quinta-feira, 30 de abril de 2015

Casal autorizado a ter "bebé-medicamento" para salvar filha com leucemia

O nascimento do primeiro "bebé-medicamento" em Portugal foi autorizado pelo Conselho Nacional de Procriação Medicamente Assistida.

Casal autorizado a ter "bebé-medicamento" para salvar filha com leucemiaO Conselho Nacional de Procriação Medicamente Assistida (CNPMA) autorizou pela primeira em Portugal o nascimento de um "bebé-medicamento", ou seja, a escolha de embriões em laboratório para gerar o nascimento de um bebé capaz de salvar a irmã, avança esta quinta-feira o jornal Público.

Um casal com uma filha de cerca de cinco anos com leucemia foi autorizado pelo CNPMA a recorrer a técnicas de procriação medicamente assistida - a seleção de embriões em laboratório - para poder ter um bebé compatível com a irmã e ser um dador de medula óssea.

Segundo o Público, a implantação dos embriões foi feita recentemente e ainda não se sabe se resultou em gravidez. Mas é a primeira vez que o CNPMA autoriza a utilização desta técnica, que permite a avaliação genética dos embriões, depois da fecundação in vitro, e a seleção, num caso deste tipo.

Em Portugal esta técnica só tinha sido permitida em casos em que é fundamental para evitar a transmissão de doenças genéticas graves aos filhos, como a paramiloidose (doença dos pezinhos), embora a utilização para casos como este esteja também prevista na lei de 2006. O entendimento do Conselho, no entanto, é que esta solução só deve ser utilizada em último caso e depois de esgotadas todas as outras.

Um parecer do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida (CNECV) sobre a utilização do diagnóstico genético pré-implantação, de 2007, considera que "é uma técnica de investigação diagnóstica" que não viola princípios éticos fundamentais, mas que pode "conduzir a situações de valor ético distinto". O CNECV considera positivo quando é "possível evitar o desenvolvimento de um ser humano que tenha alta probabilidade de nascer ou vir a desenvolver doença grave", como no caso da paramiloidose.

Quando à utilização desta técnica "para selecionar embriões dadores de células estaminais com o fim de tratar doença fatal de familiar", o Conselho considera que "configura um complexo dilema ético em que se considera poder sobrelevar-se o princípio da solidariedade". Assim, "a sua resolução supõe a análise ponderada das possibilidades terapêuticas oferecidas pelas tecnologias disponíveis, atende à manifestação da vontade dos progenitores e deve ser sempre sujeita à apreciação positiva, caso a caso, por comissão especializada", pode ler-se no parecer.

Em países como os Estados Unidos, o diagnóstico genético pré-implantação pode ser usado, por exemplo, para escolher o sexo da criança, sem razões médicas.

Fonte: http://www.dn.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=4541961&page=-1

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