domingo, 29 de agosto de 2021

Descoberta portuguesa pode ajudar a reduzir covid-19 a uma constipação e é um segredo bem guardado !

Uma equipa de investigadores portugueses descobriu três compostos que podem ajudar a reduzir o impacto da covid-19 a uma mera “constipação”. A pesquisa foi toda “made in Portugal” e, para já, está no segredo dos Deuses.


Cada um destes compostos descobertos pode, “em acção individual”, reduzir “60 a 70% a actividade do vírus SARS-CoV-2”, explica à agência Lusa a investigadora coordenadora da pesquisa, Cecília Arraiano, do Instituto de Tecnologia Química e Biológica da Universidade Nova de Lisboa (ITQB NOVA), em Oeiras.

Este projecto aponta numa direcção distinta das vacinas e está em fase de registo de patentes, com perspectivas de poder chegar rapidamente ao mercado. Até porque dois dos compostos estão aprovados para uso em outras doenças pelo regulador americano, a FDA (Food and Drugs Administration).

“A vacina é uma abordagem diferente, porque põe o hospedeiro a lutar contra o vírus e nós lutamos directamente com o vírus, porque atacamos a ‘maquinaria’ interior”, nota a geneticista.

“A vantagem é que [a nossa] é mais independente da resposta imunitária do hospedeiro”, acrescenta Cecília Arraiano, frisando que “a covid-19, que está tão grave, passa a ser como uma constipação“.

“Se uma pessoa não tiver outras complicações, não vai para o hospital com uma constipação”, constata ainda.

Descoberta com “garantia de futuro”

O trabalho desta equipa, que contou com a colaboração do Laboratório Nacional de Referência de Saúde Animal do Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária (INIAV), assenta na especialização dos investigadores em RNA e ribonucleases, isto é, as moléculas que controlam os níveis de RNA na célula.

Na base da investigação está a existência de duas ribonucleases no SARS-CoV-2, que desempenham um papel essencial na replicação do vírus.

“O nosso objectivo era pôr o nosso conhecimento de forma a poder ajudar a controlar a multiplicação do vírus e tornar esta doença – que tem sido tão perigosa – mais ligeira”, frisa Cecília Arraiano, destacando a “garantia de futuro” destas descobertas.

“Quando entra nas células, o vírus normalmente pode ter mutações e esta ‘maquinaria’ funcional é sempre conservada, o que dava uma garantia de ser uma forma de atacar com futuro”, nota.

Com a ajuda da colega investigadora Margarida Saramago, Cecília Arraiano conta que o projecto arrancou ainda durante o primeiro confinamento, em Abril/Maio de 2020, com os três fármacos a serem ‘encontrados’ nas bases de dados internacionais, que contêm muitos milhares de compostos químicos.

Tudo em segredo (e “made in Portugal”)

Todo este processo “foi uma grande aventura” para a instituição e os profissionais.

“As minhas colaboradoras fizeram um ‘screen’ e começaram a ver, tendo em conta as características destas ribonucleases, quais seriam aqueles que poderiam – como uma chave numa fechadura – encaixar nos sítios vulneráveis e fazer com que se ligasse e não funcionasse bem”, refere.

A ambição, agora, é que seja rapidamente utilizado pelas pessoas para se poder “voltar à normalidade que havia antes desta pandemia”.

Com a investigação laboratorial terminada nesta fase, o futuro passa pelo registo de patentes e pelo diálogo com as farmacêuticas.

A investigadora coordenadora do ITQB Nova adianta que já foi obtida uma “patente provisória” na semana passada e que dentro de alguns dias devem avançar pedidos similares para os outros dois compostos.

“Até estar tudo seguro e conversado com as farmacêuticas, não podemos divulgar porque, senão, qualquer país do mundo agarra e faz. Como foi tudo ‘made in Portugal’ temos muito orgulho e queremos manter ‘made in Portugal'”, indica a geneticista.

Esta patente provisória já permite encetar conversações com as farmacêuticas, embora seja um processo sobre o qual pendem algumas obrigações, além de estar ainda ‘presa’ por alguns detalhes.

Apesar disso, Cecília Arraiano confirma que serão feitas “três patentes diferentes”, uma por cada composto descoberto. A investigadora acredita também que este tema não passa de uma questão burocrática.

“O que gostávamos era que as farmacêuticas testassem isto (que nós já sabemos que se faz em células de macaco com o vírus) em testes clínicos com pessoas com covid”, frisa ainda.

“Tendo em conta a rapidez com que foram desenvolvidas estas novas vacinas de RNA, em um ano, tenho a grande esperança de que seja também tudo muito rápido”, indica.

“Esperamos mesmo é ver isto no mercado o mais rápido possível“, conclui.

https://zap.aeiou.pt/descoberta-portuguesa-pode-ajudar-a-reduzir-covid-19-a-uma-constipacao-e-e-um-segredo-bem-guardado-427016

 

Sem comentários:

Enviar um comentário

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...