O Universo está em constante transformação. Porém, a maioria delas
leva milhões de anos para se mostrar. Há pouco tempo, novas pesquisas
trouxeram mais conhecimentos sobre a origem da Terra e da Lua.
Agora, novas investigações trazem clarezas sobre a formação de nosso
planeta vizinho: Marte. Aparentemente, debaixo do solo marciano, existem
restos não misturados de dois planetas bebês, que seriam os
originadores do Planeta Vermelho após uma colisão que não resultou em
fusão total.
A pesquisa foi conduzida pela Universidade do Arizona e publicada recentemente na Nature Goescience.
As substâncias de ambos os protoplanetas foram separadas após análise
de vestígios de água. Ou seja, foi uma descoberta quase ao acaso, que
pode recontar o que se entende pela formação de planetas rochosos e com
água, como Marte e Terra.
Outro elemento analisado foi o hidrogênio. Na maioria das vezes, ele é
composto de apenas um próton, sendo chamado de hidrogênio leve. Já o
hidrogênio pesado é aquele formado por um nêutron e vários prótons.
Encontrar diferentes tipos desse elemento pode ajudar a reconstruir as
origens de um planeta.
Na atmosfera de Marte, o que mais se encontra são os hidrogênios
pesados, dando a entender que os leves podem ter escapado para o espaço,
em um processo que durou bilhões de anos. Acredita-se que as rochas do
planeta também liberam hidrogênio leve, mas isso é difícil de medir, e
os meteoritos marcianos que atingiram a Terra podiam dar uma luz nesse
sentido.
Imagem de Marte tirada pela sonda Curiosity
A questão da água
Foram analisadas duas rochas: a Beleza Negra, bem escura, que atingiu
o nosso planeta cerca de 4,4 bilhões de anos atrás – vale lembrar que
Marte tem 4,6 bilhões. Já o outro meteorito é mais “novo”, com apenas 4
bilhões de anos. Através da pesquisa de suas composições, acredita-se
que o solo marciano possui as duas formas de hidrogênio, diferente de
sua atmosfera. Mas para isso seria preciso estudar mais.
Na Terra, o movimento e choque dos continentes aspira água e
hidrogênio do ar e os enterra. Já em Marte, há um congelamento de seu
interior, então seria difícil entender a existência de dois tipos de
hidrogênio nesse. Analisando profundamente outras pesquisas do solo
marciano, a equipe liderada pela cosmoquímica Jessica Barnes conseguiu
compreender que ele seu interior era resultante da colisão de dois
protoplanetas com características diferentes.
E como a água é formada por hidrogênio e oxigênio, é possível
compreender que a que havia em Marte também teve duas origens distintas.
“Essas duas fontes diferentes de água no interior de Marte podem estar
nos dizendo algo sobre os tipos de objetos disponíveis para fundir-se
nos planetas rochosos”, disse Barnes.
Até então, acreditava-se que planetas como Terra e Marte teriam parte
de sua água vinda de meteoritos conhecidos como condritos carbonáceos,
que possuem quantidades iguais dos dois tipos de hidrogênio – algo
diferente da composição de Marte, em que há prevalência de tipos
específicos dependendo de sua localização. Com isso, também foi possível
deduzir, pela pesquisa, que Marte já teve água abaixo de sua
superfície.
https://www.megacurioso.com.br/ciencia/114026-colisao-de-planetas-bebes-pode-ter-dado-origem-a-marte.htm
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