Avalanches de gelo gigantes podem ter destruído quilómetros
de crateras polares de Marte a velocidades de até 80 metros por segundo.
Esses fenómenos podem resolver um mistério sobre características
estranhas do Planeta Vermelho.
Marte está cheio de características bizarras
desde “dunas extraterrestres” a carbonatos de superfície. Há muito
tempo que os investigadores observam características lineares estranhas
que viajavam pelas laterais de duas crateras de impacto na região polar
norte do planeta.
De acordo com um novo estudo que será publicado em julho na revista científica Planetary and Space Science, essas formações em espiral são o que resta de avalanches de gelo monumentais que ocorreram há cerca de um milhão de anos.
Os cientistas já tinham argumentado anteriormente que essas formas lineares pareciam morenas ou moreias:
estruturas lineares montanhosas formadas por glaciares de movimento
lento, que empurram sujidade e rochas à frente do seu avanço. Nas
regiões polares de Marte, os glaciares são feitas de dióxido de carbono,
mas os seus efeitos geológicos são os mesmos.
O novo estudo argumenta que grandes torres de gelo d’água, chamadas
maciços, localizadas ao longo da encosta das crateras, desabaram,
resultando em avalanches épicas. As cristas parecidas com a morena eram
formadas pela acumulação de detritos empurrados para o fundo das
crateras pelo colapso de maciços.
Sergey Krasilnikov, da Russian Academy of Sciences,
e os colegas simularam estes surtos hipotéticos usando dados colhidos
pela NASA e realizando cálculos independentes. Juntos, esses métodos
apoiaram um cenário em que a “acumulação excessiva de gelo d’água nas
encostas” atingiu “uma condição instável crítica”, resultando em
avalanches de gelo e na formação das cristas.
Os maciços formam-se através da acumulação constante de geada. Eventualmente, o peso e a pressão ficaram tão intensos que os maciços desabaram, libertando o seu conteúdo para o fundo da cratera.
O maior dos dois colapsos envolveu cerca de 2,42 quilómetros
quadrados de gelo, enquanto o menor envolveu 1,1 quilómetros quadrados. O
maciço maior tinha cerca de 150 metros de altura e o menor 100 metros
de altura.
A queda de gelo e detritos teria viajado a uma estimativa de 80 metros por segundo.
Como a gravidade é mais baixa em Marte, os destroços espalham-se por um
território amplo, atingindo cerca de 15 quilómetros do ponto de partida
no colapso maior e 12 quilómetros no menor. Durante o maior colapso do
maciço, a avalanche abrangeu uma área total de 104 quilómetros
quadrados.
“É uma boa explicação alternativa”, disse Mike Sori, cientista planetário da Universidade do Arizona que não participou da nova pesquisa, em declarações à EOS, jornal da American Geophysical Union.
https://zap.aeiou.pt/avalanches-gelo-gigantes-espirais-polo-norte-marte-321626
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