Uma nova investigação levada a cabo por físicos da
Universidade de Alberta, no Canadá, apresenta uma explicação para o
facto de as mudanças no campo magnético da Terra serem mais fracas na
região do Pacífico.
“É uma quebra-cabeças desde 1930, quando [este fenómeno] foi notado
pela primeira vez”, começou por dizer o geofísico Mathieu Dumberry,
principal autor do estudo, citado em comunicado divulgado pelo portal Phys.
Tal como os ventos na atmosfera ou as correntes no oceano, existem
movimentos fluídos no núcleo líquido da Terra, explicou Mathieu
Dumberry. Estes fluxos centrais geram e mantêm o campo magnético da
Terra, o que nos dá a aurora boreal e nos protege das partículas
carregadas do Espaço. Os cientistas modelaram o campo magnético da Terra para uma variedade de aplicações, incluindo, por exemplo, os GPS dos smartphones.
“Os fluxos centrais são mais fracos no Pacífico e também apresentam
uma corrente em escala planetária que fica próxima do equador na região
do Atlântico, mas esta é depois desviada para uma maior latitude na
região do Pacífico (…) Mas porque é que isto acontece? Essa é a questão
que ainda não compreendemos”, enquadrou Dumberry.
Na nova investigação, cujos resultados foram recentemente publicados na revista Nature Geoscience,
os cientistas frisam que olhar para o campo magnético pode fornecer uma
nova visão dos fluxos principais que o criam e explicar o mistério
quase centenário.
“A nossa explicação envolve a condutividade elétrica do manto mais baixo”, disse.
“Demonstramos que, se a condutividade elétrica do manto mais baixo
for mais elevada no Pacífico do que em qualquer outro lugar do planeta, e
essa maior ‘fricção magnética’ enfraquecer os fluxos do núcleo central,
esta também desviará o principal fluxo de corrente planetária da região
do Pacífico, uma vez que evita a região de maior condutância, levando
consequentemente a mudanças menores no campo magnético da Terra na
região”.
Dumberry observou ainda que o modelo coloca novas questões sobre a
composição da região da fronteira do manto principal. “O nosso estudo
destaca que a região da fronteira do manto principal é bastante heterogénea. A condutância do manto mais baixo provavelmente não é uniforme em todo o planeta”.
“Esperamos que os nossos resultados motivem os geofísicos a
investigar melhor as possíveis diferenças entre a região do Pacífico e
outros lugares na fronteira do núcleo do manto”, rematou o cientista da
Universidade de Alberta.
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