Concentração de enzima no sangue torna homens menos resistentes ao covid-19

Um estudo realizado com milhares de pacientes provam que os homens possuem concentrações mais elevadas de uma enzima específica conversora de angiotensina 2 (ACE2) em seu sangue quando comparado com mulheres. Contudo, essa pesquisa ajuda a entender porque os homens infectados com o coronavírus, sofrem mais com insuficiência cardíaca e portanto, estão mais vulneráveis à covid-19.

(Fonte: Unsplash)

O artigo, para divulgar a pesquisa, publicado no periódico European Heart Journal na última segunda-feira (11), também afirma que pacientes com insuficiência cardíaca, que são submetidos aos medicamentos direcionados ao Sistema renina-angiotensina, como inibidores da enzima de conversão da angiotensina (ACE) ou receptor de angiotensina bloqueadores (BRA), não apresentavam concentrações mais elevadas de ACE2 no sangue.

Entretanto, o professor de Cardiologia do University Medical Center Groningen (Holanda), Adriaan Voors, que liderou o estudo, alertou para o fato das medicações em pacientes com a covid-19 não serem descontinuadas após a divulgação dos resultados da pesquisa.

Divergências científicas

Nos últimos meses, surgiram algumas pesquisas que sugeriram que os inibidores do Sistema renina-angiotensina poderiam aumentar as concentrações de ACE2 na parte líquida do sangue. Contudo, isso também causaria um aumento no risco fatal da covid-19 em pacientes cardiovasculares que precisam tomar esses medicamentos continuamente.

No entanto, o estudo de Voors indica que esse não é o caso, mesmo que os pesquisadores tenham analisado essas concentrações de ACE2 apenas no plasma sanguíneo e não em tecidos específicos, como o do pulmão. E essa pesquisa mais recente, ainda não consegue fornecer evidências definitivas sobre os efeitos dos inibidores do sistema em pacientes infectados com o coronavírus.

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Sendo assim, as conclusões da equipe holandesa ainda são bem restritas, sobretudo quando os pacientes com insuficiência cardíaca são analisados junto de pacientes que não tinham estavam infectados. Dessa forma, ainda não há como o estudo fornecer uma ligação direta entre o curso da doença e as concentrações plasmáticas da ACE2.

“O ACE2 é um receptor que atua na superfície das células. Ele se liga ao coronavírus, permitindo que ele entre e possa infectar células saudáveis depois de ter sido modificado por outra proteína na superfície da célula, chamada TMPRSS2. Altos níveis de ACE2 estão presentes nos pulmões e, portanto, acredita-se que ele desempenhe um papel crucial na progressão de distúrbios pulmonares relacionados à covid-19”, afirmou o professor Voors.

A equipe do professor já trabalhava com esse objeto de estudo antes mesmo da pandemia se iniciar e seus resultados estão divulgados por agora. Esse artigo é apenas um dos primeiros que a European Heart Journal está publicando.

https://www.megacurioso.com.br/ciencia/114489-concentracao-de-enzima-no-sangue-masculino-facilita-para-covid-19.htm