segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

Técnica inovadora usa sons para transformar células estaminais em tecido ósseo !

Células estaminais

As células estaminais têm o superpoder de se transformarem em qualquer outro tipo de célula — um superpoder que alguns animais utilizam para reconstruir os membros.

As células estaminais têm o potencial de ajudar a regenerar partes do corpo humano que tenham sido danificadas por lesões ou doença, e têm sido usadas em técnicas de rejuvenescimento de tecidos.

Para o fazer, são usadas atualmente utilizadas diversas formas de manipulação destas células estaminais.

Agora, um novo estudo de investigadores do Royal Melbourne Institute of Technology (RMIT) na Austrália, publicado em janeiro na Small, sugere uma forma inovadora de o fazer.

Através de ondas sonoras de alta frequência, explica a Science Alert, é possível transformar células estaminais em células ósseas em apenas cinco dias, com 10 minutos de tratamento estimulante por dia.

Os autores do estudo esperam que a técnica — com várias vantagens relativamente aos processos atuais — possa ser usada para a regeneração de ossos perdidos devido a cancro ou outros tipos de doenças degenerativas.

“As ondas sonoras diminuem o tempo de tratamento normalmente necessário para que as células estaminais comecem a transformar-se em células ósseas por vários dias”, explica Amy Gelmi, autora principal do estudo.

“Este método também não requer nenhum medicamento especial ‘indutor de ossos’ e é muito fácil de aplicar às células estaminais”, acrescenta.

A abordagem baseia-se em anos de trabalho na modificação de materiais com ondas sonoras acima das frequências de 10 MHz, frequências muito mais elevadas do que as que os investigadores usaram até agora neste tipo de experiências.

Neste estudo, foi utilizado um microchip para transformar células estaminais em óleo de silício, e colocadas numa placa de cultura.

Outros processos experimentais também tiveram algum sucesso neste campo, mas são complicados de montar, caros de gerir, e difíceis de adaptar.

Requerem também células estaminais extraídas da medula óssea de um paciente, o que é um procedimento doloroso.
Ambattu et al. / Small

Células estaminais transformam-se em células ósseas, produzindo colagénio (a verde)

Esta nova abordagem é uma melhoria em todos estes aspetos. Os investigadores demonstraram que funciona com vários tipos de células estaminais, incluindo células estaminais derivadas de gordura que não são tão dolorosas de retirar do corpo.

“Podemos usar as ondas sonoras para aplicar a quantidade certa de pressão nos locais certos às células estaminais, para desencadear o processo de mudança”, refere o engenheiro químico Leslie Yeo, da RMIT, e co-autor do estudo.

O nosso dispositivo é barato e simples de utilizar, pelo que pode ser facilmente aumentado para tratar um grande número de células simultaneamente — vital para uma engenharia de tecidos eficaz”, acrescenta.

Esse aumento em termos de escala é a próxima fase do processo. Teoricamente, esta abordagem deve funcionar fora de um pequeno teste de laboratório, mas os cientistas vão ter de se certificar.

Os investigadores estão agora a fazer avanços no que diz respeito a transformar células estaminais em diferentes tipos de células, para combater problemas de saúde.

À medida que a nossa compreensão destes blocos de construção biológica aumenta, ganhamos uma melhor perceção da forma como os nossos corpos funcionam.

Se este processo em particular puder ser aumentado, existem múltiplas formas de o utilizar como tratamento, diz a equipa. Eventualmente, espera-se que os biorreatores possam ser desenvolvidos para processar células estaminais desta forma.

“O nosso estudo descobriu que esta nova abordagem tem um forte potencial para ser utilizada no tratamento das células estaminais, antes de as revestirmos num implante ou de as injetarmos diretamente no corpo para a engenharia de tecidos”, conclui Amy Gelmi.

https://zap.aeiou.pt/sons-para-transformar-celulas-estaminais-em-tecido-osseo-464368

 

Dois novos relógios atómicos provaram a dilatação do tempo à menor escala de sempre !

A ligação entre a relatividade e a mecânica quântica tem sido uma caixa negra para o mundo da física durante décadas.

De acordo com a Universe Today, isso resulta parcialmente da dificuldade em recolher dados sobre sistemas que fazem interface entre os dois.

A relatividade é o reino dos supermassivos, enquanto a mecânica quântica pode ser melhor descrita como o reino das miniaturas.

Mas, existe, de facto, um domínio particular onde eles se sobrepõem. Um dos resultados da relatividade é que a gravidade pode afetar o fluxo do tempo — um fenómeno conhecido como “dilatação do tempo”

Este efeito foi agora estudado por investigadores do National Institute of Standards and Technology (NIST) nos EUA, que usaram um relógio atómico extraordinariamente preciso.

A própria dilatação temporal é um conceito bem definido. Esta nem sequer é a primeira vez que os engenheiros do NIST a provam utilizando relógios atómicos.

Conceptualmente, a dilatação do tempo significa que a própria gravidade abranda o tempo. Assim, um objeto que está a experimentar uma elevada gravidade vai fazê-lo durante menos tempo.

Um dos exemplos mais famosos do conceito foi provavelmente capturado no filme Interstellar. Os heróis acabam num mundo perdido, à procura de um explorador que apenas tinha passado algumas horas na superfície do planeta, enquanto os anos passavam na Terra.

No caso do filme, essa dilatação temporal deve-se à elevada gravidade causada por um buraco negro perto do planeta, mas os mesmos efeitos podem ser vistos a uma escala de minutos mesmo aqui na Terra.

Investigadores do NIST já tinham antes provado este efeito, medindo a dilatação temporal de dois relógios atómicos, colocados próximo um sobre o outro, a uma distância de apenas 33 cm. Mesmo com essa ligeira distância, foi possível detetar alterações percetíveis na gravidade.

Desta vez, os investigadores reduziram essa distância para apenas um milímetro.

Ter dois relógios atómicos separados que se aproximam é fisicamente impossível, pelo que o investigador Jun Ye e o resto da equipa conceberam um novo relógio, para ser usado especificamente neste estudo.

Os dispositivos costumam utilizar a vibração de um certo tipo de átomo para contar o tempo. A própria definição de um segundo é baseada nas vibrações de um átomo de césio.

Os investigadores usaram uma estrutura conhecida como “malha ótica”, que contém cerca de 100.000 átomos individuais de estrôncio numa estrutura definida.

Também desenvolveram um sistema de imagem para monitorizar de perto a parte superior e inferior da grelha, parecida com um monte de panquecas, apenas a uma escala atómica.

A distância entre a parte superior e inferior da grelha ótica media apenas um milímetro, tornando-a na menor distância alguma vez observada numa experiência deste género.
Ainda assim, observou-se uma diferença percetível no tempo vivido pela parte superior da malha em relação à parte inferior.

Foram apenas 0,0000000000000000001 segundos, mas os cientistas estavam definitivamente a contar — o que comprova as expectativas da relatividade geral.

No entanto, provar uma teoria que já foi provada dezenas de vezes não foi o único resultado da experiência.

A técnica utilizada pelos investigadores aponta para a construção potencial de um relógio que é 50 vezes mais preciso do que qualquer outro existente.

Mais uma vez, pode parecer um exagero, uma vez que a maioria dos relógios atómicos são mais do que adequados para medições no nosso mundo macro.

Mas na mecânica quântica, o próprio tempo torna-se diferente, uma vez que as ligeiras alterações de gravidade em distâncias mínimas são um fator complexo que dificulta a nossa compreensão do tema.

Relógios mais precisos podem potencialmente explorar essas pequenas distâncias de uma forma nunca antes possível, e este novo relógio atómico baseado na “nuvem atómica” pode ser uma forma de o fazer.

Há ainda uma ordem de grandeza de melhoria na precisão necessária antes de qualquer experiência deste tipo poder ser realizada.

Mas com sorte, determinação, e financiamento, melhores relógios atómicos poderiam abrir o caminho para desvendar um dos maiores mistérios da física.

https://zap.aeiou.pt/dois-novos-relogios-atomicos-provaram-a-dilatacao-do-tempo-a-menor-escala-de-sempre-463975

Astrónomos encontraram um buraco negro misterioso a girar de lado !


Nem todos os buracos negros nascem iguais, e alguns foram amaldiçoados com infortúnios cósmicos desde a sua formação.

Segundo a Inverse, os astrónomos descobriram recentemente um buraco negro desalinhado, a rodar fora do seu eixo, em cerca de 40 graus.

Esta é a primeira vez que os cientistas observam um comportamento tão invulgar de um buraco negro, e acreditam que tal se deve a um ligeiro “pontapé” que recebeu após o seu nascimento. O estudo foi publicado esta quarta feira.

Juri Poutanen, professor de astronomia no Instituto Nórdico de Física Teórica e autor principal do estudo, começou a observar o buraco negro MAXI J1820+070 em 2019, quando reparou que a radiação emitida pelo objeto era extremamente polarizada.

“Nunca vimos nada assim“, salientou o astrónomo. “Significa que se for fortemente polarizado, então há uma grande quebra na simetria do sistema”.

Os sistemas binários de raios X envolvem um buraco negro e uma estrela companheira, em órbita à volta um do outro, enquanto giram sobre os seus eixos individuais. A sua rotação tende a ser alinhada uma com a outra, sendo perpendicular ao seu plano orbital.

Quando estes dois objetos se aproximam através da atração gravitacional, o buraco negro suga material da sua estrela companheira. Esse material irá formar um disco de acreção em torno do buraco negro, que emite radiação.

Parte desse material escapa ao abismo do buraco negro, e acaba por cair no limite que o envolve, também conhecido como o horizonte do evento, antes de disparar sob a forma de dois poderosos jatos de plasma.

Os jatos são dois feixes curtos de material a ser emitido a partir do horizonte do evento, e por isso servem como indicação do giro do buraco negro no seu eixo.

A equipa responsável pelo novo estudo reuniu dados sobre a inclinação, posição e ângulo dos jatos, e criou uma orientação tridimensional dos mesmos.

Mas depararam-se com um problema: os jatos emitiam material que estava pelo menos a 40 graus um do outro. Este é o maior desvio alguma vez observado num sistema binário de raios X.

Isto pode ter algo a ver com o seu nascimento. Os buracos negros são regiões compactas de espaço com puxões gravitacionais tão fortes que nada pode escapar à sua influência, nem mesmo a própria luz.

Alguns buracos negros formam-se no rescaldo da morte de uma estrela. Depois de uma estrela ficar sem combustível e cair sob o peso da sua própria gravidade, ela explode numa poderosa supernova, que muitas vezes deixa para trás um buraco negro no seu lugar.

“A única explicação razoável é que o desalinhamento foi formado quando o buraco negro foi formado”, refere Poutanen.

Após a morte de uma estrela maciça, um chamado foguete neutrino foi lançado. Os neutrinos são partículas subatómicas semelhantes aos eletrões, com uma massa muito menor. “O foguete de neutrino foi ejetado mais numa direção do que na outra”, sublinhou Poutanen.

O foguete de neutrino deu uma espécie de pontapé no buraco negro numa direção, o que perturbou o alinhamento do sistema.

Os astrónomos por detrás das recentes observações querem ver mais deste desalinhamento relatado noutros sistemas, antes de poderem ter a certeza das causas.

Esperam utilizar o recentemente lançado Explorador de Polarimetria de Raios X (IXPE) da NASA, um observatório espacial focado nos os objetos mais extremos no espaço em raios X, para observar o sistema binário e outros como ele.

“Pode-se observar a polarização por raios X, e medir a simetria no sistema”, explica Poutanen. O investigador acredita que o desalinhamento dos buracos negros pode ajudar a explicar outros dados de observação de buracos negros, onde alguns fenómenos permanecem inexplicáveis.

“Por isso agora, se tivermos desalinhamento e o observarmos, então estes modelos têm realmente um bom apoio, porque antes era apenas imaginação teórica”, diz Poutanen. “Se assumirmos que temos um desalinhamento, então talvez não seja assim tão louco”.

https://zap.aeiou.pt/astronomos-encontraram-um-buraco-negro-enigmatico-a-girar-de-lado-464595


E se a próxima pandemia vier do Espaço ? Não estamos preparados para uma contaminação interplanetária !


Numa altura em que os países mais ricos se preparam para virar a página da pandemia da covid-19, graças ao efeito da vacinação e da variante Omicrón – que, apesar de mais transmissível, se revelou menos causadora de doença grave – muitos dos especialistas em saúde pública avisam os governantes de que é preciso antecipar a próxima crise sanitária, mobilizando os recursos necessários para evitar alguns dos cenários registados em março de 2020.

No entanto, já há quem comece a traçar previsões mais arriscadas e talvez drásticas: e se a contaminação não ocorresse entre animais e humanos – como se acredita ter acontecido com os últimos coronavírus -, as entre aliens e humanos? Esta é uma possibilidade para a qual alguns cientistas têm chamado a atenção, alertando para o facto de a NASA ou outras agências não terem qualquer plano de contingência ou não estarem a fazer o suficiente para proteger as populações de infeções provenientes da vida extraterrestre.

“O que eu diria é que, face à existência de planos concretos para explorar novas áreas relacionadas com a vida exterior, estes constituem um conjunto de riscos que nunca foram considerados antes”, apontou Anthony Ricciardi, professor de invasão ecológica da McGill University. “A ciência da invasão tem sido aplicada à biosegurança em termos nacionais. Os meus colegas e eu acreditam que o mesmo devia ser feito para a biosegurança em escalas planetárias ou interplanetárias”:

Os cientistas que se especializam em avaliar os impactos de uma possível invasão extraterrestre apontam que não só existem riscos de os humanos arruinarem os ecossistemas dos seres alien com os seus germes, mas também a possibilidade de estes trazerem micro-organismos estrangeiros e até infeções que os seres humanos não fazem ideia de como combater.

De acordo com o site The Byte, apesar de as agências espaciais terem restritos protocolos de comunicação, alguns especialistas consideram que tal não é suficiente contra a possível ameaça.

“Mesmo que exista uma pequena hipótese de tal acontecer, não nos podemos dar a esse luxo”, avançou Atheana Coustenis, diretora do Comité de Pesquisa Espacial, ao site Gizmodo. “No momento em que estivermos lá, sabem, estamos tramados“.

Toda esta preocupação também é alimentada por um episódio de 2019, quando um aterrador lunar israelita chegou à Lua e deu origem a um conjunto de tardigrados quase invencíveis que pretendiam atingir a superfície. Embora seja pouco provável que as criaturas causem um problema massivo, não é descurar a possibilidade de uma contaminação mundial através deste método.

https://zap.aeiou.pt/e-se-a-proxima-pandemia-vier-do-espaco-cientistas-alertam-que-nao-estamos-preparados-para-uma-contaminacao-interplanetaria-464168

 

A chave para conservantes mais saudáveis e para os antibióticos do futuro está numa salsicha vietnamita !


Um composto no enchido de porco fermentado vietnamita chamado Nem Chua pode funcionar como um conservante natural e estável.

Podemos estar mais perto da criação de um conservante natural e seguro para a comida, que nos pode ajudar a reduzir o desperdício alimentar e as doenças originárias na comida, revela o Scitech Daily.

A chave está num enchido de porco fermentado chamado Nem Chua, que nasceu no Vietname e tem um composto que mata bactérias, mas é seguro para os humanos. Um estudo revelou ainda que há condições para que este composto seja produzido numa escala industrial.

O Nem Chua é comido cru, mas não causa intoxicações alimentares quando é preparado de forma correta por causa das bactérias na carne fermentada que destroem outras bactérias mais perigosas.

O desperdício alimentar consome quase um quarto da água usada na agricultura e produz 8% das emissões de gases com efeito de estufa. As doenças como a salmonela também afetam milhões de pessoas todos os anos, pelo que esta solução pode ajudar a reduzir estes problemas.

Já há vários anos que estes componentes são conhecidos, mas o desafio é a sua produção em grande escala. “O composto não tem cor, odor, ou sabor e é muito resiliente. Através desta pesquisa, identificamos as condições certas para o crescimento que nos permitem produzi-lo em largas quantidades, potencialmente em escalas industriais”, refere o co-autor Oliver Jones.

A equipa decidiu investigar o Nem Chua e as suas potenciais propriedades antibacterianas depois de viajar até ao Vietname e observar as pessoas a comê-lo cru e sem ficarem doentes, mesmo no clima húmido e quente.

O composto Plantacyclin B21AG integra o grupo das bacteriocinas, que são toxinas produzidas por bactérias para destruírem variantes bacterianas rivais. O problema é que a maioria das bacteriocinas só funcionam contra um ou dois tipos de bactérias e não são muito estáveis dependendo das condições ambientais, sendo que apenas uma — Nisin — é aprovada para o uso como conservante.

O novo composto derivado do Nem Chua é mais robusto do que a Nisin e é eficaz contra um grande grupo de bactérias, mesmo depois da exposição a ambientes típicos no processamento de comidas. Sobrevive a temperaturas de 90ºC durante 20 minutos e mantém-se estável em níveis de pH altos e baixos.

Também mata muitas doenças que são comuns na comida, como a listeriose. Elvina Parlindungan, co-autora do estudo, afirma que estamos a usar “as armas tóxicas das bactérias” contra elas próprias e acredita que estes compostos podem ser usados no futuro em medicamentos antibióticos.

https://zap.aeiou.pt/conservantes-antibioticos-salsicha-463997

 

“Cápsula do tempo bem preservada”: Arqueólogos fazem descobertas da Idade do Ferro em Inglaterra !

As descobertas indicam que o noroeste de Inglaterra não era tão desertificado nesta altura como se acreditava e que vivia uma comunidade grande e rica em Poulton.

Há já mais de 25 anos que um grupo em Poulton, em Inglaterra, anda à procura de uma abadia cisterciense perdida. O mistério continua, mas pelo caminho, a equipa encontrou esqueletos medievais e artefactos romanos.

Um novo estudo publicado na Journal of the Chester Archaeological Society relata a descoberta daquilo que os autores descrevem como “a imagem mais bem preservada da vida no fim do período pré-histórico alguma vez encontrada no Noroeste de Inglaterra”, revela o Science Alert.

Nos últimos oito anos, a equipa do Projeto de Investigação de Poulton encontrou 10 estalagens e mais de 5000 objetos que indicam que lá viveu uma comunidade grande e rica — o que contraria a ideia de que o noroeste inglês era desertificado durante a Idade do Ferro.

“O que podemos dizer a partir do que encontramos é que esta comunidade era muito afluente, devido ao comércio ao longo do rio. Poulton é uma cápsula do tempo bem preservada com milhares de anos de vida. Nem sequer é uma descoberta de uma vez na vida, é uma descoberta única em cada mil carreiras. É absolutamente fascinante e um privilégio estar envolvido”, revela Kevin Cootes, arqueólogo que é um consultor do Projeto de Investigação de Poulton.

Esta comunidade da Idade do Ferro estende-se potencialmente ao longo de 800 anos. os investigadores encontraram originalmente mais de 900 esqueletos numa capela no final da Idade Medieval.

Mas os artefactos que estavam ao lado dos esqueletos aparentemente eram muito mais antigos do que os enterros, o que indica que as covas foram feitas em sítios arqueológicos muito mais antigos.

Escavações mais profundas revelaram provas datadas da Idade do Ferro, com a descoberta de 10 estalagens e um enorme número de objetos que vão até ao século VIII antes de Cristo, como um cão que provavelmente foi sacrificado, objetos de cerâmica, ou uma bigorna de pedra.

A cerâmica mais comum era usada para trazer sal, o que sugere que a comunidade tinha meios para transportar o sal de uma zona a mais de 30 quilómetros de distância. Esta e outras descobertas estão a dar aos investigadores novas pistas sobre a vida nesta comunidade durante a Idade do Ferro.

https://zap.aeiou.pt/capsula-tempo-idade-ferro-inglaterra-464364


Vemos mesmo um “filme da nossa vida” antes da morte, sugere registo inédito de actividade cerebral !

Um paciente com epilepsia cuja actividade cerebral estava a ser acompanhada morreu repentinamente, o que permitiu aos cientistas registar pela primeira vez o que acontece nos momentos antes e depois da nossa morte.

O que acontece ao nosso cérebro nos nossos últimos momentos de vida? Parece que os relatos de quem já escapou por um triz à morte e diz que viu um “filme da sua vida” antes do momento fatal têm o seu quê de verdade.

Um novo estudo publicado na Frontiers in Aging Neuroscience relata a primeira vez em que a actividade cerebral humana foi observada antes da morte e concluiu que esta é semelhante à que temos quando estamos a sonhar.

A descoberta surgiu quando um homem de 87 anos que sofria de epilepsia foi observado pelo médio Raul Vicente da Universidade de Tartu, na Estónia. O paciente era continuamente monitorizado com um método de eletroencefalografia, que ajudava os médicos a gerir as convulsões enquanto estas aconteciam.

A saúde do homem acabou por se deteriorar o paciente morreu após sofrer um ataque cardíaco repentino, tendo o momento da sua morte sido captado pelo dispositivo.

Foram medidos 900 segundos de actividade cerebral perto da altura da morte e os investigadores quiseram perceber o que aconteceu nos 30 segundos antes e depois do coração parar de bater, nota o IFLScience.

As análises revelaram que houve mudanças nas ondas cerebrais antes e depois do fim do batimento cardíaco, incluindo nos tipos de ondas especificamente associadas com a função cognitiva avançada. As ondas eram semelhantes às que vemos quando sonhamos, nos lembramos de memórias e processamos informação.

Nos nossos últimos momentos, é assim provável que o cérebro esteja a mostrar-nos memórias de momentos importantes das nossas vidas. A actividade cerebral continuou já depois do coração deixar de bater — o que suscita questões sobre qual é o momento exato em que morremos e também sobre o timing da doação de órgãos.

O estudo tem algumas limitações, nomeadamente por se ter focado apenas num paciente, especialmente quando se tem em conta que o homem em questão já tinha irregularidades cerebrais por sofrer de epilepsia.

Caso este “filme da nossa vida” passe mesmo pela nossa cabeça antes de morrermos, esta pode ser uma resposta biológica comum na nossa espécie, como indicam os relatos de quem já teve experiências no limite e como apontam estudos semelhantes feitos em ratos — mas são precisas mais pesquisas antes de se tirar conclusões mais concretas.

https://zap.aeiou.pt/actividade-cerebral-morte-filme-vida-464199


Os humanos já não conseguem distinguir faces geradas por IA e confiam mais nelas !

Através de inteligência artificial, os computadores têm melhorado cada vez mais a criação de imagens realistas de rostos humanos.

Um novo estudo, publicado a semana passada na revista académica Proceedings of the National Academy of Sciences, confirma quão convincentes podem ser as “caras” produzidas pela inteligência artificial.

Segundo a Interesting Engineering, foi pedido a mais de 300 participantes da investigação que determinassem se a imagem fornecida era uma fotografia de uma pessoa real ou uma falsificação gerada por IA — os participantes acertaram menos de metade das vezes.

Embora os investigadores acreditem que este feito “deve ser considerado um sucesso nos campos da computação gráfica e da visão”, também “encorajam aqueles que desenvolvem estas tecnologias a considerar se os riscos associados são maiores do que os seus benefícios”.

Citam perigos que vão desde campanhas de desinformação até à criação não-consensual de pornografia sintética.

“Desincentivamos o desenvolvimento desta tecnologia simplesmente porque é possível”, argumentam os investigadores.

Os investigadores por detrás do estudo partiram de 400 rostos sintéticos, gerados por um programa de código aberto de IA, feito pela gigante tecnológica NVIDIA.

O programa é o que se chama uma GAN, ou Rede Adversária Generativa, que usaa um par de redes neurais para criar as imagens. O “gerador” começa por criar uma imagem completamente aleatória. O “discriminador” utiliza um enorme conjunto de fotos reais para dar feedback ao gerador.

À medida que as duas redes neurais vão e voltam, o gerador melhora de cada vez, até o “discriminador” não conseguir distinguir as imagens reais das falsas. Ao que parece, os humanos não são melhores.
As faces classificadas com mais ou menos precisão, reais (R) e sintéticas (S)

Três experiências com resultados surpreendentes

Para realizar o estudo, os psicólogos escolheram uma amostra de género, idade e raça de 400 imagens sintéticas que a IA da NVDIA criou.

Incluiu 200 homens e 200 mulheres, com 100 rostos que se enquadravam em quatro categorias raciais: negro, branco, Ásia Oriental, e Ásia do Sul.

Para cada um desses rostos sintéticos, os investigadores escolheram uma imagem semelhante em termos demográficos, a partir dos dados do “discriminador”.

Na primeira experiência, mais de 300 participantes olharam para uma amostra de 128 rostos e disseram se achavam que cada um deles era real ou falso. Acertaram apenas 48,2 por cento das vezes.

No entanto, os participantes não tiveram a mesma dificuldade com todos os rostos. Os resultados errados ocorreram mais vezes na análise de caras brancas. — o que pode ter acontecido porque os dados da IA incluíam muito mais fotos de pessoas brancas, e mais dados equivalem a melhores renderizações.

Na segunda experiência, um novo grupo de participantes recebeu um pouco de ajuda. Antes de avaliarem as imagens, receberam um pequeno tutorial com pistas sobre como detetar um rosto gerado por um computador.

Os participantes desta segunda experiência obtiveram melhores resultados, com uma pontuação média de 59 por cento.

Na experiência final, foi pedido aos participantes que avaliassem a fiabilidade de cada uma das 128 faces, numa escala de um a sete.

Num resultado impressionante, disseram que, em média, as caras artificiais pareciam 7,7% mais fiáveis do que as caras reais.

Os investigadores chegaram à conclusão de que os rostos gerados por IA “são capazes e mais dignas de confiança — do que as caras reais”.

O impacto pode ser grande

Estes resultados apontam para um futuro com potencial para algumas situações complexas em termos de reconhecimento e memória.

Significam que “qualquer pessoa pode criar conteúdo sintético sem conhecimentos especializados de Photoshop ou CGI”, alerta Sophie Nightingale, psicóloga da Universidade de Lancaster e co-autora do estudo.

Os investigadores listam uma série de consequências negativas destas “falsificações”, praticamente indistinguíveis de imagens reais.

A tecnologia, que funciona de forma semelhante para vídeo e áudio, poderia fazer com que as campanhas de desinformação fossem bastante convincentes.

Por exemplo, na situação atual na Ucrânia, os investigadores referem a rapidez com que é possível criar um vídeo a mostrar Vladimir Putin ou Joe Biden a declarar guerra.

Poderia ser extremamente difícil convencer as pessoas de que o que viam com os seus próprios olhos não era real.

Outra grande preocupação é a pornografia sintética que mostra uma pessoa a praticar atos íntimos que, na realidade, nunca praticou.

“Talvez o mais perigoso seja a consequência de que num mundo digital em que qualquer imagem ou vídeo pode ser falsificado, a autenticidade de qualquer gravação inconveniente ou indesejável pode ser posta em causa”, concluem os investigadores.

https://zap.aeiou.pt/distinguir-caras-reais-de-caras-geradas-por-ia-nao-e-assim-tao-facil-463704

 

Pela primeira vez, o lado noturno de Júpiter foi visto com detalhe !

Impressão de artista de um "Júpiter quente".
Os astrónomos obtiveram a visão mais clara até agora do lado escuro perpétuo de um exoplaneta que tem acoplamento de maré em relação à sua estrela. As suas observações, combinadas com medições do lado diurno permanente do planeta, proporcionam a primeira vista detalhada da atmosfera global de um exoplaneta.

“Estamos agora a ir para além dos instantâneos isolados de regiões específicas de atmosferas de exoplanetas, para as estudarmos como sistemas 3D que realmente são,” diz Thomas Mikal-Evans, que liderou o estudo como pós-doc no Instituto Kavli para Astrofísica e Investigação Espacial do MIT (Massachusetts Institute of Technology).

O planeta no centro do novo estudo, publicado na revista Nature Astronomy, é WASP-121b, um massivo gigante gasoso com quase o dobro do tamanho de Júpiter. O planeta é um Júpiter ultraquente e foi descoberto em 2015 em órbita de uma estrela a cerca de 850 anos-luz da Terra. WASP-121b tem uma das órbitas mais curtas já detetadas até à data, completando uma volta em torno da sua estrela em apenas 30 horas. Também tem acoplamento de maré, o que significa que um lado está sempre virado para a estrela (diurno), enquanto o outro está sempre em escuridão, voltado sempre para o espaço.

“Os Júpiteres quentes são famosos por terem lados diurnos muito brilhantes, mas o lado noturno é completamente diferente. O lado noturno de WASP-121b é cerca de 10 vezes mais ténue do que o seu lado diurno,” diz Tansu Daylan, pós-doutorado do MIT que trabalha na missão TESS da NASA e coautor do estudo.

Os astrónomos já tinham detetado anteriormente vapor de água e estudado como a temperatura atmosférica muda com a altitude no lado diurno do planeta.

O novo estudo obteve um quadro geral muito mais detalhado. Os investigadores foram capazes de mapear as mudanças dramáticas de temperatura do lado do dia para o lado da noite e de ver como estas temperaturas mudam com a altitude. Também rastrearam a presença de água na atmosfera para mostrar, pela primeira vez, como a água circula entre o lado diurno e o lado noturno de um exoplaneta.

Enquanto que na Terra a água circula primeiro evaporando, depois condensando-se em nuvens, e depois chovendo, em WASP-121b o ciclo da água é muito mais intenso: no lado diurno, os átomos que compõem a água são “rasgados” a temperaturas superiores a 3000 Kelvin. Estes átomos são soprados para o lado da noite, onde as temperaturas mais frias permitem que os átomos de hidrogénio e oxigénio se recombinem em moléculas de água, que depois sopram de volta para o lado do dia, onde o ciclo recomeça.

A equipa calcula que o ciclo da água do exoplaneta é sustentado por ventos que “chicoteiam” os átomos à volta do planeta a velocidades até 5 quilómetros por segundo.

Parece também que a água não está sozinha a circular em torno do planeta. Os astrónomos descobriram que o lado noturno é suficientemente frio para hospedar nuvens exóticas de ferro e corindo – um mineral que compõe rubis e safiras. Estas nuvens, como o vapor de água, podem deslocar-se até ao lado diurno, onde as altas temperaturas vaporizam os metais para o estado gasoso. Pelo caminho, pode ser produzida chuva exótica, como gemas líquidas das nuvens de corindo.

“Com esta observação, estamos realmente a obter uma visão global da meteorologia de um exoplaneta,” explica Mikal-Evans. O estudo inclui coautores do MIT, da Universidade Johns Hopkins, do Caltech e de outras instituições.
Dia e noite

A equipa observou WASP-121b usando uma câmara espectroscópica a bordo do Telescópio Espacial Hubble da NASA. O instrumento observa a luz de um planeta e da sua estrela, e quebra essa luz nos seus comprimentos de onda constituintes, cujas intensidades dão aos astrónomos pistas sobre a temperatura e composição de uma atmosfera.

Através de estudos espectroscópicos, os cientistas observaram detalhes atmosféricos nos lados diurnos de muitos exoplanetas. Mas fazer o mesmo para o lado noturno é muito mais complicado, uma vez que requer a observação de pequenas mudanças em todo o espectro do planeta à medida que orbita a sua estrela.

Para o novo estudo, a equipa observou WASP-121b durante duas órbitas completas – uma em 2018, e a outra em 2019. Para ambas as observações, os investigadores examinaram os dados de luz em busca de uma linha específica, ou característica espectral, que indicava a presença de vapor de água.

“Vimos esta característica da água e mapeámos como mudou em diferentes partes da órbita do planeta,” diz Mikal-Evans. “Isto codifica informação sobre o que a temperatura da atmosfera do planeta está a fazer em função da altitude.”

A característica mutável da água ajudou a equipa a mapear o perfil da temperatura tanto no lado do dia como no lado da noite. Descobriram que o lado diurno varia de 2500 K na sua camada observável mais profunda até 3500 K nas suas camadas mais altas. O lado noturno varia de 1800 K na camada mais profunda a 1500 K na atmosfera superior. Curiosamente, os perfis de temperatura parecem inverter-se, subindo com a altitude no lado diurno – uma “inversão térmica”, em termos de meteorológicos – e descendo com a altitude no lado noturno.

Os investigadores passaram então os mapas de temperatura através de vários modelos para identificar elementos químicos suscetíveis de existirem na atmosfera do planeta, dadas as altitudes e temperaturas específicas. Esta modelagem revelou o potencial para nuvens metálicas, como ferro, corindo e titânio no lado noturno.

A partir do seu mapeamento de temperatura, a equipa observou também que a região mais quente do planeta é deslocada para este da região “subestelar” diretamente abaixo da estrela. Deduziram que este deslocamento se deve aos ventos extremos.

“O gás é aquecido no ponto subestelar mas é soprado para este antes de poder ser redirecionado para o espaço,” explica Mikal-Evans. Pelo tamanho deste desvio, a equipa estima que as velocidades do vento rondem os 5 quilómetros por segundo.

“Estes ventos são muito mais rápidos do que as correntes de ar da Terra e podem provavelmente mover nuvens por todo o planeta em mais ou menos 20 horas,” diz Daylan, que liderou trabalhos anteriores sobre o planeta usando o TESS.

Os astrónomos reservaram tempo no Telescópio Espacial James Webb para observar WASP-121b no final deste ano e esperam mapear as mudanças não só no vapor de água, mas também no monóxido de carbono, que os cientistas suspeitam residir na atmosfera.

“Seria a primeira vez que poderíamos medir uma molécula portadora de carbono na atmosfera deste planeta,” diz Mikal-Evans. “A quantidade de carbono e oxigénio na atmosfera fornece pistas sobre onde este tipo de planeta se forma.”

https://zap.aeiou.pt/pela-primeira-vez-o-lado-noturno-de-jupiter-foi-visto-com-detalhe-464602


Cientistas criaram um coronavírus e ele tentou escapar !


Para compreender efetivamente o que faz uma máquina funcionar, é preciso mexer na máquina. Trocar as engrenagens, puxar uma alavanca, soltar uma mola, e ver como corre.

Quando a máquina é um vírus mortal, fica mais complicado. Mas os investigadores estão a contornar o problema, criando versões minimalistas de micróbios perigosos, que mal se encontram no limite da sua funcionalidade, segundo a Science Alert.

A utilização deste método para a SARS-CoV-2 — o patogénico por detrás da pandemia de covid19 — revelou uma forma surpreendente de os picos do vírus atuarem como uma espécie de canivete, permitindo-lhes esconderem-se mais facilmente do nosso sistema imunitário.

Investigadores da Alemanha e do Reino Unido criaram versões leves de SARS-CoV-2 para analisar com segurança o seu comportamento infeccioso, sob condições laboratoriais. O estudo foi publicado na Nature Communications, em fevereiro.

Descrito como “vírus sintéticos mínimos”, as partículas consistem em módulos criados de raiz para ajudar a compreender melhor as principais características do vírus, sem capacidade de funcionar em conjunto como uma unidade infecciosa.

“Ainda mais importante para nós, à medida que construímos estes vírus sintéticos a partir do zero, é que podemos conceber com precisão a sua composição e estrutura”, explica o biólogo Oskar Staufer, da Universidade de Oxford.

“Isto permite-nos realizar um estudo muito sistemático, passo a passo, sobre mecanismos distintos”, acrescenta.

Desde que o a pandemia passou a ser considerada mundial, no início de 2020, os virologistas têm procurado compreender como estas projeções ajudam o patogénico, em busca de sobrevivência e reprodução.

Tornou-se cada vez mais claro que as proteínas são tanto uma ajuda como um obstáculo para o pequeno invasor.

Os picos do vírus atuam como uma chave para um tipo de fechadura chamada recetor ACE2, e enganam os tecidos para permitir a entrada do vírus.

No entanto, as proteínas são também uma característica facilmente identificável para os anticorpos se agarrarem e realizarem uma limpeza.

Baseamos mesmo as vacinas na sua proeminência, fornecendo aos sistemas imunitários ingénuos e não infetados uma impressão da sua estrutura, para melhor os preparar para uma infeção real.

Acontece que o “astuto” coronavírus aprendeu uma ou duas coisas, que o ajudam a contornar este inconveniente.

Os investigadores concentraram-se na forma como moléculas imunitárias específicas do tipo ácido gordo interagem com os picos, a fim de gerar inflamação.

Uma investigação anterior já tinha destacado uma secção dos picos a que as moléculas imunitárias se agarravam.

Dado que esta região era bastante resistente à mudança, os investigadores assumiram que era uma estrutura importante para a sobrevivência do vírus.

Agora sabemos porquê. Os investigadores notaram que o pico sofreu uma mudança estrutural, quando a molécula imunitária se agarrou, dobrando-se para longe.

Isto torna muito mais difícil a invasão de qualquer célula próxima. Mas o problema desta configuração, é que também é mais difícil para o vírus atrair anticorpos.

“Ao abaixar o pico da proteína e ao ligar-se aos ácidos gordos inflamatórios, o vírus torna-se menos visível para o sistema imunitário“, sublinha Staufer.

“Isto poderia ser um mecanismo para evitar a deteção pelo hospedeiro, uma forte resposta imunitária durante um período de tempo mais longo e aumentar a eficiência total da infeção”.

É uma visão de um vírus devastador que continua a surpreender-nos, e uma prova de como modelos sintéticos como este nos podem dar a vantagem de limitar o impacto a longo prazo do patogénico, nas populações em todo o mundo.

https://zap.aeiou.pt/cientistas-criaram-um-coronavirus-e-ele-tentou-escapar-464590


domingo, 27 de fevereiro de 2022

Inovação revolucionária: Já é possível tocar e interagir com um holograma !

Investigadores da Universidade de Glasgow desenvolveram um holograma no qual não só conseguimos tocar, mas também sentir.

Segundo o The Conversation, no século XXI, os hologramas já estão a ser utilizados de várias formas, tais como em sistemas médicos, educação, arte, segurança e defesa.

Os investigadores ainda estão a desenvolver formas de utilizar lasers, processadores digitais modernos, e tecnologias de deteção de movimento para criar vários tipos diferentes de hologramas, que poderiam mudar a forma como interagimos.

Agora, um grupo de investigação da Universidade de Glasgow desenvolveu um sistema de hologramas de pessoas, através de “aerohaptics”, criando a sensação de toque nos dedos, mãos e pulsos das pessoas com jatos de ar.

O estudo foi publicado em setembro na Advanced Intelligent Systems.  

Com o tempo, esta inovação pode tornar possível conhecer um avatar virtual de um colega, do outro lado do mundo, e sentir realmente o seu aperto de mão. Podem até ser os primeiros passos para a construção de algo como um holodeck.

Para criar esta sensação de toque, foram usadas peças acessíveis e comercialmente disponíveis, para associar gráficos gerados por computador a jatos de ar cuidadosamente direcionados e controlados.

De certa forma, é um passo além da atual geração de realidade virtual, que normalmente requer um headset que fornece gráficos 3D e luvas inteligentes ou controladores portáteis, para fornecer um feedback tátil — um estímulo que se assemelha ao toque.

A maioria das abordagens baseadas em tecnologia que se “veste” estão limitadas ao controlo do objeto virtual que está a ser exibido.

Controlar um objeto virtual não dá a mesma sensação de quando duas pessoas se tocam. Ao acrescentar uma sensação de toque artificial, pode ser possível proporcionar a dimensão extra, sem ter de usar luvas para sentir os objetos, e por isso sente-se de uma forma mais natural.

O investigação utilizou gráficos que forneciam a ilusão de uma imagem virtual em 3D. É uma variação moderna de uma técnica de ilusão do século XIX, conhecida como Pepper’s Ghost, que entusiasmou os apreciadores do teatro vitoriano com visões do sobrenatural em palco.

Os sistemas utilizam vidro e espelhos para criar uma imagem bidimensional a pairar no espaço, sem a necessidade de qualquer equipamento adicional. E a sensação táctil é criada através de jatos de ar.

Uma das formas usadas para demonstrar as capacidades do sistema “aerohaptic” é uma projeção interativa de uma bola de basquetebol, na qual se pode tocar, rebolar e driblar de forma convincente.

Os utilizadores também sentem o formato arredondado da bola, enquanto esta toca na ponta dos seus dedos, enquanto ressalta, e quando choca com a palma da mão, no momento de regresso.

Os utilizadores podem até empurrar a bola virtual com força variável e sentir a diferença entre um empurrão mais forte ou mais suave, na palma da mão.
Conseguir cheirar é o próximo passo

Em breve, os investigadores esperam ser capazes de modificar a temperatura do fluxo de ar, para permitir que os utilizadores sintam as superfícies quentes ou frias.

Estão também a explorar a possibilidade de adicionar aromas ao fluxo de ar, melhorando a ilusão, e permitindo aos utilizadores cheirar diferentes objetos.

À medida que o sistema se expande e se desenvolve, a equipa espera que possa servir para uma gama variada de setores.

Proporcionar experiências de jogos de vídeo mais absorventes sem ter de usar equipamento complexos e videoconferências mais realistas são alguns dos objetivos da equipa de investigação.

Pode também ajudar em tratamentos, e fazer com que os doentes se sintam mais envolvidos e informados no processo.

Os médicos poderiam ver assim, sentir e discutir as características das células tumorais — e até mostrar aos pacientes os planos para um procedimento médico.

https://zap.aeiou.pt/inovacao-revolucionaria-ja-e-possivel-tocar-e-interagir-com-um-holograma-463731


Os cérebros dos astronautas são “reorganizados” nas viagens ao Espaço !


A ida ao Espaço causa mudanças nos fluidos, nas formas e nas áreas do cérebro responsáveis pelos nossos movimentos.

Um novo estudo publicado na Frontiers in Neural Circuits e feito pela Agência Espacial Europeia em colaboração com a agência russa Roscosmos procurou descobrir quais os efeitos no cérebro quando estamos muito tempo no Espaço.

As conclusões mostram que o cérebro se “reorganiza” para se adaptar aos voos espaciais, com mudanças nos fluidos e nas formas e estas alterações podem durar meses mesmo depois do astronauta regressar à Terra, nota o Live Science.

Estas mudanças cerebrais foram “muito novas e muito inesperadas”, revela Floris Wuyts, autor principal do estudo e investigador na Universidade de Antuérpia.

A equipa estudou os cérebros de 12 astronautas um pouco antes e um pouco depois dos seus voos até à Estação Espacial Internacional e também sete meses depois do seu regresso à Terra. Os astronautas estudados participaram em viagens com uma duração média de 172 dias — cerca de cinco meses e meio.

“Focamo-nos inicialmente na neuroplasticidade para vermos como o cérebro se adapta aos voos espaciais. As análises estruturais já tinham sido feitas, mas ainda não havia pesquisas sobre a conectividade. Com este estudo na contectividade, finalmente chegamos às respostas sobre esta neuroplasticidade”, afirma Wuyts.

A equipa usou uma técnica de imagem cerebral chamada tractografia de fibra — uma técnica de reconstrução 3D que usa os dados de uma ressonância magnética para estudar a estrutura e a conectividade dentro do cérebro.

Após a viagem espacial, as estruturas alteram-se maioritariamente devido às deformações causadas pelas mudanças nos fluidos. A massa cinzenta e a massa branca também aumentaram.

Os cientistas notaram ainda mudanças nas formas no cérebro, especificamente no corpo caloso, que é um grande grupo de fibras nervosas que Wuyts descreve como a “auto-estrada central que liga ambos os hemisférios do cérebro”.

Já se acreditava anteriormente que os voos espaciais causavam mudanças estruturais no corpo caloso, mas a equipa concluiu que os ventrículos próximos dilatam, o que causa a mudança nos tecidos neurológicos à sua volta e a sua consequente alteração na forma.

Há ainda alterações nas conexões entre áreas motoras do cérebro, devido à falta da gravidade no Espaço. O astronauta precisa assim de adaptar as suas estratégias de movimento drasticamente em comparação com a vida na Terra. Estas mudanças também se verificaram sete meses depois do regresso dos astronautas.

“A nossa pesquisa mostra que devemos criar contramedidas para garantirmos que as mudanças no fluido e nas formas do cérebro são limitadas”, apela Wuyts, que sugere o uso da gravidade artificial para que as condições a que os astronautas estão expostos sejam mais parecidas com as da Terra.

https://zap.aeiou.pt/cerebros-astronautas-reorganizados-463981

Cientistas criaram peptídeos em “poeira cósmica”: Chave para a origem da vida na Terra ?

Poucas perguntas são mais difíceis de responder do que “como começou a vida na Terra”. Mas encontrar esta resposta, para os cientistas, é um trabalho compreensivelmente difícil — uma vez que estamos a falar de eventos que ocorreram há quase 4 mil milhões de anos.

Como começou afinal a vida na Terra? De acordo com um novo estudo, publicado na revista Nature em fevereiro deste ano, parece haver uma nova pista para responder a esta questão.

Segundo a Science Alert, a nova pesquisa centra-se especificamente em peptídeos, versões mais pequenas das proteínas, e um dos blocos básicos de construção necessários para que a vida exista.

Os peptídeos controlam todos os tipos de processos no corpo, e normalmente é necessário que haja água por perto para que estes se formem.

Os peptídeos são formados por pequenos compostos orgânicos – os aminoácidos. O novo estudo demonstra como um precursor químico chamado amino ceteno — que pode formar o aminoácido glicina — pode ser criado em condições cósmicas e sem qualquer presença da água.

“Em vez de seguirmos o processo químico normal com que os aminoácidos são formados, quisemos descobrir se as moléculas de amino ceteno não poderiam combinar-se diretamente, sem água, para formar peptídeos”, explica o astrofísico Serge Krasnikutski, da Universidade de Jena, na Alemanha.

“Fizemo-lo sob as condições que prevalecem nas nuvens moleculares cósmicas, ou seja, nas partículas de pó num vácuo, onde os químicos correspondentes estão presentes em abundância: carbono, amoníaco e monóxido de carbono”.

A equipa usou uma câmara de vácuo ultra-alto para imitar o espaço e substratos que imitam partículas de poeira para simular uma reação que funciona a cerca de um trilionésimo da pressão normal do ar e a uma temperatura de -263 graus Celsius.

As expriências permitiram detetar a presença de amino ceteno, e, dizem os investigadores, a sua natureza altamente reativa foi provavelmente a chave para que a reação tivesse sido possível — caso contrário, a baixa temperatura teria impedido a reação de acontecer.

“As investigações mostraram que, nestas condições, a partir de químicos simples, se formou um peptídeo — a pologlicina“, diz Krasnokutski.

“Estas são, portanto, cadeias do aminoácido glicina muito simples, e observámos comprimentos diferentes. Os espécimes mais longos consistiam em onze unidades do aminoácido”, acrescenta o investigador.

As condições no interior das nuvens de poeira cósmica poderiam assim permitir a formação de peptídeos — e explicar como é que os peptídeos chegaram à Terra.

Terá sido assim que a vida no nosso planeta começou? Segundo os cientistas, talvez — mas são necessários mais estudos para o confirmar.

https://zap.aeiou.pt/chave-para-a-origem-da-vida-na-terra-cientistas-criaram-peptideos-numa-nuvem-de-poeira-cosmica-463661


Continente esquecido de há 40 milhões de anos foi descoberto !

Local de escavações na Turquia

Um continente que existiu há cerca de 40 milhões de anos e era o lar de fauna exótica pode ter “preparado o caminho” para os mamíferos asiáticos colonizarem o sul da Europa.

O continente esquecido, que se localizava entre a Europa, África e Ásia, foi designado como de “Balkanatolia” pelos investigadores.

Segundo a Science Alert, tornou-se uma porta de entrada entre a Ásia e a Europa quando o nível do mar baixou e se formou uma ponte terrestre, há cerca de 34 milhões de anos.

“Quando e como a primeira vaga de mamíferos asiáticos chegou ao sudeste da Europa continua sem resposta“, escreve o paleólogo Alexis Licht no novo estudo, publicado em janeiro deste ano.

Há cerca de 34 milhões de anos, no final da época do Eoceno, um grande número de mamíferos nativos desapareceu da Europa Ocidental quando surgiram novos mamíferos asiáticos, num evento de extinção massiva, agora conhecido como o Grande Coupure.

Os recentes achados fósseis nos Balcãs, contudo, alteraram essa linha temporal, apontando para uma região “peculiar”, que parece ter permitido aos mamíferos asiáticos colonizar o sudeste da Europa até 5 a 10 milhões de anos antes da ocorrência do Grande Coupure.

Para realizar o estudo, Alexis Licht, investigador do Centro Nacional Francês de Investigação Científica, e a sua equipa, reexaminaram as provas de todos os locais fósseis conhecidos na área, que abrange a atual península balcânica e a Anatólia.

A idade destes sítios foi revista com base em dados geológicos atuais, e a equipa reconstruiu alterações paleogeográficas que ocorreram na região, que tem uma “história complexa de afogamento episódico e reemergência“.

As descobertas sugerem que Balkanatolia serviu de “trampolim” para os animais se deslocarem da Ásia para a Europa Ocidental, com a transformação da antiga massa terrestre do continente autónomo em ponte terrestre — e subsequente invasão com mamíferos asiáticos — coincidindo com algumas “mudanças paleogeográficas dramáticas”.

Há cerca de 50 milhões de anos, a Balkanatolia era um arquipélago isolado, separado dos continentes vizinhos, onde prosperava um conjunto único de animais distintos dos da Europa e da Ásia Oriental, de acordo com a análise.

Depois, uma combinação da descida do nível do mar, do aumento das camadas de gelo antártico e das mudanças tectónicas ligou o continente dos Balcãs à Europa Ocidental, há cerca de 40 a 34 milhões de anos.

Assim, os mamíferos asiáticos, incluindo roedores e mamíferos com quatro patas aventurarem-se para oeste e invadirem a Balkanatolia, como mostra o registo fóssil.

A equipa de investigação também descobriu fragmentos de um maxilar pertencente a um rinoceronte, num novo sítio fóssil na Turquia, com cerca de 38 a 35 milhões de anos.

O fóssil é o mais antigo deste tipo asiático descoberto na Anatólia até à data, e é anterior ao Grande Coupure, o que sugere que os mamíferos asiáticos estavam bem encaminhados para a Europa por via da Balkanatolia.

Este percurso do sul para a Europa através dos Balcãs era talvez mais favorável para animais aventureiros do que atravessar rotas de maior latitude através da Ásia Central, que na altura eram mais secas e mais frias, explicam os investigadores.

No entanto, lê-se no estudo que “a conectividade passada entre as ilhas balcânicas individuais e a existência desta rota de dispersão meridional continua a ser debatida”, e que a história, até ao momento “só é construída sobre fósseis de mamíferos e que ainda falta traçar uma imagem mais completa da biodiversidade balcânica passada”.

Muitas das mudanças geológicas que deram origem à Balkanatolia ainda não foram totalmente compreendidas, e é importante notar que esta investigação é apenas uma interpretação de uma equipa do registo fóssil.

O registo fóssil dos mamíferos e outros vertebrados que vivem nas ilhas é normalmente escasso e fragmentado, enquanto que o rico registo fóssil terrestre da Balkanatolia “proporciona uma oportunidade única para documentar a evolução e o desaparecimento das biotas das ilhas em tempo profundo”, conclui a equipa.

https://zap.aeiou.pt/continente-esquecido-ha-40-milhoes-de-anos-foi-redescoberto-464164


A física quântica é capaz de mudar o ADN humano, sugere um novo estudo !


A probabilidade de uma destas mutações quânticas levar a um problema médico é remota.

É difícil conceptualizar o comportamento das partículas subatómicas, as quais são muitas vezes demasiado pequenas, fugazes e contra-intuitivas para conceptualizar em qualquer escala tangível. No entanto, uma nova pesquisa corrobora esta tendência, sugerindo que um fenómeno quântico invulgar poderia ter um sério impacto nas estruturas biológicas, causando mesmo mutações pontuais nas moléculas de ADN.

A novidade é que as ligações de hidrogénio que ligam os dois fios em espiral de ADN são essenciais para um processo quântico invulgar, categorizado como túnel de prótons, segundo uma investigação publicada na revista Physical Chemistry Chemical Physics da Universidade de Surrey.

Os túneis de prótons acontecem quando um um protão desaparece de forma subtil e reaparece noutro do um lado diferente de uma barreira energética ou física. Os protões têm dimensões massivas quando comparados com outras partículas subatómicas que existem nas escala quântica, por isso não é comum ver um túnel de protão como é ver algo como um túnel elétrico. Mas é possível, e quando acontece dentro de uma molécula de ADN, estes podem essencialmente mover átomos para o local errado, o que leva a uma mutação no código genético.

“Há muito que se suspeita que o mundo quântico – que é estranho, contra-intuitivo e maravilhoso – desempenha um papel na vida tal como a conhecemos”, explicou Marco Sacchi, químico e autor do estudo. “Embora a ideia de que algo pode estar presente em dois lugares ao mesmo tempo possa ser absurdo para muitos de nós, isto acontece recorrentemente no mundo quântico e o nosso estudo confirma que a escavação de túneis quânticos também acontece no ADN à temperatura ambiente”.

A probabilidade de uma destas mutações quânticas levar a um problema médico é remota – o artigo científico nota que as moléculas de ADN são capazes de se corrigir a si próprias num curto período de tempo. Mas como acontece com as outras mutações, é possível que estas se instalem e se propaguem através de processo de replicação do ADN, causando potencialmente problemas ou mesmo aumentando o risco de cancro.

“Há ainda um longo e excitante caminho à nossa frente para compreender como funcionam os processos biológicos a nível subatómico”, explicou o também autor do estudo e biólogo quântico Louie Slocombe, “mas o nosso estudo — e inúmeros outros ao longo dos últimos anos — confirmou que a mecânica quântica está em jogo”.

https://zap.aeiou.pt/a-fisica-quantica-e-capaz-de-mudar-o-adn-sugere-um-novo-estudo-463790

 

Hubble captura incrível colisão de três galáxias que se vão fundir numa super-galáxia gigante !

A fusão entre duas galáxias é mais comum, mas também há eventos de colisão entre três. Estes eventos são mais comuns do que se pode pensar e são essenciais para delinearem a forma do nosso Universo.

Uma nova imagem captada pelo Hubble chamada IC 2431 mostra um fenómeno incrível — a fusão de três galáxias que se vai eventualmente transformar numa única galáxia gigante, relata o Science Alert.

A fusão está a acontecer a 681 milhões de anos-luz da Terra e pode revelar mais detalhes sobre como as galáxias crescem e evoluem ao longo de milhares de milhões de anos.

Este tipo de eventos é mais comum do que se pode pensar, já que todo o espaço que existe no Espaço sugere que as colisões que levam a estas fusões são raras. No entanto, até a nossa própria Via Láctea já passou por várias fusões ao longo da sua história de 13.6 mil milhões de anos.

Os astrónomos acreditam que as galáxias se atraem devido à gravidade que é canalizada através dos fios da teia cósmica invisível e que estas fusões têm um papel fundamental na forma do Universo.  

Estas colisões causam distúrbios gravitacionais que chocam e comprimem os gases que foram as estrelas nas galáxias, o que causa ondas de formações estelares com os aglomerados densos no material a colapsarem sob a sua própria gravidade e darem assim origem a estrelas bebé.

As fusões entre duas galáxias são as mais comuns, mas as colisões entre três também acontecem. Na altura final de uma fusão, os buracos negros super massivos no centro de cada galáxia atraem-se e ficam presos numa órbita binária ou trinária.Os cientistas acreditam que, eventualmente, os buracos negros também se fundem.

As ondas gravitacionais destas fusões ainda não foram detectadas, provavelmente por ocorrerem numa frequência que os nossos dispositivos actuais ainda não apanham.

https://zap.aeiou.pt/hubble-colisao-tres-galaxias-464147


“O Feitiço do Tempo” da vida real: Cientistas simularam 100 mil futuros diferentes !


Uma equipa de investigadores simulou 100 mil futuros distintos, que mostram o que pode acontecer em diferentes cenários climáticos.

O filme “O Feitiço do Tempo”, de 1993, protagonizado por Bill Murray e Andie MacDowell, conta a história de um meteorologista fica preso numa armadilha temporal que o faz reviver o mesmo dia vezes sem fim.

Embora no começo aproveite para agir de forma irresponsável, acaba por aproveitar a oportunidade para melhorar como pessoa e, derradeiramente, conquistar sua amada.

Um pouco como neste clássico do cinema, uma equipa de cientistas simulou 100 mil futuros climáticos diferentes para tentar perceber como é que nós próprios podemos melhorar e que consequências as nossas ações podem ter.

A modelagem preditiva é a única coisa que pode aproximar-nos remotamente do enredo de “O Feitiço do Tempo”. Desta forma, os investigadores podem tentar identificar os fatores que podem fazer a diferença na luta climática.

Como realça o ScienceAlertnuma altura em que estamos aquém do cumprimento do Acordo de Paris e as emissões de dióxido de carbono continuam acima do desejado, encontrar estes pontos-chave é mais importante agora do que nunca.

A maioria das modelagens climáticas até hoje concentrou-se em aspetos técnicos. Estudos anteriores demonstraram que temos os recursos necessários para fazer as mudanças, mas o progresso é abafado por outros fatos desvalorizados pela modelagem preditiva.

Neste estudo, as diferentes simulações até ao ano 2100 tiveram em consideração fatores sociais, económicos e políticos.

“Estamos a tentar entender o que há nesses sistemas sócio-político-técnicos fundamentais que determinam as emissões”, diz Frances Moore, da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos.

Os cientistas sugerem que este “sinal emergente de alterações climáticas na experiência quotidiana de clima das pessoas pode levar a um amplo reconhecimento da existência do aquecimento global”. Consequentemente, pode fazer com que as pessoas apoiem políticas ambientais.

Num estudo anterior, Moore já tinha percebido as pessoas tendem a comparar as anomalias climáticas atuais com o que se lembram dos últimos oito anos. Isto faz com que o termo de comparação mude de pessoa para pessoa e ao longo do tempo.

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Para os investigadores, fatores sociais, económicos e políticos são de igual importância, visto que “quase todos os nossos aglomerados identificados têm parâmetros distintos de mais de uma área”, escrevem os autores.

Mais de 90% das simulações mostraram que estamos pelo menos no caminho certo para reduzir pelo menos 0,5ºC o cenário de 3,9°C de aquecimento.

No entanto, nos piores cenários, “as populações são altamente fragmentadas pela opinião política, impedindo a difusão do apoio às políticas climáticas”.

Como outros estudos já sugeriram, as simulações mostram que é altamente improvável que possamos permanecer abaixo de 1,5°C, mesmo num ‘cenário de ação agressiva’.

Ainda assim, os cenários futuros demonstram que ainda é possível manter as emissões abaixo de 2°C.

Em 30% dos cenários, “a rápida difusão do apoio às políticas climáticas leva a um rápido aumento na ambição política na década de 2020”, levando a uma redução das emissões globais para zero até 2060.

“Compreender como é que as sociedades respondem às alterações ambientais e como é que as políticas surgem dos sistemas sociais e políticos é uma questão-chave na ciência da sustentabilidade”, argumenta Moore.

https://zap.aeiou.pt/o-feitico-do-tempo-da-vida-real-cientistas-simularam-100-mil-futuros-diferentes-463694

 

Uma bactéria desenvolveu sozinha o seu próprio, único e robusto sistema de fotossíntese !


A bactéria Gemmatimonas phototrophica conseguiu desenvolver este sistema depois de ter roubado um grupo de genes a uma proteobacteria antiga.

A fotossíntese é um processo essencial para a vida na Terra, com as plantas a usarem a luz solar para criarem o oxigénio que precisamos para respirar.

Agora, há uma espécie de bactéria que desenvolveu um método peculiar de fazer a sua própria fotossíntese. Um novo estudo publicado na Science Advances relata a descoberta de investigadores de uma “obra de arte da natureza” referente a um dispositivo molecular que ‘come’ a luz que nunca tinha sido visto.

Apesar de já sabermos várias informações sobre bactérias fotossintéticas, o processo das Gemmatimonas phototrophica, que vivem no deserto de Gobi, é único.

Algures durante a história destas bactérias, estas roubaram um grupo de genes ligados à fotossíntese de uma proteobacteria antiga, um filo de bactérias completamente diferente, escreve o Science Alert.

Isto mostra o poder da transferência horizontal de genes entre bactérias — que alimenta a resistência aos antibióticos —ao permitir que um diferente tipo de organismo consiga passar a alimentar-se com a luz solar.

Este complexo de moléculas é altamente estável e tem um centro de reação central que nunca foi visto em mais nenhuma bactéria, composto por um anel interno que captura a luz solar e um novo tipo de anel externo. Juntos, os três componentes são maiores do que outros complexos de fotossíntese conhecidos anteriormente.

Os anéis externos apanham a luz solar, com o anel extra a acrescentar bandas de absorção de 800 e 816 nanómetros à já existente no anel interno, que absorve 868 nanómetros. Estes enviam depois os fotões que apanham até ao centro de reação onde se encontram os cromóforos, dando-se início à fotossíntese.

A luz capturada leva os cromóforos a transferir os seus eletrões ao longo de um caminho que induz os átomos de água até uma série de reações, usando o dióxido de carbono para produzir açúcar.

O centro de reação da G. phototrophica é diferente por ter uma organização única de moléculas estabilizadores, o que significa que exige mais energia para ser construído do que outros semelhantes.

O estudo mostra assim que esta bactéria desenvolveu independentemente o seu próprio sistema compacto, robusto e eficaz de transformar a luz solar em comida.

https://zap.aeiou.pt/bacteria-unico-sistema-fotossintese-463780

 

Lixo no espaço: A “tempestade perfeita” criada por satélite russo !

Demonstração criou lixo metálico espacial. Satélite Cosmos 1408 foi destruído e criou milhares de pedaços de detritos orbitais.


A demonstração de uma arma anti-satélite, por parte da Rússia, originou o aparecimento de milhares de pedaços de lixo metálico espacial.

A RTP cita especialistas que avisam que, em alguns casos, há dezenas de milhares de hipóteses de colisão por semana.

O teste russo ASAT foi realizado no dia 15 de novembro e destruiu o satélite Cosmos 1408. E foi essa destruição que originou o lixo espacial, que agora cria várias ondas de aproximações a satélites activos em órbita baixa da Terra.

São “rajadas de conjunção” que já foram anotadas pela COMSPOC, empresa que controla as operações no espaço.

Um vice-presidente dessa empresa, Travis Langster, avisou que, na primeira semana de Abril, haverá 40 mil conjunções exclusivamente relacionadas com a destruição deste satélite. E o pico pode chegar a 50 mil conjunções por dia.

O Cosmos 1408 – ou os restos desse satélite – está na órbita de diversos e importante satélites sensoriais remotos, que fazem monitorização terrestre, marinha e meteorológica.

Esses detritos, além de se sobreporem órbitas dos outros satélites, estão a deslocar-se na direcção oposta, o que terminará com choque frontal.

“Quando os detritos se sincronizam, provocam a tempestade perfeita: estão no mesmo plano de órbita, mas a viajar em sentido contrário, cruzando-se duas vezes numa órbita, repetidamente”, analisou o director da COMSPOC, Dan Oltrogge.

As órbitas só deixarão de estar em sincronia daqui a alguns (ou muitos) dias.

https://zap.aeiou.pt/lixo-no-espaco-a-tempestade-perfeita-criada-por-satelite-russo-463942

 

sábado, 26 de fevereiro de 2022

De 500 dias para 45 - Propulsores com lasers prometem reduzir o tempo de viagem da Terra até Marte !


O sistema é semelhante à propulsão com um reactor nuclear, mas usa lasers como um alternativa. A viagem passaria a ser feita em apenas seis semanas.

A NASA e a China querem levar a Humanidade a Marte na próxima década, mas há ainda muitos desafios logísticos que têm de ser ultrapassados antes de podermos embarcar nessa viagem.

As previsões da agência norte-americana apontam para que demorássemos 500 dias até chegarmos ao Planeta Vermelho, mas um novo estudo publicado na Astronomy & Astronomy promete conseguir reduzir a viagem para apenas 45 dias.

A investigação foi feita por uma equipa de engenheiros canadianos da Universidade de McGill, que relatam a criação de um sistema de propulsão laser-térmico, onde os lasers são usados para aquecer o combustível de hidrogénio.

Nos últimos anos, a propulsão com energia direccionada tem sido muito estudada e um novo programa da NASA em 2009 começou a procurar uma forma de adapatar estes sistemas a missões interestelares, nota o Universe Today.  

Já foram conhecidos vários projectos com este foco, mas esta nova possibilidade distingue-se por ser um conceito interplanetário. Nesta aplicação, os lasers são usados para levarem energia a matrizes fotovoltaicas numa nave espacial, que é convertida em electricidade para alimentar um propulsor de efeito Hall.

A ideia é semelhante a um sistema de propulsão nuclear-eléctrica, mas uma matriz de lasers é usada em vez de um reactor nuclear.

Para além do propulsor de energia direccionada e de hidrogénio, a arquitectura da de uma nave espacial laser-térmica inclui outras tecnologias, como matrizes de lasers de fibra óptica, estruturas espaciais insufláveis e o desenvolvimento de materiais resistentes a altas temperaturas que permitam a entrada na atmosfera de Marte.

Com a combinação destes elementos, um foguetão poderá chegar a Marte em apenas seis semanas, algo que anteriormente se achava que era apenas possível com foguetões alimentados com energia nuclear.

Assim, reduzem-se os riscos em viagens mais longas, como a exposição prolongada à radiação e à microgravidade. Este novo método também permite a criação de um sistema de trânsito rápido entre a Terra e Marte que vai acelerar a criação de infraestruturas entre os dois planetas.

No entanto, há ainda vários desafios pela frente, especialmente com a câmara que aquece os lasers, já que será difícil ter o hidrogénio a uma temperatura superior a 10 000 Kelvins ao mesmo tempo que se tenta manter as paredes da câmara frias.

https://zap.aeiou.pt/propulsores-lasers-reduzir-viagem-marte-463706


As mega inundações depois da Idade do Gelo inclinaram a crosta da Terra !


Uma pesquisa dá uma nova perspetiva sobre a formação do deserto Channeled Scablands em Washington, que foi criado pelas enormes inundações de Missoula no fim da última Idade do Gelo.

Um novo estudo publicado na Proceedings of the National Academy of Sciences resolveu um mistério que intrigava os geólogos há décadas. Na última Idade do Gelo, enormes quantidades de água da Terra transformaram-se em glaciares gigantes, que derreteram e inundaram o planeta.

Os vestígios de um dos maiores destes dilúvios ainda é visível no leste do estado de Washington, num deserto conhecido como Channeled Scablands. Há muito que os cientistas procuravam entender as dinâmicas destas cheias e a pesquisa dá um pista.

Estes glaciares antigos eram tão grandes e pesados que inclinaram a crosta da Terra e quando o peso foi libertado devido ao seu derretimento, o solo mexeu-se também, mudando o curso destas mega inundações, escreve o Science Alert.

Os investigadores usaram modelos das inundações antigas e testaram se o ajuste isostático glacial — deflexões na crosta causadas com a formação e o derretimento de pedaços pesados de gelo — afectaria o fluxo da rota e a erosão dos trilhos proeminentes no Scabland. O objetivo é reconstruir a topografia do deserto em diferentes fases da Idade do Gelo.

Até agora, as reconstruções das rotas das inundações tinham-se focado em como outras variáveis as influenciariam — como a erosão e o movimento dos sedimentos, as mecânicas tridimensionais do ambiente ou como as barragens de gelo se partem.

Estes estudos anteriores também se baseavam em reconstruções da topografia atual, aproximando-as às paisagens passadas. Os geólogos repararam que os efeitos dos derretimento dos glaciares na crosta da Terra também estariam a influenciar a rota e o comportamento destas inundações.

Os glaciares cobriram uma área vasta da América do Norte durante a última Idade do Gelo, mas começaram a derreter há cerca de 20 mil anos. As mega inundações de Missoula ocorreram entre há 18 mil e 15 500 anos. O lago Missoula formou-se quando uma grande parte do glaciar Cordilleran represou o Vale do rio Clark Fork, com a água a acumular-se. Eventualmente, a barragem quebrou-se, dando início à inundação.

Quando a água suficiente tinha corrido, a barragem de gelo voltou a formar-se e a água começou a acumular-se novamente. É provável que este processo tenha ocorrido várias vezes nos milhares de anos seguintes.

A deformação da crosta da Terra devido à expansão e ao contacto dos glaciares teria alterado a elevação da paisagem em centenas de metros durante este período. A pesquisa lembra quão dinâmica a paisagem era, com desfiladeiros íngremes.

Em pesquisas futuras, a equipa quer simular as grandes inundações passadas e ter em conta fatores múltiplos que determinam a sua rota.

https://zap.aeiou.pt/mega-inundacoes-inclinaram-crosta-terra-463753

 

As espécies podem tornar-se extintas duas vezes — E à segunda é de vez !


Para além da extinção biológica, há ainda uma extinção social que acontece quando a memória coletiva da espécie desaparece ou se torna imprecisa. Esta segunda extinção diminui a importância dada aos esforços de preservação.

As espécies podem tornar-se extintas mais do que uma vez. No sentido biológico, uma espécie desaparece quando o último animal morre, mas há ainda uma outra extinção que se dá quando a espécie desaparece da nossa memória coletiva e conhecimento cultural, escreve o Science Alert.

Um novo estudo publicado na Trends in Ecology & Evolution está a estudar o impacto desta extinção social na forma como encaramos o ambiente e nos nossos esforços de preservação das espécies.

Os investigadores estão a apelar a que sejam feitos mais esforços de prevenção da extinção social porque o desaparecimento das espécies das nossas memórias coletivas altera a perceção da importância da conservação das que nos restam.

A pesquisa baseou-se em dezenas de estudos anteriores para identificar como esta segunda extinção acontece e quais os fatores que a influenciam, como a importância cultural ou simbólica da espécie, há quanto tempo o último animal morreu e a dimensão da sua ligação aos humanos.

Uma nota dos autores é de que nem sempre a extinção social se dá depois da extinção biológica, apesar desse ser o cenário na maioria dos casos. Às vezes, as extinções podem ser simultâneas.

“As extinções sociais afetam os esforços de conservação que têm como objetivo proteger a biodiversidade porque podem diminuir as nossas expectativas do ambiente e as nossas perceções do seu estado natural”, afirma o investigador de sistemas biológicos Josh Firth.

As espécies afastadas da civilização ou aquelas que são tão pequenas que só podem ser vistas com um microscópio nunca chegam sequer a ter uma presença social.

Noutros casos, as espécies podem até tornar-se mais populares depois da morte do último exemplar. Mesmo assim, o nosso conhecimento sobre estes animais ou plantas transforma-se gradualmente e torna-se muitas vezes impreciso ou simplificado.

A atividade humana e a falta de ligação com a natureza estão a criar uma dívida de extinção social, concluiu o estudo, que prevê que haja mais casos desta segunda extinção no futuro, a não ser que algo seja feito para os evitar.

https://zap.aeiou.pt/especies-extintas-duas-vezes-463450

 

Estudo aponta para menor risco de Parkinson em sobreviventes de ataques cardíacos !


A pesquisa notou uma correlação entre os sobreviventes de ataques cardíacos e um menor risco de se desenvolver Parkinson ou Parkinsonismo.

Um novo estudo publicado na Journal of the American Heart Association chegou a uma conclusão peculiar sobre o que pode causar a doença de Parkinson.

A pesquisa revelou que ter um ataque cardíaco pode levar a um risco 20% menor de se desenvolver Parkinson mais tarde, escreve o Science Alert. O risco de se desenvolver Parkinsonismo — referente aos sintomas de dificuldade de movimento da Parkinson mas que são causados por outro quadro clínico — também caiu 28%.

A investigação baseou-se na análise a 181 994 pacientes no sistema de saúde dinamarquês que sofreram um ataque cardíaco entre 1995 e 2016 e os dados foram comparados com um grupo de controlo de 909 970 pessoas com idades, sexos correspondentes, tendo também sofrido os ataques cardíacos nos mesmos anos. Os cientistas acompanharam os pacientes durante um período máximo de 21 anos.

Este é o primeiro estudo que procura uma associação entre o risco da Parkinson e os sobreviventes de um ataque cardíaco, por isso ainda não há provas concretas além da aparente correlação, pelo que vários fatores podem influenciar estes números.

Alguns fatores de risco que podem causar ataques cardíacos, como fumar, ter o colesterol alto, ter diabetes tipo 2 ou ter a tensão alta, já foram anteriormente associados a um menor risco de se desenvolver Parkinson, pelo que podem ser a causa dos resultados deste estudo.

No entanto, outros fatores de risco coincidem, com os ataques cardíacos e a Parkinson a serem mais prováveis para pessoas mais velhas e menos prováveis em quem bebe mais café e é mais ativo fisicamente.

O estudo indica que os clínicos que trabalham com os pacientes pós-ataque cardíaco devem apostar na prevenção de AVCs isquémicos, demência vascular e outras doenças cardiovasculares, como um novo ataque cardíaco.

São precisas mais pesquisas para se perceber o que está por detrás desta aparente relação de causalidade e ainda abranger outros grupos étnicos, visto que a amostra deste estudo era predominantemente branca.

É ainda preciso analisar-se com mais detalhe o impacto do tabagismo e o colesterol alto na relação entre os sobreviventes de um ataque cardíaco e o reduzido risco de Parkinson.

https://zap.aeiou.pt/estudo-associacao-inesperada-parkinson-463696

 

Análises genéticas dão pistas sobre causas da Síndrome de Morte Súbita Infantil !


Dois novos estudos fizeram análises genéticas às crianças que morrerem subitamente sem explicação e aos pais para tentarem decifrar as causas deste fenómeno.

Em 1997, Laura Gould colocou a sua filha de meses, Maria, a dormir, mas a criança não voltou a acordar. Nada deu a entender que a criança fosse morrer subitamente a não ser uma febre na noite anterior e meses depois, os clínicos continuavam sem saber a causa da morte.

Gould decidiu por isso criar uma organização sem fins lucrativos para apoiar outros pais que estejam a fazer o luto dos filhos e para financiar pesquisas sobre as mortes súbitas na infância, nota a Science.

Duas análises genéticas recentes, incluindo uma parcialmente financiada pela Fundação SUDC de Gould, sugerem agora causas potenciais para estas mortes, pelos menos em alguns dos casos, que poderão ser explicados pelas mutações nos genes associados à epilepsia, às arritmias cardíacas e aos distúrbios do neurodesenvolvimento.

Nenhum dos estudos pode confirmar de certeza que a mutação é causa da morte da criança, mas os resultados servem de base a estudos em animais que podem mostrar como estas mudanças podem interferir com as funções vitais e podem ser úteis nas investigações e na prevenção de casos futuros.

A Síndrome da Morte Súbita Infantil acontece durante o sono e os cientistas suspeitam que defeitos cardíacos que não foram detetados, distúrbios metabólicos e anormalidades no sistema nervoso central sejam causas. As crianças que morrem deste forma têm uma probabilidade 10 vezes maior do que as restantes de terem um historial de convulsões febris.

Um registo de casos destas mortes criado por Gould e pelo neurologista Orrin Devinsky da Universidade de Nova Iorque em 2014 tornou possível um estudo que foi publicado em Dezembro na Proceedings of the National Academy of Sciences.

A equipa sequenciou os exomas de 124 “trios” compostos pelos pais e pela criança que morreu subitamente sem explicação com idades entre os 11 meses e 19 anos. Os investigadores procuraram mutações em genes anteriormente associados à disfunção cardíaca ou à epilepsia e encontraram variantes em oito genes acham que podem ter contribuído para 11 dos casos.

Em sete destes casos, a mutação era de novo, ou seja, nenhum dos pais a tinha, um factor que suporta a hipótese de que estes genes tenham causado a morte. Seis das variantes afectaram genes envolvidos na sinalização do cálcio, que regula vários processos, incluindo as contrações cardíacas.

Num outro estudo publicado na Genetics in Medicine, a equipa explorou 352 casos de morte súbita infantil e procurou por mutações em 294 genes ligados a condições neurológicas, disfunção cardíaca e condições que afectam o metabolismo ou sistemas de múltiplos órgãos.

Em 73 casos em que o ADN de ambos os pais foi disponibilizado, os cientistas também procuraram variantes de novo. Variantes que provavelmente contribuíram para a morte emergiram em 37 dos casos, incluindo em seis das 32 mortes em crianças com mais de um ano.

Duas destas variantes foram em genes que já tinham sido associados a distúrbios no neurodesenvolvimento raros, mas não com a morte súbita, o que sugere que esta é uma consequência potencial destes distúrbios que não é reconhecida. Ambos os estudos identificaram mutações no SCN1A, um gene envolvido na epilepsia.

A descoberta de que a potencial causa de morte da criança é uma variante de novo podem assegurar aos pais que é improvável que a mutação tenha sido passada a outras crianças.

Por outro lado, se a causa genética potencial for herdada, outros membros da família podem ser testados e podem ser adoptadas medidas preventivas caso sofram do mesmo problema.

https://zap.aeiou.pt/analises-geneticas-causas-morte-subita-463027


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