segunda-feira, 28 de setembro de 2020

Astrónomos provam que há água “presa” na poeira interestelar

As partículas de poeira no Espaço estão cobertas de gelo. Esta descoberta facilita as tentativas futuras de identificar a estrutura e composição da poeira em diferentes ambientes astrofísicos.


O meio interestelar é composto por gás e uma grande quantidade de poeira. Aliás, os planetas e as estrelas originaram-se neste ambiente exatamente porque as partículas de poeira se aglomeraram e fundiram-se em corpos celestes.

No entanto, para que tal processo aconteça é necessário haver água. Em ambientes cósmicos particularmente frios, a água surge na forma de gelo, mas a conexão entre gelo e poeira nestas regiões não era clara. Até agora.

Um novo estudo, levado a cabo por cientistas da Universidade Jena e do Instituto Max Planck, na Alemanha, acaba de provar que as partículas de poeira e o gelo estão misturados. O artigo científico com os resultados da investigação foi publicado no dia 21 de setembro na Nature Astronomy.

“Até agora, não sabíamos se o gelo estava fisicamente separado da poeira ou misturado com as porções de poeira individuais”, explicou o autor Alexey Potapov em comunicado. “Algumas moléculas de água estão tão fortemente ligadas ao silicato que permanecem na superfície ou dentro das partículas de poeira. Suspeitamos que essa ‘água aprisionada‘ também exista sobre ou dentro de partículas de poeira no Espaço.”

Segundo o EurekAlert, para chegar a esta conclusão, a equipa fez várias experiências em laboratório que serviram para concluir que os grãos parecem redes macias de poeira, com finas camadas de gelo.

Os resultados vão ser muito úteis para os cientistas estimarem melhor a quantidade de material e fazerem afirmações mais precisas sobre a estrutura, composição e temperatura dos grãos em diferentes regiões do meio interestelar.

A “água aprisionada” pode também ajudar a entender como se acumula a poeira, uma vez que pode promover a aderência de partículas mais pequenas para formar partículas maiores. Este efeito pode até funcionar na formação de planetas.

“Se tivermos sucesso em provar que a ‘água aprisionada’ existiu, ou poderia existir, nos blocos de construção da Terra, talvez até haja novas respostas para a questão de como surgiu a água na Terra”, rematou Potapov.

https://zap.aeiou.pt/agua-na-poeira-interestelar-348617

 

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