As comunidades bacterianas têm memória, revela um novo
estudo. A descoberta revela paralelos entre bactérias e neurónios que
processam a memória no cérebro.
Uma nova investigação sugere que as comunidades de bactérias têm
memória. Comunidades bacterianas estimuladas com luz lembraram-se da
exposição horas depois. A descoberta revela paralelos surpreendentes entre bactérias e neurónios que processam a memória no cérebro humano.
“Mesmo há apenas alguns anos, as pessoas não pensavam que as células bacterianas e os neurónios eram iguais porque são células tão diferentes“, começou por dizer o autor principal do estudo, Gürol Süel, citado pelo Sci-News.
“Esta descoberta em bactérias oferece pistas e a oportunidade de
entender algumas das principais características do cérebro num sistema
mais simples”.
O autor do estudo explica que se entendermos como algo tão
sofisticado como um neurónio surgiu, então teremos uma melhor
oportunidade como e porque é que funciona de uma certa maneira. O estudo
foi publicado, em abril, na revista científica Cell Systems.
As bactérias usam canais de iões para comunicar umas com as outras e, de acordo com este novo estudo, podem mesmo ter a capacidade de guardar informação
sobre o seu passado. Através de estimulações com luz, a equipa de
investigadores conseguiu codificar padrões complexos de memória nas
comunidades bacterianas.
“Quando perturbamos estas bactérias com a luz, elas lembraram-se e
responderam de maneira diferente a partir desse momento”, explicou Süel.
“Então, pela primeira vez, podemos visualizar diretamente quais células têm memória. Isto é algo que não podemos visualizar no cérebro humano”.
As bactérias são a forma de vida dominante no nosso planeta, pelo que
poder incorporar memórias nelas é um dos primeiros requisitos para
poder fazer cálculos através das comunidades bacterianas.
“Resumindo, é provável que o nosso trabalho inspire novas abordagens
baseadas em membranas na biologia sintética e forneça um paradigma
bacteriano para sistemas biológicos com capacidade de memória”,
acrescentou o líder da investigação.
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