terça-feira, 14 de dezembro de 2021

Os primeiros períodos do sono são os de maior criatividade para os humanos — Por isso, os cientistas querem interromper o nosso descanso !


Algumas das mais geniais figuras da história tentaram manipular o seu sono para alcançar resultados mais criativos ou resolver problemas da sua vida. Ao longo dos anos, os cientistas têm se esforçado por comprovar esta relação, com resultados positivos.

Há muito que a ciência acredita que os momentos em que o ser humano é mais criativo é quando está num estado de semi consciência, ou seja, quando está a entrar no seu sono. Recentemente, mais uma investigação científica apoiou este ponto de vista ao concluir que as pessoas, quando confrontadas com um problema matemático, conseguem encará-lo de forma distinta se lhes for permitido entrar nas fases iniciais do seu sono e depois acordar.

Tal como lembra a New Scientist, quando os humanos adormecem passam algum tempo no chamado estado de hipnagogia (ou o N1), caracterizado, frequentemente, por sonos vívidos — apesar de na maioria das vezes as pessoas progredirem para sonos mais profundos e esquecerem o conteúdo dos seus sonhos quando acordam.

Thomas Edison, considerado o maior inventor dos Estados Unidos, costumava aproveitar este mesmo estado para resolver problemas mais difíceis, fazendo por acordar antes de adormecer mais profundamente. Como é que tinha noção da evolução do seu estado de consciência? Fácil: durante todo o processo segurava duas molas de aço em cada mão e, quando estas caíam, Edison acordava com o barulho. A técnica era também usada por outras figuras que cunharam o seu nome na história, como é o caso de Salvador Dali.

Delphine Oudiette é uma investigadora do Instituto Nacional da Saúde e da Pesquisa Médica em Paris há muito interessada pela hipnagogia, recorrendo, ela própria, à tática, o que lhe permitiu testar a relação desta com a criatividade, de forma objetiva. Juntamente com a sua equipa, solicitou a um grupo de 103 pessoas que resolvessem um teste de matemática, sendo-lhes dado um intervalo de 20 minutos para que se pudessem deitar numa cadeira reclinável e fechar os olhos numa sala escura.

Tal como na técnica de Edison, os participantes seguraram também garrafas nas mãos, para que, caso adormecessem, estas caíssem e fizessem barulho. Tinham também eléctrodos na cabeça, para que os investigadores conseguissem perceber se eles tinham efetivamente adormecido.

Na experiência, 24 pessoas tiveram pelo menos um episódio de 30 segundos de hipnagogia, 14 passaram da primeira fase de sono para a seguinte (mais profunda), ao passo que os restantes participantes não adormeceram de todo. Após este período de descanso, os participantes repetiram o teste de matemática. Nesta segunda tentativa, 83% dos que atingiram o estado de hipnagogia conseguiram resolver a prova. Os que permaneceram acordados ou continuaram para a fase seguinte do sono alcançaram uma taxa de sucesso de 31% e 14%, respetivamente.

A cientista que liderou a investigação publicada na Science Advances acredita que estes resultados se devem ao facto de a fase N1 ser o meio caminho entre o estado acordado e inconsciente dos humanos. Sobre a experiência e os seus resultados, afirma que estes nos permitem “explicar e, ao mesmo tempo, identificar padrões que possam ser úteis”. “É um bom equilíbrio”, resume.

https://zap.aeiou.pt/os-primeiros-periodos-do-sono-sao-os-de-maior-criatividade-para-os-humanos-por-isso-os-cientistas-querem-interromper-ao-nosso-descanso-449424


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