação que ocorrem quando os exoplanetas de deslocam nas suas órbitas. A equipa usou ambos os métodos para observar o sistema: CHEOPS, NGTS e SPECULOOS para trânsitos e ESPRESSO para velocidades radiais.

Ao combinar as duas técnicas, os astrónomos conseguiram reunir informação crucial sobre o sistema e os seus planetas, que orbitam a estrela central muito mais perto e com maior velocidade do que a Terra orbita o Sol.

O mais rápido (o planeta mais interior) completa uma órbita em apenas alguns dias, enquanto o mais lento demora cerca de dez vezes mais. Os seis planetas apresentam tamanhos que vão desde o tamanho da Terra até cerca de três vezes este valor, enquanto as suas massas estão entre 1,5 e 30 vezes a massa terrestre. Alguns dos planetas são rochosos, mas maiores que a Terra — os chamados super-Terras. Outros são planetas gasosos, como os planetas exteriores do nosso Sistema Solar, mas são muito mais pequenos — os chamados mini-Neptunos.

Apesar de nenhum destes seis exoplanetas se encontrar na zona de habitabilidade da estrela, os investigadores sugerem que, ao continuar a seguir a cadeia de ressonância, poderão encontrar planetas adicionais que poderão existir nesta zona ou muito perto dela. O ELT (Extremely Large Telescope) do ESO, que deverá começar a operar esta década, será capaz de observar diretamente exoplanetas rochosos na zona de habitabilidade da estrela e até caracterizar as suas atmosferas, dando-nos a oportunidade de conhecer sistemas como o TOI-178 com muito mais detalhe.

 

 https://zap.aeiou.pt/sistema-seis-exoplanetas-movimentos-ritmicos-375927

Astrónomos detetam o quasar mais distante e antigo do Universo !

Uma equipa de astrónomos conseguiu detetar o mais distante e antigo quasar do Universo. Chama-se J0313-1806 e localiza-se a mais de 13 mil milhões de anos-luz da Terra.

Os quasares são objetos energéticos e muito brilhantes. O fenómeno acontece quando um buraco negro supermassivo atrai o gás no disco de acreção superaquecido à sua volta, espalhando energia através do espectro eletromagnético. A quantidade de radiação eletromagnética emitida por quasares é tão grande que supera a de galáxias inteiras.

O grupo de investigação, liderado pela Universidade do Arizona, nos Estados Unidos, encontrou evidências de um vento de quasar quente a soprar do buraco negro supermassivo no centro de J0313-1806.

“Esta é a primeira evidência de como um buraco negro supermassivo está a afetar a sua galáxia hospedeira”, disse o astrónomo Feige Wang, do Observatório Steward da Universidade do Arizona, ao Science Alert. “Sabemos que isso tem de ocorrer, mas nunca vimos este fenómeno acontecer tão cedo no Universo.”

O J0313-1806 é cerca de 10 biliões de vezes mais luminoso do que o nosso Sol, o que significa que emite mil vezes mais energia do que toda a Via Láctea. A sua fonte é o buraco negro supermassivo mais antigo já observado, cuja massa é equivalente a 1,6 mil milhões de vezes a do Sol.

“Os quasares mais distantes são cruciais para entender como os primeiros buracos negros se formaram e para compreender a reionização cósmica, que é a última grande fase de transição do nosso Universo”, acrescentou Xiaohui Fan, coautor do estudo, em comunicado.

De acordo com a equipa, a presença de um buraco negro supermassivo tão cedo na história do Universo desafia as teorias da formação destes fenómenos, já que, segundo os especialistas, os buracos negros criados pelas primeiras estrelas massivas não poderiam ter crescido tanto em apenas algumas centenas de milhões de anos.

A investigação permitiu ainda concluir que o fluxo de matéria emana do quasar na forma de vento a uma velocidade equivalente a 20% da da luz. Esta energia é tanta que impacta a formação de estrelas em toda a galáxia hospedeira – e é a primeira vez que os astrónomos observam algo semelhante.

O portal dá conta de que o sistema que hospeda o J0313-1806 está a passar por um “surto de formação  estelar”, produzindo novos astros 200 vezes mais rápido do que a Via Láctea. “É um grande alvo para investigar a formação dos primeiros buracos negros supermassivos”, observou Wang.

O estudo foi apresentado no 237.º encontro da American Astronomical Society. O artigo científico, aceite para publicação no The Astrophysical Journal Letters, ainda carece de revisão por pares, mas está disponível no arXiv.

https://zap.aeiou.pt/quasar-mais-distante-antigo-375508

 

Ao longo da última década, a “cratera feliz” de Marte mudou

Marte parece ter motivos para sorrir. A “cratera feliz” (Happy Face), perto do pólo sul do Planeta Vermelho, ficou visivelmente maior na última década.

A “cratera feliz” nasceu após um impacto de um meteorito na superfície do Planeta Vermelho e localiza-se na região do Polo Sul marciano. Durante a última década, este lugar gelado tem aumentado de tamanho.

A sonda Mars Reconnaissance Orbiter (MRO) da NASA, que tem estado a voar a grande altitude sobre Marte desde 2006, registou, pela primeira vez, a “cratera feliz” em 2011, graças à sua potente câmara de alta resolução HiRISE.

Recentemente, uma equipa de cientistas comparou essa imagem com outra do mesmo lugar, mas tirada no dia 13 de dezembro de 2020. De acordo com o Daily Mail, a diferença está na quantidade de gelo que cobre o solo da cratera.

“As características manchas na calota polar surgem porque o Sol sublima o dióxido de carbono nestes padrões redondos. É possível ver como os nove anos desta erosão térmica tornaram a ‘boca’ do rosto maior“, escreveu, em comunicado, Ross Beyer, membro da equipe do MRO.

O sorriso crescente é causado pela erosão térmica, à medida que o dióxido de carbono evapora e expõe mais solo. A sublimação acontece quando um material sólido se transforma em gás, sem passar pelo estado líquido.

Além do sorriso, o “nariz” também cresceu: de dois pequenos pontos para uma grande depressão, como se tivesse sido alvo de uma cirurgia plástica.

No entanto, estudar esta “cratera feliz” é mais do que apenas uma diversão.

Segundo Beyer, medir estas alterações ao longo do ano marciano “ajuda os cientistas a entender a deposição anual e a remoção da geada polar”. “Monitorizar estes locais por longos períodos de tempo ajuda-nos a entender as tendências climáticas de longo prazo no Planeta Vermelho.”

As características faciais que vemos nas figuras representam, na verdade, diferentes elevações e densidades de gelo na superfície.

https://zap.aeiou.pt/cratera-feliz-de-marte-mudou-cresceu-375531

 

Um em cada três infetados com covid-19 é assintomático !

Investigadores sugerem, com base numa revisão de 61 estudos, que uma em cada três pessoas infetadas com o novo coronavírus é assintomática.


Uma em cada três pessoas infetadas com covid-19 não sabe que tem o novo coronavírus. A conclusão baseia-se em 61 estudos sobre mais de 1,8 milhões de casos em todo o mundo, numa revisão publicada na revista científica Annals of Internal Medicine.

“As estratégias de controlo para a covid-19 devem ser alteradas, considerando a prevalência e o risco de transmissão de infeções assintomáticas do vírus SARS-CoV-2”, pedem os investigadores do Centro de Investigação Scripps, nos Estados Unidos.

“Só sabemos quem é assintomático em retrospetiva. As infeções sem sintomas, sejam pré-assintomáticas ou assintomáticas, são importantes porque as pessoas infetadas podem transmitir o vírus mesmo que não tenham sintomas”, dizem os investigadores.

As estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontavam para uma percentagem entre 6 e 41% de assintomáticos, escreve o jornal Público.

Rastreios em massa feitos em Inglaterra e Espanha mostraram que um terço dos indivíduos testados tinha anticorpos contra a covid-19 sem nunca ter apresentado sintomas. Os investigadores acreditam que a quantidade de pacientes assintomáticos poderá ser ainda maior do que se pensa.

“No meio de uma pandemia que mudou a vida em todo o mundo, parece razoável pôr a hipótese que a memória e consciência que as pessoas têm dos sintomas aumentem [em inquéritos]”, escrevem ainda os autores.

A solução sugerida para controlar a propagação da doença é que se façam testes rápidos em casa e que se expandam os apoios estatais para as pessoas se manterem em isolamento domiciliário.

https://zap.aeiou.pt/tres-infetados-covid-19-assintomatico-375720

 

Aquecimento Global - Cumprindo-se os piores cenários cientificos, a Terra perdeu 28 trilhões de toneladas de gelo em duas décadas !

Um estudo inédito feito com base em imagens de satélites revelou que a taxa de desaparecimento do gelo em todo o planeta está se acelerando muito rapidamente e revelou que 28 trilhões de toneladas foram perdidas entre 1994 e 2017, o equivalente a uma camada de gelo de 100 metros de espessura cobrindo os estados de São Paulo e Bahia juntos.

Concepção artística mostra a quantidade de gelo perdido na Terra em pouco mais de duas décadas. A massa equivale a um cubo de 10x10x10 km, cheio de ágia congelada,  sobre a cidade de Nova York.
Concepção artística mostra a quantidade de gelo perdido na Terra em pouco mais de duas décadas. A massa equivale a um cubo de 10x10x10 km, cheio de ágia congelada, sobre a cidade de Nova York.

O artigo foi publicado no jornal The Cryosphere e tem como autores uma equipe de pesquisadores da Universidade de Leeds, no Reino Unido.

Os pesquisadores utilizaram dados e imagens dos satélites ERS, Envisat e CryoSat da ESA, além do Copernicus Sentinel -1 e Sentinel-2 e descobriram que a taxa de perda de gelo da Terra aumentou significativamente nas últimas três décadas, passando de 0,8 trilhão de toneladas por ano na década de 1990 para 1,3 trilhão de toneladas ao ano até 2017.

Para se ter uma ideia do tamanho dessa massa, um trilhão de toneladas equivale a cubo de gelo medindo 10x10x10 km que seria mais alto que o Monte Everest.

A pesquisa mostrou que, no geral, houve um aumento de 65% na taxa de perda de gelo nos últimos 23 anos, causada principalmente por aumentos acentuados nas perdas dos mantos de gelo polares na Antártica e na Groenlândia. O derretimento dessas camadas eleva o nível do mar e aumenta o risco de inundações nas comunidades costeiras, com graves consequências para a sociedade, economia e meio ambiente.

Segundo Thomas Slater, pesquisador do Centro de Observação e Modelagem Polar da Universidade de Leeds, embora todas as regiões estudadas tenham perdido gelo, as perdas dos mantos da Antártica e Groenlândia foram os que mais se aceleraram e estão agora seguindo os piores cenários de aquecimento climático previstos pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, IPCC. No entender de Slater, o aumento do nível do mar nesta escala terá impactos muito sérios nas comunidades costeiras já neste século.

Mapa revela as localidades que mais perderam gelo entre 1994 e 2017. Os valores circulados estão em trilhões de toneladas (Tt)
Mapa revela as localidades que mais perderam gelo entre 1994 e 2017. Os valores circulados estão em trilhões de toneladas (Tt)

Estudo Inédito
 

O estudo é o primeiro desse tipo a examinar todo o gelo que está desaparecendo na Terra usando observações de satélite. A pesquisa cobre 215 mil geleiras de montanhas espalhadas ao redor do planeta, os mantos de gelo polares na Groenlândia e na Antártica, as plataformas de gelo flutuante ao redor da Antártica e o gelo do mar que flutua nos oceanos Ártico e Meridional.

Aquecimento Global
 

Nas últimas três décadas, tem havido um grande esforço internacional para entender o que está acontecendo com os componentes individuais do sistema de gelo da Terra. Essa compreensão foi melhorada com o tempo, mas foi através de satélites que a observação sofreu uma forte revolução, pois permitem monitorar rotineiramente as vastas e inóspitas regiões onde o gelo pode ser encontrado.

Segundo os pesquisadores, o aumento na perda de gelo foi desencadeado pelo aquecimento da atmosfera e dos oceanos, que se aqueceram em 0,26ºC e 0,12ºC por década desde 1980, respectivamente.

Durante o período da pesquisa, houve uma perda de 7,6 trilhões de toneladas de gelo marinho do Ártico e uma perda de 6,5 trilhões de toneladas das plataformas de gelo da Antártica, ambas as quais flutuam sobre oceanos polares.


Contribuição Climática
 

Essa perda de gelo marinho não contribui diretamente para o aumento do nível do mar, mas tem uma influência indireta, já que uma das principais funções do gelo marinho do Ártico é refletir a radiação solar de volta ao espaço, o que ajuda a manter o Ártico frio. À medida que o gelo marinho encolhe, mais energia solar é absorvida pelos oceanos e pela atmosfera, o que faz com que o Ártico aqueça mais rápido do que em qualquer outro lugar do planeta.

Metade de todas as perdas foram causadas pelo gelo em terra - incluindo 6,1 trilhões de toneladas de geleiras de montanha, 3,8 trilhões de toneladas da camada de gelo da Groenlândia e 2,5 trilhões de toneladas da camada de gelo da Antártica. Essas perdas aumentaram o nível global do mar em 35 milímetros.

Estima-se que para cada centímetro de elevação do nível do mar, cerca de um milhão de pessoas em regiões baixas correm o risco de serem deslocadas.

https://www.apolo11.com/noticias.php?t=Aquecimento_Global_Terra_perde_28_trilhoes_de_toneladas_de_gelo_em_duas_decadas&id=20210127-100924

 

Inseto assassino de 50 milhões de anos encontrado no Colorado !

Pode parecer improvável, mas encontrar uma espécie de inseto preservado com órgãos genitais visíveis é um bom motivo para comemoração entre os cientistas. Um novo estudo publicado na revista Papers in Palaeontology descreve uma dessas espécies: um inseto assassino de 50 milhões de anos atrás, encontrado em âmbar, uma pedra preciosa feita de resina fossilizada de árvores, foi identificado com suas estruturas ainda intactas.

Academicamente falando, é uma descoberta lucrativa por muitas razões, mas a preservação única de sua cápsula genital (conhecida pelos entomologistas como pigóforo) é mais importante. Após a inspeção, os pesquisadores do novo artigo perceberam que as características internas da genitália do antigo inseto eram claramente visíveis e bem preservadas, fornecendo novos insights e conclusões sobre a vida amorosa de antigos insetos. Esses detalhes são muito raros em pesquisas de insetos fossilizados.

(Fonte: Palaeontological Association/Reprodução)
(Fonte: Palaeontological Association/Reprodução)

“Uma razão é que as estruturas genitais são compostas por estruturas membranosas, que não se preservam bem”, escreveu o pesquisador do estudo Daniel Swanson, estudante de graduação em entomologia na Universidade de Illinois Urbana-Champaign. “Mesmo em nosso fóssil, a genitália preservada é amplamente representada pelas partes endurecidas. Outra característica desse fóssil é que as duas partes vieram de uma divisão, o que nos permite uma visão interna dessas estruturas. Os fósseis de compressão geralmente preservam apenas a visão das costas ou da barriga, casos em que você não pode realmente ver nada da anatomia interna.”

O fóssil e os insetos assassinos

Nomeado de Aphelicophontes danjuddi, o fóssil foi encontrado na Green River Formation, no Colorado, e representa um novo gênero de insetos assassinos. Alguns deles ainda existem e vagam pela terra, tendo como principal característica a “mochila” de formigas mortas nas costas, utilizado para fornecer camuflagem contra os inimigos e melhorar seu desempenho de sobrevivência.

Esse fóssil tem uma história interessante, sendo descoberto pela primeira vez há algum tempo como resultado da rachadura de uma rocha — o que dividiu o inseto quase perfeitamente ao meio. As duas metades foram vendidas a dois colecionadores por um negociante de fósseis, o que significa que os pesquisadores partiram em uma espécie de caça ao tesouro para rastrear as partes e reuni-las para esse estudo.

https://www.megacurioso.com.br/ciencia/117451-inseto-assassino-de-50-milhoes-de-anos-e-encontrado-no-colorado.htm

Afantasia - A bizarra condição que impede a imaginação visual !

Com 44 anos de idade, o britânico Niel Kenmuir é uma das poucas pessoas no mundo a ser diagnosticado com afantasia, uma condição extremamente rara — que o impossibilita de visualizar coisas dentro de sua cabeça — que não havia sido explorada pela ciência até o início da última década.

Segundo Kenmuir, o problema foi descoberto por ele e sua família ainda em sua infância. Em uma noite com problemas para adormecer, seu pai havia lhe pedido para que fechasse os olhos e contasse ovelhas. Entretanto, o ainda jovem Niel não conseguia enxergar nada dentro de sua mente, o que posteriormente seria diagnosticado como afantasia. 

A doença da falta de imaginação

(Fonte: Pixabay)
(Fonte: Pixabay)

Após ser estudado pela Universidade de Exeter, no Reino Unido, Niel disse que tinha problemas em compreender o conceito de imagens no cérebro. “Eu me lembro de não entender o que significava ‘contar ovelhas‘. Para mim, meus pais diziam isso no sentido figurado”, explicou.

Depois de inúmeras tentativas fracassadas de tentar criar alguma figura em seu cérebro, o britânico se mostrou aliviado por sua condição estar finalmente sendo pesquisada a fundo após anos tentando encontrar alguma informação sobre ela na internet.

O conceito de pessoas sem a capacidade de visualizar imagens foi criado em 1880 pelo cientista Francis Galton. No século XX, um levantamento chegou a sugerir que essa inabilidade atingia cerca de 2,5% da população mundial. Porém, a afantasia foi pouco explorada pela ciência até o início da última década, quando recebeu essa nomenclatura.

Os problemas da afantasia

(Fonte: Pixabay)
(Fonte: Pixabay)

A afantasia pode parecer uma condição inofensiva para a maioria das pessoas, porém pode ser um verdadeiro inconveniente na vida das pessoas que convivem com a falta de imaginação diariamente. De acordo com Niel, livros extremamente descritivos de suas ambientações são um caso perdido mesmo para ele que é amante da leitura.

Porém, a maior dificuldade é quando a afantasia afeta sua vida pessoal. Para o britânico, até mesmo pensar em uma pessoa querida pode ser muito frustrante, já que sua cabeça não consegue reproduzir qualquer imagem de sua noiva, por exemplo, por mais que ele se esforce bastante para que isso ocorra.

Para explicar tal condição, Kenmuir sempre possui uma bela analogia engatilhada. “A mente é como um quadro e os neurônios trabalham juntos para projetar algo nesse objeto. Meus neurônios todos funcionam perfeitamente, exceto que eu não tenho uma tela para ser pintada”, descreveu.

https://www.megacurioso.com.br/ciencia/117426-afantasia-a-bizarra-condicao-que-impede-a-imaginacao-visual.htm

 

Três sismos abalaram a cidade de Granada na passada noite !

Mais de meio milhão de pessoas que vivem em Granada, sul de Espanha, despertaram hoje inquietas depois do sobressalto causado durante a noite por três sismos de magnitude superior a quatro graus seguidos de 30 réplicas menores.

“Vários sismos fizeram tremer Granada de novo esta noite. Compreendo a preocupação de milhares de pessoas. É tempo de manter a calma e seguir as indicações dos serviços de emergência”, disse o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, na rede social Twitter.

As televisões espanholas mostram imagens publicadas por populares nas redes sociais em que se veem pessoas com casacos por cima de pijamas que saíram a meio da noite para rua, apesar do recolher obrigatório na região por causa da pandemia de covid-19.

Os três tremores de terra quase consecutivos tiveram o seu epicentro na localidade de Santa Fé, a cerca de 10 km de Granada, e magnitude de 4,2 graus (22:36), 4,2 (22:44) e 4,5 (22:54), de acordo com o Instituto Geográfico Nacional espanhol.

No sábado passado, um tremor de terra de 4,4 graus de magnitude já tinha sido sentido nas localidades de Atarfe e de Santa Fé.

Desde o início de dezembro do ano passado, ocorreram cerca de 300 sismos na região, explica o Instituto Geográfico, dos quais cerca de 40 foram sentidos pela população”.

O sismo de sábado apenas causou alguns danos, como pequenas fendas ou queda de objetos (livros, pratos) no epicentro, segundo a instituição.

O Instituto Geográfico espanhol explica que esta atividade sísmica “é habitual” nesta região, “especialmente dentro da zona central da Cordilheira Bética”, um maciço montanhoso no sul de Espanha, que tem a maior atividade sísmica da Península Ibérica, devido à “convergência entre a placa africana e a placa euro-asiática”.

https://zap.aeiou.pt/sismos-granada-pedro-sanchez-376061

 

Descoberto fármaco “100 vezes mais potente” contra a covid-19 !

Uma equipa internacional de investigadores descobriu um medicamento antiviral que é “100 vezes mais potente” do que o remdesivir no tratamento da covid-19. Trata-se de um fármaco usado para tratar um cancro sanguíneo, que só foi aprovado na Austrália.


O composto químico plitidepsina, fabricado em Espanha a partir de uma substância produzida por um tipo de moluscos do mar Mediterrâneo conhecidos como seringas-do-mar, foi testado por uma equipa de cientistas internacionais como possível tratamento contra a covid-19.

Os testes em laboratório, liderados pelo virologista Adolfo García-Sastre, do Hospital Monte Sinai de Nova Iorque, concluíram que o fármaco é “100 vezes mais potente” do que o Remdesivir, que foi o primeiro antiviral aprovado para tratar a covid-19 e que não é totalmente eficaz.

Estes resultados foram publicados num artigo na revista Science e a investigação contou com a participação de especialistas da Universidade da Califórnia e do Instituto Pasteur, em Paris.

A plitidepsina é usada no medicamento Aplidina, desenvolvido pela empresa espanhola Pharmamar, que trata um cancro sanguíneo conhecido por mieloma múltiplo. Contudo, até agora, o medicamento só foi aprovado na Austrália.

“Mais potente do que o remdesivir”

Ainda não foi encontrado nenhum medicamento que se tenha revelado plenamente eficaz no tratamento da covid-19. Os médicos têm usado uma combinação de vários fármacos que podem ajudar a controlar certas complicações provocadas pela infecção, mas que não tratam efectivamente a doença.

Contudo, os investigadores acreditam que a plitidepsina pode vir a ser esse tratamento que tanta falta faz.

Este medicamento sintético baseia-se numa substância produzida por uma espécie de ascídias, organismos marinhos conhecidos como seringas-do-mar, e que podem ser encontradas no Mediterrâneo, presas às rochas, a conchas ou ao fundo de navios.

O estudo agora publicado nota que a plitidepsina “possui actividade anti-viral” e que se revela “mais potente do que o remdesivir contra o SARS-CoV-2” em testes in vitro, com “toxicidade limitada nas culturas de células”.

As experiências foram feitas com células humanas em laboratório e também com ratos infectados com covid-19.

Os investigadores notam que as conclusões indicam que é “uma terapêutica promissora” candidata a tratamento da covid-19, mas que também pode ajudar a criar outros antivirais genéricos contra muitos outros patógenos.

A investigação passou por analisar 47 substâncias que poderiam interferir com a forma como as proteínas do coronavírus interagem com as proteínas humanas.

A plitidepsina foi a que melhores resultados revelou, demonstrando que “é entre 9 e 85 vezes mais eficaz” do que outros fármacos, “impedindo a multiplicação do vírus”, constatam os autores do estudo.

Os cientistas compararam os efeitos da plitidepsina com os do remdesivir em ratos infectados com covid-19 e concluíram que a primeira “reduz a replicação do vírus umas 100 vezes mais” e que ainda “combate a inflamação nas vias respiratórias”.

Não ataca o vírus, mas a proteína humana eEF1A

O medicamento “não ataca directamente o vírus, mas uma proteína humana de que este precisa para sequestrar a maquinaria biológica das células e usá-las para fazer centenas de milhares de cópias de si mesmo”, salientam os investigadores.

Assim, bloqueia a proteína humana conhecida como eEF1A, sem a qual o vírus não consegue replicar-se.

Isto significa que será também eficiente contra as novas variantes do coronavírus, já que o alvo é uma proteína humana e a genética humana muda mais devagar do que a genética do vírus.

“A investigação confirma tanto a potente actividade como o alto índice terapêutico da plitidepsina que, dado o seu mecanismo especial de acção, inibe o SARS-CoV-2 independentemente de qual seja a sua mutação“, incluindo nas estirpes britânica, sul-africana e brasileira ou noutras variantes que possam aparecer, constata o presidente da Pharmamar, José María Fernández, em declarações ao El País.

Resultados prematuros

Contudo, estamos a falar de resultados preliminares, feitos em laboratório, em ambientes controlados. São, portanto, necessários estudos clínicos em ambientes hospitalares com pacientes de covid-19, para tirar conclusões.

A Pharmamar refere que, no início da pandemia, foram feitos alguns ensaios clínicos e que se confirmou que “o medicamento reduz a carga viral em pacientes hospitalizados“, conforme cita o El País. Mas não existem dados científicos que o comprovem.

A empresa espanhola já anunciou que vai pedir autorização para fazer um ensaio clínico de fase III – que implicam o envolvimento de um elevado número de doentes de diferentes hospitais e podem demorar vários anos a completar – em pacientes hospitalizados com covid-19 em vários países.

https://zap.aeiou.pt/farmaco-100-vezes-potente-covid-375896

 

Ministro do Ambiente desafia eurodeputados a empenharem-se na lei climática !

O ministro do Ambiente desafiou esta segunda-feira o Parlamento Europeu a empenhar-se nas negociações com o Conselho Europeu para aprovar uma lei climática antes do fim do semestre.


“É inimaginável que a Europa não seja o primeiro continente a comprometer-se com a sua neutralidade carbónica”, declarou João Pedro Matos Fernandes numa audição virtual com a comissão do Parlamento Europeu para o Ambiente, assumindo que há divergências sobre como lá chegar mesmo no seio do Conselho Europeu.

“Pensam mal aqueles que acham que se não conseguirmos, a culpa é do Conselho. A culpa é de todos nós. Todos temos que fazer um trabalho para irmos ao encontro do que manifestamente os cidadãos europeus nos solicitam”, argumentou o ministro português, dirigindo-se aos deputados europeus que o questionaram sobre como é que a presidência portuguesa da União Europeia pretende agir.

Matos Fernandes assumiu que, mesmo dentro dos países da União Europeia, “há ainda posições divergentes” sobre temas como o “orçamento carbónico”, ou seja, o limite de emissões que cada país e a União como um todo tem para cumprir a meta de neutralidade carbónica, definida pela Comissão Europeia como 2050, e de limitação do aquecimento global.

“Posso garantir-vos que tudo faremos para que haja lei do clima no final deste semestre, mas não ponham a questão como se fosse só minha ou do conselho”, declarou, salientando que uma negociação só corre bem quando cada uma das partes define bem o que tem para dar, não apenas o que pretende da outra parte.

O ministro indicou que tem havido reuniões com os deputados europeus e afirmou esperar que o Parlamento “também tenha definido o que tem para dar neste processo”, com vista a aprovar uma lei do clima até ao fim da presidência portuguesa da União.

João Pedro Matos Fernandes salientou que, em relação aos esforços para atingir a neutralidade carbónica em 2050 e conseguir uma redução de 55% nas emissões até 2030, “é fundamental que se consiga fazer o caminho em conjunto”, notando que “quem está mais longe é também quem menos fez” na descarbonização da economia e na procura de uma transição energética para fontes “limpas”.

“É mesmo bom que cada país, dentro daquilo que pode fazer, tenha um compromisso muito sério para não ficar à espera que o país do lado o compense nas suas emissões”, afirmou.

Ressalvou que “a proposta do Conselho não é de uma obrigatoriedade para cada país, mas uma obrigatoriedade para o conjunto dos estados-membros” na redução de emissões.

Questionado sobre a designação de um “embaixador climático” para a Europa, à semelhança do que aconteceu com o ex-secretário de Estado norte-americano John Kerry, nomeado pela nova administração do Presidente Joe Biden, afirmou que a União Europeia “não sente necessidade” dessa figura porque “não tem que explicar nada ao mundo” em termos de ambição climática.

https://zap.aeiou.pt/ministro-eurodeputados-lei-climatica-375902

 

terça-feira, 26 de janeiro de 2021

Os sete planetas do tamanho da Terra da estranha estrela TRAPPIST-1 podem ser feitos de material semelhante

O sistema estelar TRAPPIST-1 é o lar do maior lote de planetas aproximadamente do tamanho da Terra já encontrado fora do nosso Sistema Solar. 


Descobertos em 2016 a cerca de 40 anos-luz de distância, estes sete irmãos rochosos oferecem um vislumbre da tremenda variedade de sistemas planetários que preencherão o Universo.

Um novo estudo revela que estes sete planetas partilham densidades semelhantes. Isto pode significar que todos contêm aproximadamente a mesma proporção de materiais considerados comuns aos planetas rochosos, como ferro, oxigénio, magnésio e silício.

Assim, embora os planetas da TRAPPIST-1 possam ser semelhantes entre si, parecem diferir notavelmente da Terra: são cerca de 8% menos densos do que seriam se tivessem a mesma composição química do nosso planeta.

Estas descobertas fornecem aos astrónomos novos dados que estão a usar para tentar determinar a composição precisa destes planetas e compará-los não só à Terra, mas a todos os planetas rochosos no nosso Sistema Solar, de acordo com Eric Agol, professor de astronomia da Universidade de Washington e autor principal do estudo.

“Esta é uma das caracterizações mais precisas de um conjunto de exoplanetas rochosos, o que nos deu medidas de alta confiabilidade dos seus diâmetros, densidades e massas”, disse Agol, em comunicado. “Esta é a informação de que precisávamos para fazer hipóteses sobre a sua composição e entender como estes planetas diferem dos planetas rochosos no nosso Sistema Solar.”

Desde a deteção inicial em 2016 dos mundos da TRAPPIST-1, os cientistas estudaram esta família planetária com vários telescópios espaciais e terrestres, incluindo o telescópio espacial Kepler e o telescópio espacial Spitzer da NASA.

O Spitzer forneceu mais de mil horas de observações direcionadas do sistema antes de ser desativado em janeiro de 2020. Como são muito pequenos e fracos para serem vistos diretamente, todos os sete exoplanetas foram encontrados através método de trânsito: procurando quedas no brilho criado quando os planetas passam à frente dele.

Cálculos anteriores tinham mostrado que os planetas têm aproximadamente o tamanho e a massa da Terra e, portanto, também devem ser rochosos – em oposição a mundos gasosos como Júpiter e Saturno.

O céu noturno está cheio de planetas e só nos últimos 30 anos conseguimos começar a desvendar os seus mistérios”, disse Caroline Dorn, da Universidade de Zurique. “O sistema TRAPPIST-1 é fascinante porque em torno dessa estrela podemos aprender sobre a diversidade de planetas rochosos dentro de um único sistema. E podemos realmente aprender mais sobre um planeta ao estudar os seus vizinhos também, por isto este sistema é perfeito para isso”.

A equipa de investigadores dos Estados Unidos, Suíça, França, Reino Unido e Marrocos usou observações das quedas de luz das estrelas e medições precisas do tempo das órbitas dos planetas para fazer medições detalhadas da massa e do diâmetro de cada planeta. Agol, Zachary Langford e Victoria Meadows realizaram simulações de computador que restringiram as órbitas dos planetas TRAPPIST-1 e calcularam as suas densidades.

No nosso Sistema Solar, as densidades dos oito planetas variam amplamente: os gigantes gasosos – Júpiter, Saturno, Urano e Neptuno – são maiores, mas muito menos densos do que os quatro planetas rochosos. Terra, Vénus e Marte têm densidades semelhantes, mas Mercúrio contém uma porcentagem muito maior de ferro, por isso, embora seja o mais pequeno planeta em diâmetro, Mercúrio tem a segunda maior densidade de todos os oito planetas.

Já os sete planetas TRAPPIST-1 partilham uma densidade semelhante, o que torna o sistema bastante diferente do nosso. A diferença de densidade entre os planetas TRAPPIST-1 e a Terra, Vénus e Marte, pode parecer pequena – cerca de 8% – mas é significativa em escala planetária.

Uma forma de explicar a densidade mais baixa é que os planetas TRAPPIST-1 têm uma composição semelhante à Terra, mas com uma percentagem menor de ferro – cerca de 21% em comparação com os 32% da Terra.

Alternativamente, o ferro nos planetas TRAPPIST-1 pode ser infundido com altos níveis de oxigénio, formando óxido de ferro ou ferrugem. O oxigénio adicional diminuiria as densidades dos planetas.

A superfície de Marte obtém a sua coloração vermelha do óxido de ferro, mas, como os seus três irmãos terrestres, tem um núcleo composto de ferro não oxidado. Em contraste, se a densidade mais baixa dos planetas TRAPPIST-1 fosse causada inteiramente por ferro oxidado, os planetas teriam de estar enferrujados e não poderiam ter núcleos de ferro.

Segundo Agol, a resposta pode ser uma combinação dos dois cenários – menos ferro em geral e algum ferro oxidado.

Em comparação, a água representa menos de 0,1% da massa total da Terra. Os três planetas da TRAPPIST-1 internos – posicionados demasiado da sua estrela para que a água permaneça um líquido na maioria das circunstâncias – exigiriam atmosferas densas e quentes como Vénus, onde a água poderia permanecer ligada ao planeta como vapor.

Porém, esta explicação parece menos provável porque seria uma coincidência todos os sete planetas terem água suficiente presente para ter densidades semelhantes.

“Há muito mais perguntas a serem respondidas sobre a TRAPPIST-1 e os seus mundos”, disse Agol. “E, de certa forma, respondê-las ajuda-nos a entender o nosso próprio sistema solar também.”

https://zap.aeiou.pt/os-sete-planetas-do-tamanho-da-terra-da-estranha-estrela-trappist-1-parecem-ser-feitos-de-material-semelhante-375506

 

Sem nuvens ou neblina - Descoberto o primeiro planeta semelhante a Júpiter com uma atmosfera límpida !

Foi descoberto o primeiro planeta semelhante a Júpiter sem nuvens ou neblina, que é também o segundo já identificado de atmosfera límpida, segundo uma nova investigação levada a cabo por astrónomos do Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics, nos Estados Unidos.

Batizado de WASP-62b, o gigante gasoso em trânsito foi já descoberto em 2012 através do projeto internacional WASP (Wide Angle Search for Planets), mas a sua atmosfera – que agora se provou ser límpida – nunca tinha sido estudada em detalhe.

Este Júpiter-quente – categoria de mundos gasosos com uma massa semelhante à de Júpiter, mas que orbitam muito próximos das suas estrelas – localiza-se a 575 anos-luz e tem cerca de metade da massa de Júpiter.

Ao contrário de Júpiter, que precisa de quase 12 anos para completar uma volta ao Sol, o WASP-62b completa uma rotação em torno da sua estrela em apenas quatro dias e meio.

Períodos orbitais curtos, muitas vezes com uma duração inferior a um dia terrestre, são também uma característica típica dos Júpiteres-quentes: a proximidade destes mundos às suas estrelas faz com que as suas órbitas sejam mais reduzidas e com que as suas temperaturas atinjam valores incrivelmente altos.

Recorrendo ao telescópio espacial Hubble, o astrónomo Munazza Alam fez uma série de registos de dados e observações do planeta usando a espectroscopia, o estudo da radiação eletromagnética, para ajudar a detetar elementos químicos em WASP-62b.

Alam não encontrou evidências de potássio, mas foi “surpreendentemente” clara a presença de sódio e das linhas completas de absorção deste elemento químico: “Esta é uma forte evidência de que estamos a ver uma atmosfera limpa“, disse o especialista do Harvard-Smithsonian Center, explicando que, caso existissem algumas nuvens ou neblina, toda a assinatura de sódio do planeta teria sido obscurecida.

Os mundos livres de nuvens são extremamente raros: os astrónomos estimam que menos de 5% dos exoplanetas têm atmosferas límpidas. A par de Júpiter-quente só foi detetado um outro mundo – o primeiro – com uma atmosfera clara, o WASP-96b, em 2018.

De acordo com os cientistas, que publicaram os resultados da nova investigação na revista científica especializada Astrophysical Journal Letters, estudar estes exoplanetas sem nuvens pode levar a uma melhor compreensão da sua formação.

“A sua raridade sugere que algo mais está a acontecer ou que [estes planetas] se formaram de uma forma diferente da maioria dos outros planetas”, explicou Munazza Alam, citado pelo portal de Ciência Sci-news, acrescentando ainda: “Atmosferas claras também tornam mais fácil o estudo da composição química dos planetas, o que pode, por sua vez, ajudar a identificar de que é feito o planeta”.

https://zap.aeiou.pt/primeiro-jupiter-quente-sem-nuvens-375493

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