domingo, 30 de janeiro de 2022

Novo implante biónico recuperou a visão de uma mulher cega !

Uma mulher de 88 anos não esconde a sua alegria por ser a primeira paciente do Reino Unido a beneficiar de um inovador implante biónico ocular — que lhe permitiu detetar sinais, pela primeira vez, desde que ficou cega.

A paciente sofre de atrofia geográfica, e é cega do olho esquerdo. É a condição mais comum de Degeneração Macular Relacionada com a Idade (DMRI), afeta milhões de pessoas em todo o mundo e pode causar perda de visão.

Segundo especialistas do Moorfields Eye Hospital, citados pelo The Guardian, o inovador método envolve um chip revolucionário, que aumenta a esperança de recuperação da visão de pessoas que sofrem de perda visual devido à DMRI.

“Estou entusiasmada por ser a primeira a ter este implante, entusiasmada com a perspetiva de voltar a desfrutar dos meus passatempos e espero sinceramente que muitos outros também beneficiem com isto”, disse a paciente, em declarações divulgadas pelo Moorfields Eye Hospital NHS Foundation Trust.

“Perder a visão no meu olho esquerdo por causa da DRMI impediu-me de fazer as coisas que adoro, como jardinagem, pintar com aguarelas…”, acrescentou a paciente, que reside em Dagenham, no leste de Londres.

Os cirurgiões do hospital oftalmológico britânico implantaram o chip, com apenas 2mm de largura, atrás do olho esquerdo da paciente, e usaram óculos de vídeo especiais que captam as imagens à sua frente.

Estes visores transmitem a informação captada para o chip, que a envia a seguir para o cérebro, replicando a visão normal da paciente.

Segundo Mahi Mugit, cirurgião especialista do Moorfields, esta é uma solução engenhosa para o problema da Degeneração Macular Relacionada com a Idade.

“O sucesso desta operação irá permitir recolher dados vitais, que tornarão possível nos próximos anos que mais pessoas recuperem a sua visão”, conclui o cirurgião.

https://zap.aeiou.pt/noticias/ciencia-saude


Já sabemos a explicação dos misteriosos “dedos” que aparecem nas erupções solares !

O fenómeno, que foi descoberto pela primeira vez em 1999, tem fascinado os cientistas desde então. Afinal, a sua causa não é a reconexão magnética, mas sim a interacção entre dois fluidos com densidades diferentes.

Em Janeiro de 1999, os cientistas observaram movimentos misteriosos dentro de uma erupção solar. Ao contrário das típicas erupções que mostram uma energia forte a sair do Sol, esta mostrou uma energia em sentido descendente, como se esta estivesse a cair de volta dentro da estrela, lembra o Phys.

Desde então que este fenómeno intrigou os astrónomos. Agora, um estudo publicado na Nature Astronomy deu a resposta a este mistério, que foi agora apelidado supra-arcade downflows (SADs) pela comunidade científica.

Desde a sua descoberta nos anos 90 que se assumiu que os SADs estão ligados à reconexão magnética. O processo ocorre quando um campo magnético se quebra, libertando radiação energética rápida e que se movimenta, sendo que depois se volta a formar.

“No Sol, o que acontece é que temos muitos campos magnéticos que estão todos a apontar para direcções diferentes. Eventualmente, os campos magnéticos são puxados de forma unida até ao ponto em que se reconfiguram e libertam muita energia sob a forma de uma erupção solar. É como puxar um elástico e cortá-lo no meio. Está esticado até ficar fino, por isso vai ressaltar de volta“, revela Kathy Reeves, co-autora do estudo e astrónoma.

Por esta razão, os cientistas assumiram que as explosões de energia em sentido descendente eram um sinal da resposta dos campos magnéticos quebrados depois de uma erupção solar — mas escapou-lhes um detalhe, já que a maioria destes fluxos energéticos move-se muito devagar.

“Isto não é o que está previsto nos modelos de reconexão clássicos, que mostram que os fluxos descendentes deviam ser muito mais rápidos. É um conflito que requere alguma outra explicação”, revela o astrónomo Bin Chen, co-autor do estudo.

Para encontrar esta resposta, a equipa analisou as imagens capturadas pelo Observatório de Dinâmica Solar da NASA, que recolhe imagens do Sol a cada doze segundos em sete comprimentos de onda diferentes para medir as variações na atmosfera solar. Os investigadores fizeram depois de simulações 3D de erupções solares e compararam-nas com as observações.

Os resultados mostram que os SADs não são gerados por reconexão magnética, mas sim que se formam no seu próprio ambiente turbulento e são o resultado da interacção de dois fluidos com densidades diferentes.

De acordo com Reeves, o fenómeno é semelhante ao que acontece quando misturamos água e óleo, já que as densidades diferentes dos dois fluidos se tornam instáveis e levam à sua separação. Os “dedos” são na verdade causados pela ausência de plasma“.

A equipa está a planear continuar a estudar os SADs e outros fenómenos solares recorrendo a simulações em 3D para entender melhor as reconexões magnéticas.

https://zap.aeiou.pt/misteriosos-dedos-erupcoes-solares-459885

 

Uma nova explicação para a infertilidade masculina pode mudar o paradigma da ciência !


A pesquisa sugere que a infertilidade masculina pode resultar de mutações genéticas de novo que surgem pela primeira vez no indivíduo e que os pais não têm.

Um novo estudo publicado na Nature Communications pode vir mudar todo o paradigma daquilo que sabemos sobre a infertilidade masculina. A investigação sugere que algumas formas severas de infertilidade resultam de mutações de novo, que surgem no indivíduo pela primeira vez, apesar dos pais não as terem.

Este tipo de mutações aparece numa célula sexual do progenitor, seja esta o óvulo ou o espermatozóide, mas todas as outras suas células são normais e não a têm. Outras mutações também podem acontecer durante a divisão inicial após a fecundação ou em fases mais avançadas do desenvolvimento do embrião.

Independentemente da causa, esta mutação é passada para a próxima geração, depois de surgir pela primeira vez nos filhos e está associada a formas severas de infertilidade nos homens, revela o IFLScience.

A análise foi levada a cabo por uma equipa de cientistas da Universidade de Newcastle e do Centro Médico Universitário de Radboud, que estudou o ADN de uma amostra global de 185 homens inférteis e dos seus progenitores.

Foram identificadas 145 mutações raras que alteram as proteínas e que, muito provavelmente, são uma das causas da infertilidade. Uma das mutações descobertas foi no gene RBM5, que investigações anteriores já mostraram que influencia a fertilidade masculina nos ratos.

Pelo menos 29 das mutações parecem afectar directamente os processos relacionados com o desenvolvimento dos espermatozóides ou de outras células envolvidas na reprodução, o que indica que as conclusões do estudo estão num caminho promissor.

A infertilidade afecta aproximadamente 10% dos casais a nível global, sendo que no caso dos casais heterossexuais, em cerca de metade dos casos o problema de fertilidade está no homem. Apesar disto, há ainda poucas investigações sobre a infertilidade masculina e não há dados concretos sobre as causas, pelo que estas novas revelações podem ser importantes.

“Isto é uma mudança de paradigma na nossa compreensão das causas da infertilidade masculina. A maioria dos estudos genéticos olha para as causas de infertilidade herdadas recessivamente, em que ambos os pais têm uma mutação de um gene e a infertilidade acontece quando o filho recebe ambas as cópias mutadas”, começa Joris Veltman, um dos autores do estudo.

No entanto, a nova pesquisa concluiu que as mutações que acontecem quando o ADN é replicado durante a reprodução dos pais têm “um papel significativo da infertilidade dos filhos”, o que pode ser o primeiro passo para que se desvende a causa e se encontrem soluções para os homens inférteis.

https://zap.aeiou.pt/explicacao-infertilidade-masculina-459462

 

As alterações climáticas podem acabar com os Jogos Olímpicos de Inverno até ao final do século !


Investigadores colocam a responsabilidade da inversão da tendência de agravamento das alterações climáticas nos líderes políticos, que dizem ainda ser capazes de salvar as olimpíadas.

As alterações climáticas e as suas consequências são uma matéria de conhecimento comum, no entanto, o impacto das alterações do clima podem chegar a áreas que outrora não sera expectável. De acordo com um novo estudo científico, as mudanças no clima podem pôr em risco a realização dos Jogos Olímpicos de Inverno no final do século, já que podem estar em causa as condições de segurança e igualdade dos atletas.

De facto, das 21 cidades que receberam edições do evento no passado, apenas Sapporo poderia repeti-lo nas mesmas condições. Segundo Jaclyn Diaz e Michael Levitt, uma parte considerável dos destinos da competição estará nos líderes mundiais e na sua capacidade de fazerem cumprir as metas estabelecidas pelo Acordo de Paris. “Perante um cenário de diminuição das emissões de carbono em 2050 ou 2080, não vemos alterações substâncias no clima de muitos destes territórios”, explicou David Scott, citado.

Para efeitos de investigação, os autores entrevistaram também atletas e treinadores de 20 países, chegando à conclusão que 94% dos entrevistados temem que as alterações climáticas impactem o futuro das modalidades em que competem. “Com tempo mais quente haverá menos queda de neve, pelo que estamos muito mais dependentes da neve artificial”, descreveu Rosie Brennan, um esquiador norte-americano. “E a neve produzida pelo homem não tem o mesmo efeito. Tende a ser mais firma, torna-se mais fria com mais facilidade e proporcionando aos atletas uma superfície mais rápida.

A neve artificial também pode ser mais perigosa para os atletas, sobretudo se estes caírem foram do perímetro delineado, onde existem rochas e lama a substituir o que num cenário real deveria ser neve. Há também relatos, por parte de atletas, de uma maior frequência nas quedas – um sinal de que a neve produzida pelo homem pode ser potenciadora das mesmas.

Os Jogos Olímpicos que começam a 4 de Fevereiro, em Pequim, serão os primeiros a depender inteiramente de neve produzida pelo homem, o que já originou contestação por parte de organizações ambientais, que sugerem que esta edição das olimpíadas será a mais poluente e danosa para o planeta de sempre – algo contraditório ao espírito do movimento olímpico.

https://zap.aeiou.pt/as-alteracoes-climaticas-podem-acabar-com-os-jogos-olimpicos-de-inverno-ate-ao-final-do-seculo-459272

 

A misteriosa ‘Partícula X’ ligada ao nascer do Universo foi detectada no Grande Colisor de Hadrões !

Conceito artístico representativo dos fenómenos que ocorrem no interior do LHC, Large Hadron Collider, acelerador de partículas do CERN

A nova descoberta pode dar mais informações sobre o que aconteceu nos segundos imediatamente após o Big Bang.

Numa descoberta que pode dar mais pistas sobre a origem do Universo, os cientistas descobriram uma misteriosa “partícula X” depois de uma colisão de alta energia no Grande Colisor de Hádrons, o acelerador de partículas mais poderoso na Terra, localizado na Suíça.

Estas partículas de curta-duração são conhecidas por “X” porque a sua estrutura interna é desconhecida. Existiram nos microsegundos caóticos depois do Big Bang, quando o Universo foi preenchido por um grupo subatómico agitado chamado plasma de quarks e glúons, no entanto são extremamente raras no Universo moderno.

É por essa mesma razão que os cientistas estão tão entusiasmados com a descoberta de 100 destas partículas em decadência através do Solenoide de Múon Compacto, nota a VICE.

O resultado acrescenta dados únicos experimentais aos modelos teóricos da produção da partícula X e sobre a “natureza deste estado exótico”, segundo o estudo publicado na Physical Review Letters.

As partículas X foram inicialmente descobertas numa experiência em 2003, mas decompuseram-se demasiado rápido para poderem ser analisadas com detalhe. A nova descoberta marca a primeira vez que foram capturadas dentro do plasma de quarks e glúons, o que permite o estudo de algumas das suas propriedades.

Segundo Yen-Jie Lee, professor de física no MIT e principal autor do estudo, a descoberta é muito difícil porque “o plasma de quarks e glúons produz dezenas de milhares de partículas”.

Esta experiência com o Solenoide de Múon Compacto é também “mais parecida com como a natureza produziu as partículas X no início do Universo” porque usa “colisões relativísticas de íons pesados”.

Lee avança ainda que a equipa precisa de mais dados para estimar o tamanho exacto do aprimoramento da produção da partícula X no plasma de quarks e glúons e que esses resultados devem ser conhecidos em breve.

A nova investigação também pode dar novas pistas sobre, afinal, o que é a partícula X. Uma hipótese sugere que é um tetraquark — um tipo extremamente raro de partículas compostas por quatro quarks. Outra possibilidade é que seja uma molécula mesónica, um tipo de partícula nunca antes visto composta por dois mesões.

“Vai ser muito entusiasmante seguir esta linha de estudo com uma quantidade muito maior de dados que vai ser usada nas experiências no Grande Colisor de Hádrons”, conclui o físico.

https://zap.aeiou.pt/particula-x-universo-colisor-hadrons-459677

 

COVID sazonal: Picos vão depender da temperatura e da humidade


Novo estudo demonstra que a temperatura e a humidade serão essenciais na “COVID sazonal”.

Já praticamente toda a gente conhece a gripe sazonal. Ou já passou por ela ou, pelo menos, já ouviu falar. A partir de 2022 poderemos estar a falar sobre a COVID sazonal – que já se prevê que será uma “doença residente” como a herpes ou a própria gripe.

O estudo foi feito nos Estados Unidos da América, por especialistas das universidades de Flórida e Maryland, além de um membro da Organização das Nações Unidas.

A conclusão principal é que a transmissão do coronavírus deverá ter “picos”, dependendo da temperatura e da humidade locais – em resumo, dependendo da estação do ano em que se encontra, regra geral.

As cidades ou regiões mais frias deverão registar um grande aumento de casos positivos durante o Inverno; as cidades ou regiões mais quentes deverão ter números maiores durante o Verão. As regiões mais amenas poderão passar por dois picos por ano.

A ideia de endemia foi repetida por Antar Jutla, da Universidade da Flórida: “Achamos que a COVID pode transformar-se numa endemia, o que significa que vai continuar entre a população humana, mas veremos picos consoante a região geográfica”.

“O grau de severidade vai ser definido pela temperatura”, continuou a especialista, em declarações ao jornal The Washington Post.

Pegando em números: nesta análise verificou-se que, em 19 regiões (em vários países), os números de casos aumentaram quando a temperatura, ou era inferior a 17 graus, ou era superior a 24 graus. No primeiro caso a tendência era maior em locais quentes, o segundo contexto verificou-se mais em locais habitualmente frios. Os locais com menos casos positivos encontravam-se entre os 17 e os 24 graus.

Para haver um aumento considerável de casos positivos, essas temperaturas deverão prolongar-se, em média, por 14 dias.

Chang-Yu Wu, outro dos responsáveis pelo estudo, falou sobre a humidade. Onde a temperatura é baixa, a evaporação vai diminuir os tamanhos das partículas e permitir que estas flutuem no ar por períodos mais longos, enquanto nos abrigos (casas ou outros estabelecimentos) as pessoas ficam expostas ao ar “fechado” que circula e que pode conter o vírus.

Em locais com maior humidade, as partículas do vírus podem condensar-se, aumentar e assim cair mais rapidamente. E a questão dos abrigos – desta vez para evitar o calor excessivo – é semelhante, com o acréscimo do ar condicionado.

Mas Chang-Yu Wu reforçou outra ideia: “O comportamento humano é um factor muito importante na transmissão do vírus. Não são só a física ou a biologia que está em causa. É uma combinação dos três”.

Estes dados foram recolhidos até Dezembro de 2021. Poderá haver alterações, se aparecerem novas mutações ou novas variantes do coronavírus.

https://zap.aeiou.pt/covid-sazonal-picos-vao-depender-da-temperatura-e-da-humidade-459909


sexta-feira, 28 de janeiro de 2022

As alterações climáticas podem abrir “rios atmosféricos” nos Alpes japoneses !


Investigadores deixam ainda em aberto qual a margem de agravamento do fenómeno em função do aquecimento do planeta.

As consequências das alterações climáticas estão à vista de todos, sobretudo no comportamento da meteorologia, com mudanças no que respeita às temperaturas, à queda de chuva ou aos padrões do vento. No entanto, os cientistas acreditam que estas consequências podem ser ainda mais significativas, com dilúvios a atingirem algumas partes do território Asiático, provocados por rios atmosféricos.

Estes fenómenos, que consistem em corredores de água concentrada que acaba por cair após um contacto com uma barreira, como uma montanha, podem dar origem a cheias, devido à grande quantidade de água que é libertada num curto espaço de tempo. De acordo com os modelos dos investigadores, os rios atmosféricos devem ser mais frequentes e gravosos na Ásia Oriental à medida que o planeta aquece. Com base nestas condições, mais água será transportada pelo ar e cairá na forma de precipitação.

“Descobrimos que o transporte de vapor de água relacionado com os rios atmosféricos e a precipitação se intensificam nas zonas zonas médias e ocidentais das montanhas na Ásia Oriental, num clima mais quente“, pode ler-se no estudo. “Os rios atmosféricos irão trazer chuva extrema sem precedentes devido às alterações climáticas”.

Regra geral, os rios atmosféricos “apanham” humidade de zonas quentes e depois depositam-na nas regiões mais frias. Os movimentos são controlados por mudanças nos ventos e nas temperaturas – é aqui que entram as alterações climáticas. Em termos territoriais, como o Japão, Taiwan, o noroeste da China e a península da Coreia podem ser atingidos por níveis recorde de precipitação – a qual vai cair sobretudo nas encostas sudoeste dos Alpes japoneses.

Para chegar a estas conclusões, os investigadores usaram simulações baseadas em dados meteorológicos recolhidos entre 1951 e 2010. Posteriormente, essa informação foi modelada e aplicada até ao ano de 2090 – considerando os aumentos de temperatura previstos. “Usamos simulações de modelos da circulação atmosférica global de alta resolução, assim como simulações de modelo de clima numa escala regional”, explicou Yoichi Kamae, da Universidade de Tsukuba, no Japão.

Tal como lembra o site Science Alert, existem muitas investigações sobre os rios atmosféricos, mas há tópicos que ainda não são claros, como os efeitos das alterações climáticas nos fenómenos, sobretudo quando a questão topográfica tem um papel importante. Para algumas zonas do globo, o aumento de precipitação pode ser algo positivo, mas para outras pode significar riscos para as populações e para as infraestruturas existentes.

Os investigadores dizem, ainda assim, que é provável que muitas regiões registam níveis mais elevados de precipitação face aos anos anteriores, situação que para a qual as alterações climáticas já tinham contribuído. “Estas regiões podem também experienciar formas de precipitação mais frequentes e intensas, à medida que o clima aquece”, ressalva Kamae.

https://zap.aeiou.pt/as-alteracoes-climaticas-podem-abrir-rios-atmosfericos-nos-alpes-japoneses-459233

 

Trauma do genocídio do Ruanda foi passado de mães para filhos através do ADN !


Os genes dos filhos de mulheres Tutsi que estavam grávidas e viviam no Ruanda durante o genocídio sofreram mudanças químicas que os tornam mais susceptíveis ao desenvolvimento de doenças mentais.

As marcas psicológicas do genocídio do Ruanda são tão profundas que até já passam para o ADN das gerações futuras, mesmo que estas não tenham vivido a tragédia, aponta o IFLScience.

De acordo com um novo estudo publicado na Epigenomics, o trauma deixado nos genes dos sobreviventes passou para os seus descendentes. Os cientistas da Universidade do Sul da Flórida estudaram os genes das mulheres Tutsi que estavam grávidas e a viver no Ruanda durante o genocídio e dos seus filhos.

A equipa depois decidiu comparar estas amostras de ADN com as de outras mulheres Tutsi e de filhos que estavam a viver noutras partes do mundo durante o genocídio.

Apesar de o ADN ser um código quase fixo, a expressão de certos genes pode ser alterada devido a mudanças epigenéticas, que são influenciadas pelo estilo de vida, as experiências e o ambiente.

No caso das mulheres grávidas que estavam no Ruanda, os investigadores identificaram mudanças químicas ao ADN que foram anteriormente associadas a um maior risco de doenças mentais, como o stress pós-traumático e a depressão.

Estes sintomas foram também identificados nos filhos, o que indica que as mudanças foram passadas de mãe para filhos no útero.

O genocídio do Ruanda entre Abril e Julho de 1994 levou à morte de cerca de um milhão de pessoas, durante a guerra civil. A violência sexual também foi muito prevalente, com estimativas a apontarem para que entre 150 mil e 250 mil mulheres tenham sido violadas.

A maioria das vítimas pertenciam à minoria étnica Tutsi, um grupo que historicamente dominou o país, e os perpetradores eram maioritariamente Hutus, que assumiram o poder durante a revolução que durou entre 1959 e 1962.

Em 1990, a guerra civil começou quando um grupo rebelde Tutsi tentou recapturar o poder. Foi assinado um acordo de paz em 1993, mas a instabilidade rapidamente voltou com o início do genocídio em Abril de 1994, após o abate do avião que levava o presidente Hutu.

“As pessoas do Ruanda que foram estudadas e a comunidade no geral quer saber o que aconteceu porque há muito stress pós-traumático e outros problemas de saúde mental e as pessoas querem respostas sobre a causa destes sentimentos e problemas”, revela o autor Derek Wildman.

Este é o primeiro estudo do efeito do genocídio do Ruanda nos genes, mas já houve outras investigações debruçadas sobre outros acontecimentos traumáticos. Em 2018, uma pesquisa sobre as vítimas de uma fome que desolou os Países Baixos durante a ocupação nazi chegou a conclusões semelhantes.

https://zap.aeiou.pt/trauma-genocidio-ruanda-passado-adn-459268

 

Robô “bola de algas” usa fotossíntese como combustível para monitorizar águas

Uma equipa de investigadores desenvolveu um dispositivo em forma de bolas de alga para monitorizar as águas, que promete ser amigo do ambiente.

O marimo, vulgarmente conhecido como “bolas de alga” ou “bolas de musgo”, é uma espécie em forma de esfera e em perigo de extinção, que se encontra normalmente no Japão e Norte da Europa.

A espécie, que habita nos fundos da água doce, tais como lagos e rios, gera oxigénio para a superfície da água, tal como é habitual nas plantas hidrofítas.

Recentemente, uma equipa de investigadores do Laboratório de Informática não Convencional de Bristol, da Universidade do Oeste de Inglaterra, demonstrou que estas bolinhas verdes podem ser utilizadas para monitorizar alguns parâmetros como a temperatura da água e o nível de oxigénio.

Os investigadores apresentaram as suas conclusões num artigo publicado no Journal of Biological Engineering em janeiro deste ano. Segundo a Interesting Engineering, a equipa desenvolveu um dispositivo com base na referida espécie para monitorizar estes parâmetros, e chamou-lhe “marimo-activated rover system” — ou MARS.

O dispositivo é um exoesqueleto do tamanho de uma bola de basebol, impresso em 3D, que fica preso à volta de bolas de algas, rodeando o Marimo.

Segundo explica Neil Philips, investigador sénior da UWE, o funcionamento do MARS é simples: as bolhas de oxigénio produzidas pelo Marimo atingem a esfera exterior e imprimem-lhe movimento — como as famosas rodas dos hamsters.

Assim, o processo de fotossíntese do próprio Marimo (cujo ritmo está dependente da luz solar) é usado como combustível do MARS, permitindo ao dispositivo movimentar-se autonomamente no fundo do lago.

De acordo com os dados sobre a velocidade do dispositivo, pode afirmar-se que não é propriamente um Formula 1. O MARS move-se a 3,5 polegadas por hora — mais ou menos à velocidade de um caracol.

No entanto, independentemente da sua velocidade baixa, é uma opção viável e prática para a exploração e monitorização ambiental dinâmica.

Segundo algumas opiniões, o MARS irá contribuir para a poluição de plástico no que diz respeito à água. Mas Philips sugere que o dispositivo, sendo de plástico, e apesar de tudo mais amigo do ambiente do que um drone — e que o dispositivo, sendo bastante duradouro, pode no entanto “biodregadar-se” ao longo do tempo.

A transformação direta da energia solar em movimento físico tem uma série de benefícios. De acordo com Philips, o design MARS impresso em 3D, auto-alimentado e sem manutenção torna-o uma alternativa mais fiável e rentável do que outros sistemas.

Agora, a equipa de investigação pretende produzir outra versão do dispositivo que seja compatível com ambientes de água salgada. E desta vez, Neil Philips espera consegui-lo usando algas marinhas em vez de Marimo.

https://zap.aeiou.pt/robo-bola-de-algas-usa-fotossintese-como-combustivel-para-monitorizar-aguas-458947


O fim das relações amorosas pode impactar a saúde dos homens ! Sim, só a dos homens !

Apesar de a pesquisa contar com a participação de mais de quatro mil voluntários, só os do sexo masculino manifestaram uma relação entre uma vida amorosa acidentada e níveis de inflamação mais elevados. 

A existência de uma relação amorosa é algo que muitos indivíduos veem como um fator validativo da sua existência, com consequências ao nível da saúde mental, por exemplo. No entanto, estas podem ser ainda mais vastas, de acordo com uma investigação publicada no Journal of Epidemiology & Community Health, no qual exploram a premissa de que a combinação de vários fins de relacionamentos e longos períodos de solidão pode estar associada a inflamações de baixo grau.

O estudo contou com a participação de 4,835 dinamarqueses com idades compreendidas entre os 48 e os 62 anos, no entanto, esta relação só foi observada entre os homens. Especificamente, experienciar dois (ou mais) fins de relacionamentos ou passar sete (ou mais anos) dos 26 de vida adulta sozinho pareceu estar relacionado com os níveis de marcadores inflamatórios CRP e IL-6. Os homens que viveram mais mais ruturas tinham níveis cerca de 17% mais elevados, ao passo que os que passaram mais anos sozinhos tinham excedentes de 12% em comparação com os do grupo de referência.

Estas conclusões estão em linha com as de uma pesquisa que analisa o impacto do divórcio e de anos de solidão para a saúde, explica Karolina K. Davidsen, co-autora do estudo. “Isto é especialmente claro nos homens. Não é muito claro ou percetível o porquê de os homens experienciarem isto de forma diferente em relação às mulheres. Tem sido explorada por outros a possibilidade de os outros beneficiarem mais, a nível de saúde, mais com os casamentos do que as mulheres — o que significa que o divórcio os vai pôr perante um maior risco de declínio“.

Ainda de acordo com a mesma investigadora, os homens têm mais tendência a mostrar mais comportamentos externos após o fim de uma relação, nomeadamente através do consumo de álcool e de uma alimentação mais pobre. Segundo o site Inverse, deve ainda considerar-se que para muitos homens o casamento funciona como um escudo emocional, já que 66% destes têm nas mulheres o principal apoio social.

Focando-nos novamente no tópico das inflamações, há também mais estudos que apontam para uma grande conexão entre estas e as emoções. Por exemplo, sentimentos como o medo e a vergonha estão associados a uma atividade inflamatória mais grave, ao passo que a tristeza e a raiva estão ligadas a valores inflamatórios mais altos. Em última análise, as inflamações crónicas podem ter extremamente negativas e contribuir para doenças como a diabetes ou o cancro.

Para além desta associação, a equipa de investigadores também concluiu que os homens com uma educação formal mais longa e que viveram sozinhos tinham níveis mais elevados de nos dois marcadores inflamatórios — algo que também não foi visível nas mulheres. Estes marcadores foram recolhidos e medidos através de amostras de sangue.

https://zap.aeiou.pt/os-fins-das-relacoes-amorosas-podem-impactar-a-saude-dos-homens-sim-so-a-dos-homens-458969

 

Fim da calvície ? A resposta pode estar nas células estaminais !


Em terras norte-americanas, cientistas estão a reprogramar células estaminais para crescer cabelo humano em animais. Dar o salto para humanos pode ser complicado.

Quando nascemos temos cerca de 5 milhões de folículos pilosos, que contêm reservatórios de células estaminais que se dividem e se desenvolvem em células de cabelo. Caso estas células sejam danificadas pela idade, por exemplo, deixa de crescer cabelo nos folículos — levando à calvície.

Embora seja comum em homens, muitas mulheres também perdem cabelo. Cerca de 80% dos homens e 50% das mulheres terão queda de cabelo durante as suas vidas, mostram as estatísticas.

Embora a queda de cabelo não tenha um impacto direto na saúde, pode afetar significativamente a autoestima de uma pessoa.

A perda de células estaminais pode ser uma das principais causas da calvície, mas também pode levar à sua cura, escreve o Free Think.

As startups californianas Stemson e dNovo estão na linha da frente no combate à calvície através da reprogramação de células estaminais.

Ambas as empresas conseguiram usar esta tecnologia para crescer o cabelo em ratos anteriormente sem pelos. Ainda assim, até dar o salto para humanos, há muito caminho para percorrer, como admite o próprio CEO da Stemson, Geoff Hamilton.

“Vimos tantas [pessoas] chegarem e dizerem que têm uma solução – isto aconteceu muito no cabelo, e por isso tenho que abordar a questão”, disse Hamilton no Global Hair Loss Summit, no ano passado. “Estamos a tentar projetar para o mundo que somos cientistas de verdade e que é arriscado a ponto de não poder garantir que funcione“.



                                 Um tufo de cabelo humano cresceu num rato de laboratório.

Por sua vez, o fundador da DNovo, Ernesto Lujan, disse que “encontrar o tratamento para a calvície é uma tarefa bastante desafiante”.

Ainda assim, a sua empresa conseguiu fazer crescer um tufo de cabelo humano no corpo de um rato de laboratório careca.

https://zap.aeiou.pt/fim-calvicie-resposta-celulas-estaminais-459005


Curiosity descobre novos vestígios promissores de vida passada em Marte !


Ainda não há certezas da sua origem, mas várias amostras recolhidas pelo rover da NASA têm vestígios de carbono-12, um componente orgânico associado à vida.

O rover Curiosity da NASA descobriu novos compostos orgânicos e Marte que podem ser sinais de vida passada no planeta, nota o Live Science.

Algumas das amostras de rochas em pó que foram recolhidas têm vestígios orgânicos ricos num tipo de carbono que é associado à vida na Terra, concluiu um novo estudo publicado na Proceedings of the National Academy of Sciences. A equipa ressalva que ainda não há garantias porque não se sabe a origem destes químicos.

Os investigadores analisaram cerca de vinte amostras de rochas em pó que o Curiosity recolheu entre Agosto de 2012 e Julho de 2021. O rover alimentou o material ao SAM, que identifica e caracteriza as moléculas orgânicas.

Os cientistas descobriram que quase metade das amostras eram ricas em carbono-12, o mais leve dos dois isótopos de carbono estáveis, em comparação em outras medições anteriores de meteoritos e da atmosfera marciana.

Na Terra, os organismos preferem usar o carbono-12 para os seus processos metabólicos, pelo que esta descoberta em Marte pode indicar a existência de vida. No entanto, ainda não temos informações suficientes sobre os ciclos de carbono no planeta para podermos tirar já conclusões.

Os autores do estudo já propuseram três hipóteses para explicar o fenómeno. A primeira é de que micróbios em Marte produziram metano, que foi depois convertido em moléculas orgânicas mais complexas, após a interacção com a luz ultravioleta do ar. Estas moléculas foram depois incorporadas nas rochas.

Também está em cima da mesa a possibilidade da causa ter sido uma reacção entre luz UV e do dióxido de carbono não-biológico, o gás mais abundante na atmosfera de Marte. O Sistema Solar também pode ter derivado por uma nuvem molecular gigante rica em carbono-12 há muito tempo, o que explica a sua presença em Marte.

Esta não é a primeira vez que o Curiosity detecta compostos orgânicos em Marte, tendo já sido encontrados vestígios de metano várias vezes, cuja origem ou data são desconhecidas. Há teorias sobre que defendem que o composto é criado por micróbios debaixo da superfície do planeta e outras que apontam para que a sua produção seja um resultado das interacções entre rocha e água quente.

A equipa de investigadores já fez saber que são precisos mais estudos e mais informações para se descobrir a origem destes componentes orgânicos. Com o lançamento do outro rover em Marte, o Perseverance, em Fevereiro de 2021, há esperança de que se descubram novas informações em breve, especialmente com o plano de regresso deste robô com amostras à Terra em 2031.

https://zap.aeiou.pt/curiosity-vestigios-promissores-vida-marte-459235

 

Rocket da SpaceX vai colidir com a Lua nas próximas semanas !


Cientistas acreditam que o impacto não será visível a partir da Terra e que dele não resultarão consequências gravosas.

Um rocket da SpaceX está em rota de colisão com a Lua, depois de ter passado quase sete anos a vaguear pelo Espaço. O projeto foi lançado em 2015, enquadrado numa missão interplanetária para pôr em órbita um satélite meteorológico. No entanto, depois da combustão dos seus motores e de enviar o Observatório do Clima do Espaço da NOAA para o chamado ponto Lagrange, a segunda etapa da sua missão foi abandonada.

Neste ponto, o rocket já se encontrava demasiado alto para regressar a Terra — não tinha combustível suficiente para a viagem —, “mas também carecia de energia para fugir à gravidade do sistema Terra-Lua”, explicou Eric Berger, meteorologista, citado pelo The Guardian. “Depois começou a seguir uma espécie de órbita caótica desde fevereiro de 2015”, acrescentou.

Os observadores acreditam que o rocket — aproximadamente com quatro toneladas — deverá colidir com a Lua a uma velocidade de 2.58km/segundo numa questão de semanas. De acordo com Bill Gray, que escreve software para localizar objetos perto da Terra, é provável que a parte superior do Falcon 9 atinja o lado mais afastado da Lua, próximo da sua zona de Equador. Num post no seu blog, Gray afirmou ainda que o objeto já se tinha aproximado da superfície solar a 5 de janeiro, mas deu o impacto como certo na data de 5 de março. O especialista diz ainda que este é o “primeiro caso não intencional” de lixo espacial a atingir a Lua.

Apesar da tecnologia disponível e das previsões existentes, a exata localização do embate permanece incerta, em grande parte devido ao efeito do Sol que empurra o objeto e à ambiguidade na medição dos períodos de rotação”, o que pode alterar ligeiramente a órbita. “Estes efeitos imprevisíveis são muito pequenos. Mas serão acumulados entre o presente e 4 de março”, aprofundou Gray — que diz serem precisas mais observações para ser possível determinar a exata hora e localização da colisão.

Já sobre a possibilidade de o impacto ser visível a partir da Terra, o especialista afasta a hipótese. “A parte mais significativa da lua estará a obstruir a visibilidade, e mesmo que estivesse no lado próximo, o impacto ocorre alguns dias após a Lua Nova”.

Mesmo assim, os apaixonados e especialistas nas questões do Espaço estão entusiasmados e acreditam que esta será uma boa oportunidade para a recolha de informação e dados.

https://zap.aeiou.pt/rocket-da-spacex-vai-colidir-com-a-lua-nas-proximas-semanas-459386

 

Novo Boeing 737 Max ecoDemonstrator pretende combater as alterações climáticas !


A Boeing está a testar várias alterações que podem ser aplicadas em aviões já existentes para os tornar mais sustentáveis e reduzir as emissões de gases com efeitos de estufa.

A indústria da aviação está a caminhar para um futuro mais sustentável, uma vez que tanto as companhias aéreas como os fabricantes de aviões estão a ser forçados a examinar e melhorar o seu impacto ambiental.

As companhias aéreas estão limitadas quanto à forma como podem reduzir a sua pegada de carbono graças à falta de combustíveis de aviação sustentáveis. Mas tanto as companhias aéreas como os fabricantes de aeronaves podem controlar, até certo ponto, a pegada de carbono dos aviões.

O programa ecoDemonstrador da Boeing visa testar novas tecnologias que possam maximizar a eficiência das aeronaves, o que é uma vantagem para as companhias aéreas que conseguem reduzir as suas emissões e custos, ao mesmo tempo que a Boeing torna os seus aviões mais atrativos para potenciais compradores.

Agora, a Boeing e a Alaska Airlines juntaram-se para testar novas tecnologias a bordo de uma aeronave Boeing 737 Max 9, que é o novo ecoDemonstrator da Boeing, escreve a Business Insider.

O Boeing 737 Max é um excelente exemplo de como os aviões existentes podem ser atualizados com novas tecnologias que tanto reduzem as emissões como os custos para as companhias aéreas.

Aquela aeronave é alimentada por dois motores CFM International LEAP-1B que utilizam pás de ventoinha mais longas feitas de materiais compostos para reduzir a taxa de combustível queimado em 14%, em comparação com os motores da geração anterior.

Além disso, as novas asas de “tecnologia avançada” aumentam a eficiência aerodinâmica do avião, o que também contribui para uma redução da combustão de combustível.

Mas, segundo a Business Insider, as inovações não ficam por aqui: uma redução de peso de dez quilogramas pode ter um grande impacto no desempenho e na eficiência do avião, por exemplo.

A luz anti-colisão — localizada na barriga da aeronave e característica necessária nos aviões comerciais — também deverá ser substituída. Isto porque perturba o fluxo suave do ar sob a aeronave.

A Boeing quer, assim, tornar a luz nivelada com a fuselagem para melhorar o fluxo de ar e reduzir o arrasto, bem como mantê-la no interior da aeronave para a proteger das condições extremas.

Apesar de parecer pequena, esta mudança terá um impacto na quantidade de combustível que um avião irá queimar num determinado voo, bem como na frequência com que uma companhia aérea poderá necessitar de reparar as luzes anti-colisão.

“É uma redução muito pequena da resistência ao arrasto, mas tudo se soma a um avião mais eficiente”, disse Chad Lloyd, gerente da Boeing para o programa ecoDemonstrator.

Dentro do motor, a Boeing está a testar tratamentos acústicos que visam reduzir os níveis de ruído em benefício das pessoas no solo.

“Estamos a testar novas tecnologias para colocar tratamentos acústicos em partes do motor que nunca foram capazes de acomodar esses tratamentos antes”, disse Addison Salzman, também do programa ecoDemonstrator.

A Boeing está ainda a testar a utilização de paredes laterais de fibra de carbono, que são mais leves do que os materiais tradicionais. A fibra de carbono é reciclada a partir da produção do Boeing 787 Dreamliner e é 20% mais leve do que os materiais atuais, resultando numa redução entre nove e 13 quilogramas.

“Um dos nossos objetivos como fabricante de estruturas de aeronaves é tornar as aeronaves mais leves“, disse Lloyd.

“Aviões mais leves resultam numa menor quantidade de combustível queimado, o que resulta em menos emissões para a atmosfera”, continuou.

“As coisas que fazemos aqui através de parceiros aéreos e outros ajudam a mostrar o que irá acontecer nos nossos próximos aviões e também as melhorias que irão acontecer nos nossos aviões já existentes“, disse Chris Raymond, diretor de sustentabilidade da Boeing.

A Boeing lançou o programa EcoDemonstrator em 2012 com o objetivo de testar múltiplas tecnologias utilizando um único avião, substituindo a prática anterior de utilizar um avião para testar uma tecnologia de cada vez.

O Boeing 737 Max 9 da Alaska Airlines está a servir como o oitavo avião a desempenhar esta função. Os anteriores ecoDemonstradores incluem os Boeing 787-9 Dreamliner, Boeing 757, Boeing 777-200, Boeing 777 Freighter, e Boeing 737 aviões.

https://zap.aeiou.pt/novo-boeing-737-max-ecodemonstrator-pretende-combater-as-alteracoes-climaticas-458845

 

EMA dá luz verde ao primeiro medicamento oral para tratar covid-19 !


O regulador europeu deu, esta quarta-feira, luz verde ao uso de um medicamento antiviral para tratar a
A Agência Europeia do Medicamento (EMA, na sigla em inglês) recomendou, esta quinta-feira, a comercialização do Paxlovid, o primeiro antivírico de toma oral para tratar a covid-19 nos países da União Europeia.

“O Comité de Medicamentos Humanos da EMA (CHMP) recomendou a concessão de uma autorização de comercialização condicional para o medicamento antiviral oral Paxlovid para o tratamento da covid-19”, diz o regulador europeu em comunicado.

Segundo a agência europeia, este medicamento da farmacêutica Pfizer está recomendado, nesta fase, para adultos que não precisam de oxigénio suplementar e que correm maior risco de desenvolver uma forma grave de covid-19.

De acordo com a EMA, o Paxlovid é o primeiro medicamento antiviral administrado por via oral recomendado na União Europeia para o tratamento da covid-19, contendo duas substâncias ativas em dois comprimidos diferentes, que reduzem a capacidade do coronavírus SARS-CoV-2 se multiplicar no corpo.

Para chegar à conclusão anunciada, o CHMP avaliou os dados de um estudo com doentes infetados, que demonstrou que o Paxlovid “reduziu significativamente as hospitalizações ou mortes em pacientes que têm pelo menos uma condição subjacente que os coloca em risco de covid-19 grave”.

A maioria dos doentes participantes no estudo estava infetada com a variante Delta, mas a EMA espera, com base em investigação de laboratório, que o Paxlovid também seja ativo contra Ómicron e outras variantes do SARS-CoV-2.

“O CHMP concluiu que os benefícios do medicamento são superiores aos seus riscos para a utilização aprovada e enviará agora as suas recomendações à Comissão Europeia para uma decisão rápida aplicável em todos os Estados-membros da UE”, adiantou o regulador.

Cabe agora à Comissão Europeia “acelerar o processo de tomada de decisão” para conceder a autorização de introdução no mercado condicional do Paxlovid, permitindo que seja comercializado em toda a UE, adianta o comunicado.

Esta autorização condicional de comercialização é um procedimento utilizado pela EMA para acelerar a aprovação de medicamentos durante emergências de saúde pública na UE, como é o caso da atual pandemia.

O regulador europeu é responsável pela avaliação científica, supervisão e monitorização da segurança de medicamentos na UE, trabalhando em rede com milhares de especialistas de toda a Europa, distribuídos pelos vários comités científicos.

https://zap.aeiou.pt/ema-luz-verde-medicamento-oral-covid-459666

 

quarta-feira, 26 de janeiro de 2022

Ser assintomático não nos salva - Estudo detecta défice cognitivo em pacientes ligeiros meses depois de terem covid-19 !


Mesmo até seis meses depois da infecção por covid-19, muitos doentes leves ou assintomáticos têm ligeiras falhas cognitivas, especialmente em tarefas que exijam concentração durante um período de tempo mais longo.

Um novo estudo da Universidade de Oxford publicado na Brain Communications detectou pequenos défices de atenção e falhas de memória até seis meses depois da infecção por covid-19 em doentes ligeiros um caso leve de covid-19.

Já outras investigações tinham apontado para uma relação entre casos severos de covid-19 e problemas cognitivos, como a fatiga mental ou os esquecimentos. Esta nova investigação debruçou-se sobre os efeitos da doença nos cérebros de pacientes com casos leves a moderados ou até assintomáticos que não sofram de covid longa, assinala o New Atlas.

A amostra foi de 150 pessoas, com cerca de 60 a reportarem um caso confirmado com teste PCR até nove meses antes. O grupo completou 12 testes online que medem uma variedade de funções cognitivas, desde a atenção, o raciocínio até à percepção espacial.

“Tranquilizadoramente, os sobreviventes à covid-19 saíram-se bem na maioria das capacidades testadas, incluindo a memória de trabalho, função executiva, planeamento e rotação mental. No entanto, revelaram uma memória episódica significativamente pior (até seis meses após a infecção) e um maior declínio na vigilância com o aumento do tempo das tarefas (até nove meses)”, diz o estudo.

A tarefa da vigilância é usada para avaliar quão rapidamente uma pessoa fica com fatiga durante um exercício cognitivo que exija atenção constante. Em comparação com um grupo de controlo, os pacientes que tiveram covid-19 tiveram uma queda mais rápida na precisão com que executaram da tarefa após quatro minutos de concentração.

Sijia Zhao, uma autora do estudo, mostrou-se surpreendida com os resultados porque nenhum dos membros da amostra reportou qualquer problema neurológico. “As nossas conclusões mostram que as pessoas podem sofrer consequências cognitivas crónicas durante meses”, refere.

Ainda não se sabe ao certo o que causa estas falhas cognitivas meses depois de se contrair a doença, mas os especialistas estão a considerar a hipótese de que o vírus pode estar a causar uma variedade de mudanças imunológicas e microvasculares no cérebro. Mas há boas notícias, já que estes problemas parecem desaparecer entre seis e nove meses depois da infecção.

Stephen Burgess, investigador da Universidade de Cambridge que não trabalhou no estudo, apontou algumas limitações na pesquisa, como a falta de aleatoriedade, que pode levar a que as diferenças identificadas entre os grupos da amostra que tiveram e que não tiveram covid não se apliquem à população em geral. Mesmo assim, a hipótese é interessante e merece ser investigada mais aprofundadamente.

O estudo conclui notando que é plausível assumir que os défices cognitivos menores aconteçam depois de casos ligeiros de covid-19, tendo em conta que outras investigações já tinham notado que a severidade dos sintomas durante a infecção está ligada à severidade dos problemas neurológicos que se seguem.

https://zap.aeiou.pt/defice-cognitivo-pacientes-ligeiros-covid-458962

 

Miocardites afetam até 120 vezes mais crianças infetadas não vacinadas que as inoculadas !


Segundo o Programa Nacional para as Doenças Cérebro-Cardiovasculares, a vacinação contra a covid-19 “é segura e eficaz em idade pediátrica”.

De acordo com o Público, a miocardite após a vacinação é muito rara e geralmente ligeira, com rápida recuperação, explicam os especialistas.

“A vacinação contra o vírus SARS-CoV-2 é segura e eficaz em idade pediátrica. As reações adversas são raras, muito em particular no grupo de crianças entre os 5 e os 11 anos. A miocardite após vacinação é muito rara e geralmente ligeira, com rápida recuperação, parece não ter sequelas, e atinge particularmente rapazes na adolescência e jovens adultos”, conclui o Programa Nacional para as Doenças Cérebro-Cardiovasculares (PNDCCV), da Direção-Geral da Saúde, num parecer.

Segundo o último relatório diário da vacinação, 301 mil crianças entre os cinco e os 11 anos já iniciaram a vacinação contra a covid-19. Um número que não chega ainda a 50% do universo estimado de crianças elegíveis.

É preciso ter também em conta que nem todas podem ser vacinadas nesta altura, porque podem estar ou estiveram infetadas, ou a cumprir isolamento profilático.

De acordo com o previsto, o próximo fim-de-semana dedicado à vacinação infantil é a de 5 e 6 de fevereiro, para primeiras e segundas tomas.

Os responsáveis do programa salientam que algumas crianças podem desenvolver doença grave na sequência da infeção pelo SARS-CoV-2, sendo “uma das complicações mais sérias” a síndrome inflamatória multissistémica (MIS-C ou PIMS), que pode implicar a necessidade de cuidados intensivos.

“Neste contexto, a vacinação assume-se como uma medida que permite diminuir a potencial gravidade do impacto da covid-19 nas crianças e adolescentes, sobretudo tendo em conta a evidência científica robusta de que a vacina é segura, inclusivamente para o grupo etário dos cinco aos 11 anos”, afirmam, referindo que a vacinação não causa MIS-C e que estudos recentes indicam que nos adolescentes vacinados o risco de ter MIS-C após a infeção diminuiu 91%.

Quanto à miocardite (infeção do músculo cardíaco) associada à covid-19, o parecer “Vacina para Covid-19 em Idade Pediátrica e Lesão Cardíaca: o que sabemos”, assinado por Fátima Pinto e Filipe Macedo, refere que pode ocorrer em três circunstâncias diferentes:

“Devido à infeção viral, em cerca de 60 casos por 100.000 indivíduos infetados; na doença mais grave, síndrome inflamatória multissistémica por COVID-19 (MISC-C ou PIMS) atingindo cerca de 17,3% dos casos; e após vacinação, com uma incidência de 0,5 a 1 caso por 100.000 indivíduos”.

Em qualquer uma destas formas, é mais frequente no sexo masculino entre os 16 e os 40 anos.

O parecer também refere que as causas da miocardite em contexto de covid-19 “são ainda desconhecidas”, assim como a razão por que “ocorre mais frequentemente entre rapazes jovens, após a puberdade”. “Também não foi ainda possível confirmar a relação causa-efeito entre a vacina e a miocardite“.

“A miocardite por infeção com SARS-CoV-2 sendo cerca de 60 vezes mais frequente, que após a vacinação, pode ter sintomas mais graves, evolução mais prolongada, bem como complicações e sequelas a longo prazo”, dizem os especialistas.

Acrescentando ainda que “a miocardite em idade pediátrica após a vacinação é muito rara, apresenta-se com sintomas ligeiros, evolução rápida e não aparenta ter complicações ou sequelas a longo prazo”.

Dos 8,7 milhões de vacinas administradas a crianças entre os cinco e os 11 anos nos Estado Unidos resultaram 11 comunicações de casos de miocardite.

“Todas foram ligeiras e transitórias” e “não se conhece mortalidade diretamente relacionada com a vacina”, notam os autores do parecer.

“A experiência dos hospitais pediátricos nacionais de referência é de que o risco de envolvimento cardíaco em doentes com infeção por covid, em qualquer idade, é uniformemente pior e mais frequente, do que após a vacinação, podendo ser responsável por sequelas tardias, que requerem seguimento a longo prazo. Não sendo comparável à miocardite após vacina, muito mais rara e ligeira”, concluem.

https://zap.aeiou.pt/miocardites-afetam-60-vezes-mais-as-criancas-infetadas-do-que-as-vacinadas-459340


A erupção de Tonga foi tão intensa que fez a atmosfera “tocar” como um sino !


A erupção de Tonga foi tão intensa que fez a atmosfera “tocar” como um sino, explica uma equipa de investigadores.

A erupção do Hunga Tonga-Hunga Ha’apai atingiu o pico explosivo no dia 15 de janeiro de 2022. A sua rápida libertação de energia gerou um tsunami oceânico que causou danos até à costa oeste dos EUA, mas também gerou ondas de pressão na atmosfera que rapidamente se espalharam pelo mundo.

O padrão de ondas atmosféricas perto da erupção foi bastante complicado, mas a milhares de quilómetros de distância parecia uma frente de onda isolada a viajar horizontalmente a mais de 1000 quilómetros por hora à medida que se espalhava.

James Garvin, da NASA, cientista-chefe do Goddard Space Flight Center, disse à NPR que a agência espacial estimou que a explosão foi equivalente a cerca de 10 megatoneladas de TNT, cerca de 500 vezes mais poderosa que a bomba lançada em Hiroshima, no Japão, durante a Segunda Guerra Mundial.

Dos satélites que observavam com sensores infravermelhos, a onda parecia uma ondulação produzida pela queda de uma pedra num lago.

O pulso registou perturbações na pressão atmosférica que duraram vários minutos enquanto se movia sobre a América do Norte, Índia, Europa e muitos outros lugares ao redor do globo.

Online, as pessoas acompanharam o progresso do pulso em tempo real enquanto os observadores publicavam as suas observações barométricas nas redes sociais. A onda propagou-se por todo o mundo e voltou em cerca de 35 horas. 

A tocar como um sino

Uma erupção que faz a atmosfera tocar como um sino é uma manifestação do fenómeno que o físico, astrónomo e matemático francês Pierre-Simon de Laplace teorizou. O mesmo fenómeno também está presente como vibrações globais da atmosfera.

Essas oscilações globais, análogas ao movimento da água para a frente e para trás numa banheira, só recentemente foram detetadas de forma conclusiva.

As ondas podem conectar a atmosfera rapidamente em todo o mundo, como as ondas que se propagam através de um instrumento musical, como uma corda de violino, pele de tambor ou sino de metal. A atmosfera pode e faz “tocar” num conjunto de frequências distintas.

Em 2020, uma equipa de investigadores utilizou observações modernas para confirmar as implicações da teoria de Laplace para as vibrações globalmente coerentes da atmosfera.

Analisando um conjunto de dados de pressão atmosférica a cada hora por 38 anos em locais de todo o mundo, os cientistas conseguiram identificar os padrões e frequências globais que Laplace e outros que o seguiram teorizaram.

Essas oscilações atmosféricas globais são de frequência muito baixa para serem ouvidas, mas são excitadas continuamente por todos os outros movimentos na atmosfera, fornecendo uma “música de fundo” muito suave, mas persistente, para as flutuações climáticas mais dramáticas na nossa atmosfera.

O trabalho de Laplace foi o primeiro passo no caminho para a nossa moderna previsão do tempo através de computador.

https://zap.aeiou.pt/a-erupcao-de-tonga-foi-tao-intensa-que-fez-a-atmosfera-tocar-como-um-sino-458978


Afinal, lagos de Marte podem ser rochas vulcânicas enterradas sob gelo !

A região branca mostra a “tampa” gelada que cobre o pólo sul de Marte, composta por água e dióxido de carbono congelados

O mistério adensa-se: afinal, os lagos encontrados em Marte podem ser, na realidade, rochas vulcânicas enterradas debaixo de gelo.

Dados divulgado em julho do ano passado revelaram que o Planeta Vermelho pode ter vários lagos subterrâneos no seu polo sul e, portanto, maiores quantidades de água em estado líquido.

As estimativas dos cientistas indicavam que o lago tem cerca de 19 quilómetros de largura e que se localiza a cerca de 1,6 quilómetros de profundidade sob a superfície seca e gelada do planeta.

A realidade pode ser bem diferente. Um novo estudo mostra que o sinal detetado pelo radar da sonda Mars Express pode simplesmente ter indicado rochas vulcânicas ricas em ferro debaixo do gelo.

“Não entendemos como é que a água líquida pode estar lá, porque não esperávamos ter energia e pressão suficientes para derreter a água lá, mesmo que a água seja salgada”, disse Cyril Grima, da Universidade do Texas.  

Para tirar as dúvidas, a equipa de investigadores realizou uma simulação de como seria toda a superfície de Marte se, como o polo sul, estivesse enterrado sob 1,4 km de gelo. Foi então que encontraram reflexos brilhantes como os que a Mars Express avistou, conta a revista New Scientist.

As áreas brilhantes coincidiam com as localizações de planícies vulcânicas, criadas por lava rica em ferro. Isto indica que o sinal pode ter vindo de rochas vulcânicas, não de água líquida.

Ainda na altura da primeira descoberta, em julho, os cientistas salientaram que não tinham a certeza se os sinais eram de água líquida. “Ou a água líquida é comum sob o polo sul de Marte, ou estes sinais são indicativos de algo diferente”, disse, na altura, Jeffrey Plaut, do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA.

A melhor maneira de descobrir com certeza se são rochas vulcânicas ou lagos, seria visitar o polo sul de Marte e fazer medições da superfície, salientam os investigadores norte-americanos. Por enquanto, o mistério mantém-se.

https://zap.aeiou.pt/lagos-marte-rochas-vulcanicas-gelo-459030


Um buraco negro rebelde foi apanhado a criar uma estrela, em vez de a devorar !


Muitas vezes retratados como monstros destruidores que mantêm a luz cativa, os buracos negros assumem um papel menos maligno na última pesquisa do Telescópio Espacial Hubble da NASA.

De acordo com a NASA, um buraco negro no coração da galáxia anã Henize 2-10 está a criar estrelas em vez de as devorar.

O buraco negro está aparentemente a contribuir para a formação de novas estrelas que está a ter lugar na galáxia. A galáxia anã encontra-se a 30 milhões de anos-luz de distância, na constelação Pyxis.

Há uma década, esta pequena galáxia desencadeou várias dúvidas entre os astrónomos, sobre se as galáxias anãs eram o lar de buracos negros proporcionais aos gigantes, encontrados nos corações das galáxias maiores.

O pequeno buraco negro na Henize 2-10, que contém apenas um décimo do número de estrelas encontradas na nossa Via Láctea, vai desempenhar um papel importante na solução do mistério de onde vieram os buracos negros supermassivos em primeiro lugar.  

“Há dez anos, como estudante de pós-graduação a pensar que passaria a minha carreira na formação de estrelas, olhei para os dados de Henize 2-10 e tudo mudou”, afirmou Amy Reines, que publicou as primeiras provas de um buraco negro na galáxia em 2011, e é a investigadora principal das novas observações Hubble, publicadas na em janeiro na Nature.

“Desde o início soube que algo de invulgar e especial estava a acontecer em Henize 2-10, e agora Hubble forneceu uma imagem muito clara da ligação entre o buraco negro e uma região vizinha de formação de estrelas, localizada a 230 anos-luz do buraco negro”, sublinhou Reines.

Essa ligação é um fluxo de gás que se estende pelo espaço, como se fosse um cordão umbilical para um viveiro estelar brilhante.

A região já era o lar de um denso fluxo de gás, quando a saída de gás de baixa velocidade chegou. A espectroscopia Hubble mostra que a saída de gás se movia a cerca de 1 milhão de quilómetros por hora, batendo no gás denso e espalhando-o.

Os aglomerados de estrelas recém-nascidas traçam o caminho do escoamento, com a sua idade também calculada por Hubble.

Este é o efeito oposto do que se vê em galáxias maiores, onde o material que cai em direção ao buraco negro é arrastado pelos campos magnéticos circundantes, formando jatos de plasma em chamas, que se movem a uma velocidade próxima da velocidade da luz.

As nuvens de gás presas no caminho dos jatos seriam aquecidas muito para além da sua capacidade de arrefecer e formar estrelas.

Mas com o pequeno buraco negro em Henize 2-10, e a sua saída mais suave, o gás comprime-se apenas o suficiente para formar novas estrelas.

“A apenas 30 milhões de anos-luz de distância, Henize 2-10 está suficientemente perto para que Hubble fosse capaz de capturar tanto imagens, como provas espectroscópicas de um fluxo saído de um buraco negro. A surpresa adicional foi que, em vez de suprimir a formação de estrelas, o fluxo estava a desencadear o nascimento de novas estrelas”, explicou Zachary Schutte, aluno de pós-graduação de Reines e autor principal do novo estudo.

Desde a sua primeira descoberta de emissões distintas de rádio e raios X em Henize 2-10, Reines pensou que deviam vir de um enorme buraco negro, mas não tão supermassivo como os observadas em galáxias maiores.

Outros astrónomos, contudo, pensaram que a radiação era mais provável ser emitida por um remanescente de supernova, uma ocorrência familiar numa galáxia que está a bombear rapidamente estrelas maciças, que explodem rapidamente.

“A surpreendente resolução de Hubble mostra claramente um padrão semelhante ao saca-rolhas nas velocidades do gás, que podemos encaixar no modelo de uma pré-condição, ou oscilação, saída de um buraco negro, refere Reines.

“Um vestígio de supernova não teria esse padrão, e por isso é claramente a nossa prova de que se trata de um buraco negro“, acrescentou ainda a investigadora.

Reines espera que os buracos negros da galáxia anã sejam melhor investigados no futuro, com o objetivo de auxiliarem a resolução do mistério de como os buracos negros supermassivos apareceram no universo primitivo.

Os buracos negros gigantes são como um puzzle para os astrónomos. A relação entre a massa da Henize 2-10 e o seu buraco negro pode ajudar a juntar a peças.

O buraco negro em Henize 2-10 é de cerca de 1 milhão de massas solares. Em galáxias maiores, os buracos negros podem ser mais de mil milhões de vezes a massa do nosso Sol. Quanto maior for a galáxia hospedeira, maior será o buraco negro central.

As teorias atuais sobre a origem dos buracos negros gigantes dividem-se em três categorias distintas.

A primeira indica que se formaram como buracos negros de massa estelar mais pequenos, a partir da implosão de estrelas, e de alguma forma reuniram material suficiente para crescerem supermassivos.

A segunda hipótese propõe condições especiais no universo inicial que permitiram a formação de estrelas supermassivas que, por sua vez, colapsaram para formar “sementes” de buracos negros maciços.

Por último, existe a última hipótese de as “sementes” de futuros buracos negros gigantes terem nascido em densos aglomerados de estrelas, onde a massa teria sido suficiente para, de alguma forma, os criar a partir do colapso gravitacional.

Até agora, nenhuma das teorias tomou a dianteira. Galáxias anãs como Henize 2-10 oferecem pistas promissoras, porque permaneceram pequenas durante o tempo cósmico, em vez de sofrerem o crescimento e a fusão de grandes galáxias como a Via Láctea.

Os astrónomos acreditam que os buracos negros da galáxia anã podem dar uma explicação para os buracos negros no universo primitivo, quando eles estavam apenas a começar a formar-se e a crescer.

“A era dos primeiros buracos negros não é algo que tenhamos podido ver, por isso é que existe a grande questão: de onde vieram eles? As galáxias anãs podem reter alguma memória do cenário do surgimento dos buracos negros que, de outra forma, se perderam no tempo e no espaço“, concluiu Reines.

https://zap.aeiou.pt/um-buraco-negro-rebelde-foi-apanhado-a-criar-uma-estrela-em-vez-de-a-devorar-458879




Descoberto no “crepúsculo do oceano” um dos maiores recifes de corais do mundo !

Uma missão científica apoiada pela UNESCO – Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura, descobriu um dos maiores recifes de corais do mundo, localizado na costa do Tahiti.

A agência das Nações Unidas destaca que “as condições imaculadas do recife e a área extensa coberta pelos corais em formato de rosas fazem com que esta seja uma descoberta muito valiosa”.

Segundo a diretora-geral da UNESCO, Audrey Azoulay, até agora, apenas “20% de todo o relevo oceânico foi mapeado”, pelo que “a descoberta notável no Tahiti demonstra o trabalho incrível dos cientistas que estão a ampliar o nosso conhecimento sobre tudo o que se encontra nas profundezas”.

O recife agora encontrado está localizado 30 a 65 metros abaixo do nível do mar, tendo aproximadamente 3km de extensão e 65 metros de largura.  

Segundo explica a UNESCO, este é um dos recifes mais extensos e saudáveis do mundo. Os corais gigantes em formato de rosa têm até 2 metros de diâmetro.

De acordo com a agência, a maioria dos recifes de corais do mundo estão a apenas 25 metros de profundidade. A descoberta deste recife de corais no Tahiti sugere que haverá muitos recifes bastante abaixo de 30 metros, na área conhecida como a zona do crepúsculo do oceano.

O fotógrafo francês Alexis Rosenfeld, que liderou a missão de mergulho, declarou ter sido “mágico observar de perto lindos e gigantes rosas de corais, que esticam até onde a vista alcança”. Estes recifes “parecem até obras de arte”, diz o fotógrafo.

A expedição fez parte do projeto global da UNESCO de mapear os oceanos. Os recifes de corais são fonte importante de alimentos para outros organismos marinhos e encontrá-los pode ajudar nas pesquisas sobre biodiversidade.

Segundo a agência das Nações Unidas, os organismos que vivem nos corais são importantes para pesquisas na área da medicina e os corais ajudam na proteção da erosão costeira e até de tsunamis.

Até agora, foram poucos os cientistas que conseguiram localizar, investigar e estudar recifes de coral abaixo de 30 metros de profundidade, mas as tecnologias atuais permitem mergulhos mais profundos.

A equipa da UNESCO, que mergulhou ao todo cerca de 200 horas para estudar os corais agora descobertos, planeia continuar a investigação com novos mergulhos nos próximos meses.

A UNESCO, agência da ONU responsável por pesquisas nos oceanos, foi fundada em 1960 e conta com a participação de 150 países.

https://zap.aeiou.pt/descoberto-um-dos-maiores-recifes-de-corais-do-mundo-459042


Efeito placebo, mas ao contrário - Mais de 60% das reações adversas à vacina da covid-19 são psicológicas !


As principais queixas dos doentes a quem foi dada uma “doce placebo” são dores de cabeça e cansaço, as mesmas reportadas pelos que foram efetivamente vacinados contra a covid-19.

A mente humana é poderosa e não é fácil enganá-la – apesar de esta ser capaz de enganar todo o corpo humano. De acordo com um novo estudo, que contou com a participação de mais de 45 mil pacientes, na maioria dos pacientes que reportou reações adversas após a toma da vacina da covid-19 o que estava em causa era o efeito nocebo, ou seja, o “irmão mau” do efeito placebo, no qual um indivíduo pensa estar a sentir-se mal devido a um tratamento ou à ingestão de medicamentos, algo que já estava à priori.

Através da análise de dados de 12 ensaios clínicos aleatórios tendo em vista a deteção de casos de efeitos placebo, uma equipa do Beth Israel Deaconess Medical Center (BIDMC), em Boston, situou em 64% a quantidade de efeitos secundários que podem ser atribuídos a este tipo de atitude. “Efeitos adversos após tratamentos de placebo são frequentes em ensaios aleatórios controlados“, explicou Julia W.Haas, da referida instituição.

“Recolher de forma sistemática evidências relativas à resposta nocebo nos testes à vacina é algo importante para o programa de vacinação contra a covid-19 a nível mundial, já que a preocupação com os possíveis efeitos secundários das principais justificações evocadas para a recusa das doses”, aponta.

Os 12 ensaios clínicos estudados pela equipa incluíram um total de 45,350 pacientes. Destes, 22,802 receberam uma vacina real, ao passo que aos restantes 22,578 foi dado uma versão placebo, ou seja, uma substância sem qualquer impacto para a saúde ou sem qualquer tipo de efeito terapêutico. Depois da primeira injeção, 46,3% dos pacientes que receberam a vacina reportaram efeitos adversos sistemáticos, tais como dores de cabeça ou cansaço. Já 66,7% dos integrantes do mesmo grupo queixaram-se de dores ou inchaços no local da injeção.

Ainda assim, também os chamados “pacientes placebo” dizem ter experienciado afeitos adversos, com 35,2% a referir efeitos sistemáticos e 16,2% efeitos locais.

A equipa de investigadores procedeu, posteriormente, à comparação dos rácios dos dois grupos. Foi aí que descobriram que 76% dos efeitos adversos sistemáticos provinham do “grupo placebo“, assim como 24% dos efeitos adversos localizados – isto após a primeira dose. Na segunda dose, os valores baixaram, com menos “pacientes placebo” a queixarem-se de reações adversas (31,8% para os efeitos sistemáticos e 11,8% para os locais). Contrariamente, nos pacientes que efetivamente receberam as doses da vacina da covid-19, as queixas aumentaram após a toma da segunda dose.

No total, e como referido anteriormente, 64% dos efeitos secundários adversos registados após a toma das duas doses podiam ser atribuídos aos efeito nocebo. “Sintomas não específicos, como dor de cabeça ou cansaço – que demonstrámos ser particularmente sensíveis ao nocebo – fazem parte da lista das reações adversas mais comuns nos folhetos informartivos”, explica Ted J. Kaptchuk, investigador na área do placebo no BIDMC e da Escola de Medicina de Harvard.

“As evidências mostram que este tipo de informação pode fazer com que as pessoas atribuem de forma errônea sintomas habituais do seu dia-a-dia à toma da vacina e daí resultar um estado de ansiedade ou preocupação que faz com que as pessoas ficam extremamente alerta em relação às mudanças corporais.

https://zap.aeiou.pt/efeito-placebo-mas-ao-contrario-mais-de-60-das-reacoes-adversas-a-vacina-da-covid-19-sao-psicologicas-458155

 

segunda-feira, 24 de janeiro de 2022

A Nebulosa da Chama “arde” como uma fogueira cósmica !

A Nebulosa da Chama

Com a ajuda do Atacama Pathfinder Experiment (APEX), uma equipa de astrónomos captou a região de formação de estrelas em comprimentos de onda de rádio, revelando detalhes da Nebulosa da Chama que nunca tínhamos visto.

A nova imagem processada é baseada em observações realizadas há anos pelo antigo astrónomo do Observatório Europeu do Sul (ESO), Thomas Stanke, e a sua equipa.

“Como os astrónomos gostam de dizer, sempre que há um novo telescópio ou instrumento disponível, observamos Orion onde há sempre algo novo e interessante a descobrir”, comentou Stanke, citado pelo Science Alert.

A Nebulosa da Chama faz parte do Complexo de Nuvens Moleculares de Orion, localizado na constelação de Orion, que é uma das regiões mais bem estudadas do céu noturno.

Este complexo contém um vasto conjunto de nebulosas formadoras de estrelas que se estende por centenas de anos-luz em todas as direções, começando a cerca de 1.000 anos-luz do Sistema Solar. Por ser tão próximo e tão grande, é um excelente laboratório para estudar a formação de estrelas.  

A Nebulosa da Chama aloja no seu centro uma multidão de novas estrelas que emitem radiação de alta energia e faz resplandecer os gases que a rodeiam. É uma nebulosa de emissão, isto é, emite a sua própria luz.

ESO / Th. Stanke

Nebulosa da Chama em comprimentos de onda de rádio

O que faz brilhar uma nebulosa de emissão é a ionização de gases na nebulosa pela radiação de uma estrela quente próxima. Uma vez que as estrelas jovens são muito quentes, os viveiros estelares (como esta fogueira cósmica) tendem a brilhar intensamente.

As estrelas nascem em nuvens densas de gás e poeira, que tendem a obscurecer a sua presença em comprimentos de onda óticos. O problema foi resolvido com o APEX, um instrumento que captura imagens em comprimentos de onda de rádio, em detalhes que os nossos olhos são incapazes de ver.

Nesta investigação, os astrónomos conseguiram também encontrar uma nebulosa nunca antes vista, quase perfeitamente circular – o que sugere uma nuvem esférica sem estrelas.

Os cientistas batizaram este objeto de glóbulo da Nebulosa da Vaca e acreditam que poderia ser usado para estudar a estrutura e dinâmica das nuvens.

O trabalho da equipa foi aceite para publicação na Astronomy & Astrophysics. Para já, está disponível no arXiv.

https://zap.aeiou.pt/nebulosa-da-chama-arde-como-fogueira-457887


Cigarros eletrónicos de cocaína podem ajudar a combater dependência !


Dois investigadores querem criar um cigarro eletrónico de cocaína. A invenção pode ajudar a combater a toxicodependência, acreditam os especialistas.

Todos nós conhecemos os cigarros eletrónicos. Muitos fumadores optam por passar a usá-los por não conterem tabaco. O cigarro eletrónico é um dispositivo que produz um vapor, e normalmente contém nicotina, solventes, aromas e outros aditivos.

As consequências para a saúde do seu uso há muito tempo que são debatidas. Enquanto alguns argumentam que o vapor é menos nocivo do que o fumo do tabaco, outros defendem que traz outros problemas. Em alguns casos, já foram detetados carcinógenos, por exemplo.

Embora o seu uso divida os especialistas, já quem queira transportar a ideia para a droga. É o caso de Fabian Steinmetz e Heino Stöver, que criaram o conceito de um cigarro eletrónico de cocaína.

Os investigadores dizem que tal dispositivo pode mitigar os danos de fumar cocaína, reduzindo o risco de overdose e morte. O design do dispositivo seria bastante semelhante ao dos típicos cigarros eletrónicos, com a particularidade de levar cocaína em vez de nicotina.

Usar os vaporizadores para fumar cocaína não é propriamente algo novo, mas Steinmetz e Stöver estão a tentar criar um dispositivo próprio para o efeito. O importante agora é perceber se realmente pode ajudar as pessoas a mitigar a sua toxicodependência.

“Pode ser alguma coisa entre crack e snifar cocaína, mas se ajuda metade das pessoas, então ajuda metade das pessoas”, disse Steinmetz à Discover Magazine. “A coisa mais prejudicial sobre os estimulantes é que as pessoas usam-nos continuamente”, acrescentou o toxicólogo.

As partículas aquecidas do crack podem causar danos aos pulmões, às vezes chamados de “pulmão de crack”, algo que um vaporizador resolveria.

O conceito de Steinmetz seria um modelo de prescrição médica, algo que poderia ajudar a combater o número de overdoses.

O estudo foi recentemente publicado na revista científica Drug Science, Policy and Law.

A descriminalização da cocaína para este efeito também seria uma possibilidade. O investigador salienta que muitos estudiosos “negligenciam quanto dano a proibição está a infligir direta ou indiretamente às pessoas”.

Mark Tyndall, professor de saúde pública da Universidade da Colúmbia Britânica, está a levar a cabo um programa de fornecimento seguro em Vancouver, usando máquinas de venda automática. Atualmente, Tyndall prescreve hidromorfona injetável a 70 pacientes, mas planeia expandir o programa.

Muitos dos seus pacientes reduziram o uso de drogas ou pararam completamente de comprá-las nas ruas.

“As pessoas param de usar drogas quando encontram algo melhor”, diz Tyndall. “E não oferecemos muito melhor às pessoas, apenas continuamos a puni-las”.

https://zap.aeiou.pt/cigarros-eletronicos-de-cocaina-podem-ajudar-a-combater-dependencia-457841


Ser bom a matemática tem um lado negro e pode influenciar a sua felicidade !


Ser bom a matemática nem sempre pode ser algo positivo: pode significar que mais o dinheiro parece influenciar a sua felicidade.

O seu professor de matemática da escola primária provavelmente disse-lhe que ser bom a matemática seria muito importante para quando fosse adulto. Talvez, na altura, não acreditava nisso, mas muitos estudos, porém, mostram que o seu professor estava certo.

Num estudo publicado em novembro de 2021, dois investigadores descobriram que, regra geral, as pessoas que são melhores a matemática ganham mais dinheiro e estão mais satisfeitas com as suas vidas do que as pessoas que não são tão talentosas matematicamente.

Mas ser bom a matemática parece ser uma faca de dois gumes. Embora as pessoas proficientes em matemática fiquem muito satisfeitas quando têm um salário elevado, ficam mais insatisfeitas, em comparação com aquelas que não são tão boas a matemática, quando não ganham muito dinheiro.

Muitos investigadores sugeriram que mais dinheiro só aumenta a satisfação com a vida e a felicidade até um certo ponto. O novo estudo modifica essa ideia ao mostrar que a satisfação derivada do salário relaciona-se fortemente com o quão boa uma pessoa é em matemática.

Os autores investigaram a relação entre habilidade matemática, salário e satisfação com a vida, usando dados de 5.748 americanos do Understanding America Study.

Este incluiu duas perguntas e um teste relevantes para o novo estudo. Uma das questões perguntava sobre o rendimento familiar anual. Outra pedia aos entrevistados que classificassem o quanto estão satisfeitos com as suas vidas numa escala de 0 a 10.

Finalmente, as pessoas responderam a oito questões matemáticas que variavam em dificuldade para ter uma noção das suas habilidades matemáticas. Por exemplo, uma das questões moderadamente difíceis foi: “Jerry recebeu a 15.ª nota mais alta e a 15ª mais baixa da turma. Quantos estudantes estão na aula?”. A resposta correta é 29 alunos.

De seguida, os investigadores combinaram os resultados para ver como é que todos se relacionavam.

As habilidades matemáticas e o rendimento também estão vinculados ao nível de educação, portanto, nas análises feitas, os autores tiveram em consideração a educação, a inteligência verbal, os traços de personalidade e outros dados demográficos.

Associar habilidades matemáticas a rendimento e satisfação

Em média, quanto melhor uma pessoa era a matemática, mais dinheiro ganhava. Para cada resposta certa adicional no teste de matemática de oito perguntas, as pessoas relataram uma média de 4.062 dólares a mais em rendimento anual.

Imagine que tem duas pessoas com o mesmo nível de escolaridade, uma das quais não respondeu corretamente a nenhuma das questões de matemática e a outra respondeu a todas corretamente. O novo estudo prevê que a pessoa que respondeu a todas as perguntas corretamente ganhará cerca de 30 mil dólares a mais por ano.

O estudo também mostrou que as pessoas que são melhores a matemática estavam, em média, mais satisfeitas com as suas vidas do que aquelas com menor habilidade a matemática. Essa descoberta concorda com muitas outras pesquisas e sugere que o rendimento influencia a satisfação com a vida.

Mas estudos anteriores mostraram que a relação entre rendimento e satisfação não é tão direta quanto “mais dinheiro é igual a mais felicidade”. Acontece que o grau de satisfação de uma pessoa com o seu salário geralmente depende de como ela se sente em comparação com o salário de outras pessoas.

O dinheiro compra mesmo felicidade — para alguns

Um facto frequentemente citado – apoiado por estudos – diz que quando uma pessoa ganha cerca de 95 mil dólares por ano, ganhar mais dinheiro não aumenta drasticamente a satisfação. Este conceito é chamado de saciedade de rendimento. O novo estudo desafia essa afirmação.

Curiosamente, as pessoas que são melhores a matemática não parecem mostrar saciedade de rendimento. Estas estavam cada vez mais satisfeitas com mais rendimento, e não parecia haver um limite superior.

Isto não era verdade para pessoas que não eram tão talentosas a matemática. O grupo menos proficiente em matemática obteve mais satisfação com o rendimento apenas até cerca de 50 mil dólares. Depois disso, ganhar mais dinheiro fez pouca diferença.

Para alguns, o dinheiro parece mesmo comprar felicidade. Embora mais trabalho precise de ser feito para realmente entender o porquê, os cientistas acham que pode ser porque as pessoas orientadas para a matemática comparam números – incluindo rendimento – para entender o mundo.

E talvez isso nem sempre seja bom. Em comparação, aqueles que são piores a matemática parecem obter satisfação com a vida de outras fontes que não o salário. Por isso, se você está a sentir-se insatisfeito com o seu salário, talvez olhar além dos números seja uma boa estratégia.

https://zap.aeiou.pt/ser-bom-matematica-lado-negro-458392

 

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