quarta-feira, 1 de julho de 2020

Cientistas resolvem mistério da crosta que desaparece nas profundezas da Terra

Uma equipa de geoquímicos da Universidade Estadual da Flórida, nos Estados Unidos, encontrou novas evidências de que a Terra produz constantemente crosta desde a sua formação.
Muitos dos fenómenos que acontecem por baixo da crosta terrestre permanecem um mistério, incluindo o destino das secções que retornam às camadas mais profundas da Terra.
Recentemente, uma equipa de geoquímicos da Universidade Estadual da Flórida, nos Estados Unidos, descobriu pistas importantes que podem levar à resolução do mistério das rochas escondidas.
No novo estudo, publicado no dia 26 de junho na Science Advances, os investigadores indicam que, apesar de a maior parte da crosta terrestre ser relativamente nova, uma pequena percentagem é constituída por pedaços antigos que podem ter “afundado” no manto. Mais tarde, podem ter reemergido.
Com base na quantidade de crosta “reciclada”, os cientistas concluíram que o planeta tem “sacudido” consistentemente a crosta desde a sua formação, há 4,5 mil milhões de anos. Segundo o Phys, esta descoberta contradiz as teorias dominantes.
“Da mesma maneira que o salmão volta para desovar no local onde nasceu, alguma crosta oceânica retorna ao seu local original, as cristas vulcânicas [submarinas], onde a crosta fresca nasce”, explicou o co-autor Munir Humayun. “Utilizamos uma nova técnica para mostrar que este processo é essencialmente um circuito fechado, e que a crosta reciclada é distribuída de forma desigual ao longo dos cumes.”
A crosta oceânica da Terra é formada quando a rocha do manto derrete perto das fissuras entre placas tectónicas ao longo de cumes vulcânicos submarinos, produzindo basalto.
À medida que se forma a nova crosta, esta empurra a crosta mais antiga para longe dos cumes, em direção aos continentes, atingindo as denominadas zonas de subducção. Neste processo, ela é empurrada sob outra placa e “engolida”, regressando às camadas inferiores da Terra.
Para esclarecer o mistério da crosta desaparecida, a equipa da universidade norte-americana analisou quimicamente 500 amostras de basalto recolhidas em 30 regiões de cumes oceânicos. Os cientistas descobriram que as proporções relativas de germânio e silício eram menores em derretimentos de crosta “reciclada” do que no basalto “virgem” que emergia da rocha derretida do manto.
Através de uma nova técnica, com recurso a um espectrómetro de massa, os geoquímicos lograram identificar uma impressão digital química distinta para a crosta subduzida.
A equipa detetou taxas mais baixas de germânio e silício em basaltos enriquecidos – a impressão digital química de crosta reciclada – em todas as regiões onde recolheram amostras, resolvendo, assim, o mistério da crosta que desaparecia.
De acordo com a investigação, cerca de 5 a 6% do manto da Terra é feito de crosta reciclada. “As taxas de formação de crosta podem não ter sido radicalmente diferentes do que são hoje”, rematou Humayun.

https://zap.aeiou.pt/misterio-crosta-desaparece-332350

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