quinta-feira, 16 de julho de 2020

O bater do relógio do Universo é mais forte do que se pensava

Se tudo no reino quântico é discreto e composto por unidades individuais, ainda que minúsculas, deve ser possível entender o tempo da mesma forma. Pelo menos é o que defendem três físicos da Universidade do Estado da Pensilvânia.
O tempo não é algo contínuo, que flui do passado para o presente. Em vez disso, é formado por unidades individuais. Esta é a teoria defendida por Garrett Wendel, Luis Martínez e Martin Bojowald, um trio de físicos da Universidade do Estado da Pensilvânia, nos Estados Unidos.
Num recente estudo, publicado na Physical Review Letters, os investigadores calcularam quanto dura esta espécie de “átomo de tempo”: 10-33 segundos.
Os cientistas não sabem – nem se atrevem a explicar – a natureza do tempo, nem sequer o que dá corda a este relógio. No entanto, este trio de físicos acredita que este relógio fundamental pode ajudar a resolver o enigma do tempo.
No modelo, os cientistas consideram dois osciladores que agem como pêndulos quânticos: o oscilador mais rápido representa o relógio universal fundamental e o mais lento representa um sistema mensurável em laboratório, como o átomo de um relógio atómico.
Quando os dois osciladores interagem, a natureza da relação é diferente da que acontece com os osciladores clássicos, que são acoplados por uma força comum. Em vez disso, a junção é imposta pela necessidade de a energia líquida dos dois osciladores permanecer constante no tempo – uma condição derivada diretamente da relatividade geral.
Esta interação faz com que os dois osciladores percam lentamente a sincronia. A dessincronização significa que se torna impossível para qualquer relógio físico manter indefinidamente tique-taques de um período constante, o que impõe um limite à precisão de qualquer relógio.
Como resultado, o bater de dois relógios atómicos idênticos nunca vai coincidir com exatidão. É aqui que entra o tal limite de 10-33 segundos, que seria a precisão absoluta.
“O que mais gosto no artigo é a nitidez do modelo”, disse à Live Science Esteban Castro-Ruiz, físico quântico da Université Libre de Bruxelles, na Bélgica. “Eles têm um limite real capaz de ser medido, e acho isso incrível.” Este tipo de teorias tendem a ser extremamente abstratas, pelo que um resultado concreto com consequências observacionais para a gravidade quântica dá esperança de que a teoria possa, um dia, ser testada.
Com esta teoria, o tempo seria desmascarado e, à semelhança de tudo o que existe no reino quântico, provaria que não é contínuo, mas sim discreto e formado por unidades mínimas irredutíveis.

https://zap.aeiou.pt/bater-relogio-universo-mais-forte-335190

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